Não é uma galeria de arte, mas também não é um showroom no sentido comercial do termo. Na Rua da Aliança, 369, numa zona residencial a poucos minutos do centro histórico do Porto, num espaço sem tabuletas ou letreiros que o identifiquem, os designers Joaquim Pedro e Susana Melo inauguraram, na última 6.ª feira, a sede da sua agência de representação de marcas de design de interiores, com a particularidade desta querer ser uma casa aberta a quem se interesse pelo Design. E falar sobre o que vê. Ou o que gostaria de ver. A ideia é, como nos diz Joaquim Pedro, “criar um ponto de encontro para fomentar novos diálogos.”.Concebido à imagem e semelhança de uma casa (onde não falta sequer um aprazível jardim interior), este novo espaço mostra produtos das cinco marcas representadas pela agência: as italianas Bonaldo, Glas Italia, Moroso, Marset e Mobles 114. “A nossa ideia”, explica ainda Joaquim, designer industrial de formação, “não é expandir o número de marcas que temos em carteira, mas focarmo-nos em cinco, que, embora diferentes, se complementam e não conflituam entre si, permitindo-nos criar um ambiente harmonioso e coerente. Além disso, partilham os mesmos valores em que acreditamos: qualidade, durabilidade e transparência.” .Na origem desta nova casa está o desejo de “desafiar barreiras e estereótipos no atendimento aos nossos clientes, sejam eles lojas, arquitetos, designers ou decoradores. Para além de fornecermos amostras e mostrarmos o produto, ainda proporcionamos um espaço a quem precise de fazer uma reunião ou um pequeno evento. Reforço a ideia de que não somos uma loja, mas sim um centro de conexão para os profissionais do setor,” explica ainda. Então como se definem? “Antes de mais somos cuidadores de Design”, responde Joaquim Pedro “Consideramos que importa mudar a perceção do papel do agente quando se trata de uma disciplina como o Design.” .E para o exemplificar fala de iniciativas como a “Bring a Bottle”, que se realizará no espaço da Design-Minder, sempre na última sexta-feira de cada mês, entre as 14.00 e as 20.00, exceto em agosto e dezembro. Ali, os participantes poderão falar sobre Design, claro, mas também estabelecer diálogo com artistas visuais, arquitetos, designers de interiores e outros profissionais. Haverá ainda workshops e palestras sobre vários temas. “Aos poucos, criaremos nas pessoas a ideia de que este é um espaço de partilha, educação e envolvimento. Não apenas um lugar onde vêm ver objetos”, diz Susana Melo, formada em Design de Comunicação, mulher e sócia de Joaquim neste projeto longamente sonhado e pensado..Joaquim Pedro e Susana Melo, co-fundadores do Design Minders.Crédito: Armando Mota Ribeiro.Para os dois, esta “aventura” nasceu das muitas viagens profissionais que foram fazendo. Em 2010, mudaram-se para Munique, onde Joaquim assumiu a liderança do departamento de exportação da empresa de mobiliário alemã Zeitraum. Às milhas voadas corresponderam muitos contactos, muitos laços afetivos e um know how que foi precioso quando, no pós-pandemia, o casal decidiu avançar para algo que fosse de ambos. Assim surgiu, em 2021, a Design-Minder, mesmo sabendo-se, como admite Joaquim, “que o mercado português ainda é pequeno e o do Porto, embora mais antigo que o de Lisboa, ainda mais fechado. Os portugueses até compram muito, mas nem sempre apostam na sustentabilidade e na durabilidade das peças. É também por isso, que este tipo de curadoria é importante.”.Quanto às marcas escolhidas, Joaquim esclarece que “foram elas a convidá-los e não o contrário, o que foi um voto de confiança incrível. São marcas de valor acrescentado que, além da sustentabilidade na construção, também se focam na sustentabilidade da aquisição e do consumo.” .Poltrona da Moroso na Design Minders.Crédito: Armando Mota Ribeiro.Todas elas com muitas décadas de atividade, trabalham em mobiliário e iluminação de interiores e consideram que o mercado português se tem tornado cada vez mais aliciante“. Até porque, como admitiu Joan Marset, da empresa catalã especializada em iluminação fundada em 1940 pelos seus antepassados (a Marset), “há um número crescente de expatriados em Portugal, que diversificou o gosto e aumentou o poder de compra.” Uma visão que é corroborada por Joan Miró (escreve-se assim mesmo, como o nome do pintor homónimo) da Moebles 114: “Os compradores portugueses estão cada vez mais conscientes do real valor de uma peça que não é descartável e que está feita para durar uma vida inteira.” Mas na Rua da Aliança também está o melhor do Design italiano representado pela Moroso (sofás, camas e cadeirões coordenados com estantes), as camas e peças para quarto da Bonaldo e os vidros (espelhos, móveis e portas) da Glas Italia. .O novo showroom e escritório, com cerca de 200 metros quadrados foi projetado pelo Atelier da Boavista/Arquitetura, e foi concebido, segundo os seus criadores, como “uma tela em branco de inúmeras possibilidades”.