O Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai inaugurar o novo museu de arte contemporânea, o MAC-CCB, de forma faseada ao longo de 2023, no espaço até aqui ocupado pelo Museu Coleção Berardo, anunciou esta segunda-feira o ministro da Cultura..No final de uma reunião com o conselho de administração do CCB, Pedro Adão e Silva explicou que o MAC-CCB irá abrir de forma faseada em longo de 2023, e que caberá à fundação CCB a gestão de todo o processo..Numa declaração aos jornalistas, o ministro da Cultura explicou ainda que o orçamento da fundação CCB contará este ano com mais 2,1 milhões de euros, que transitam da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea -- Coleção Berardo, extinta em dezembro..Pedro Adão e Silva não descartou, porém, um reforço de orçamento para lá desses 2,1 milhões de euros adicionais, agora que a fundação CCB voltará a ter a gestão do centro de exposições que, ao longo dos últimos 15 anos, acolheu o Museu Coleção Berardo..No exterior do CCB foram retirados hoje os painéis indicativos do que era o Museu Coleção Berardo e colocados os que designam agora a existência do MAC-CCB..Para os visitantes, praticamente não há, para já, qualquer alteração na entrada no Centro de Exposições do CCB..A partir de terça-feira, dia 3, será possível visitar a coleção de arte contemporânea constituída pelo empresário madeirense José Berardo..Pedro Adão e Silva referiu que será "preciso fazer um conjunto e alterações ao longo de 2023, desde pequenas intervenções a obras" para preparar a abertura oficial do MAC-CCB, cujo calendário será posteriormente revelado..Este museu de arte contemporânea no CCB, que ficará no denominado "módulo 3" do edifício, vai acolher obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, incluindo a Coleção Ellipse, que tinha sido constituída pelo antigo banqueiro João Rendeiro e que passa para a tutela pública, e está aberto à entrada de outras coleções de arte..No MAC-CCB ficarão ainda depositadas e em exposição as obras do Museu Coleção Berardo, enquanto "se mantiverem os termos do arresto tal como eles existem hoje", disse Pedro Adão e Silva..Recorde-se que as obras da Coleção Berardo estão arrestadas desde julho de 2019, na sequência de um processo interposto em tribunal pelo Novo Banco, a Caixa Geral de Depósitos e o BCP, para recuperarem uma dívida próxima de 1.000 milhões de euros.."Nesse contexto de incerteza, o que nos cabe é manter o compromisso de pagar seguros, garantir conservação, como contrapartida a fruição pública. (...) A coleção está arrestada, é nos termos do arresto que vamos funcionar. Aguardamos pelo terminar do processo. Quando estiver concluído negociaremos com quem for", lembrou o ministro da Cultura..O MAC-CCB terá um "perfil internacional", mas existirá em "complementaridade e articulação" com o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, também na capital, explicou, sem adiantar mais detalhes..Quanto à lógica interna de funcionamento do MAC-CCB, Pedro Adão e Silva falou em "estabilizar o quadro em que operará o novo museu", atribuíndo a gestão à administração da fundação CCB, liderada por Elísio Summavielle..Os cerca de 30 trabalhadores do Museu Coleção Berardo, incluindo a diretora artística, Rita Lougares, transitam para a fundação CCB.."O que procurámos dar conta foi uma mensagem de toda a tranquilidade aos trabalhadores. As relações laborais manter-se-ão e isso aplica-se à diretora. Mais à frente avaliaremos", afirmou Pedro Adão e Silva.