Como é habitual desde o ano 2000, quando foi realizada a primeira edição, o Festival de Músicas do Mundo (FMM), que decorreu entre Sines e Porto Covo até à madrugada deste domingo (27), terminou com o público a sentir o gosto de "quero mais". Entre o primeiro concerto no dia 18 de julho - com a banda espanhola Maestro Espada - até aos neerlandeses do Bazzookas, última atração, foram 34 países contemplados no festival, que tem como um dos seus principais motes aquele que estampa uma das paredes do Castelo de Sines, um dos recinto do evento: 'A música não tem fronteiras'.Para os festivaleiros que tomam conta de Sines, no entanto, não são os acordes amplificados pelos artistas a principal razão do FMM ser o que é."A música em si acaba por ser muito secundária aqui, apesar de maravilhosa e objeto de curadoria delicada. O que nos trás cá é todo o ambiente, o festival que se espalha para além dos recintos", disse em conversa ao DN um dos tantos estrangeiros - este especificamente da Bélgica - que se dirigiu à cidade alentejana para o evento e aproveitava de uma apresentação espontânea de outros festivaleiros na praia de Sines. Além das tantas performances do público presente na cidade que fazem de qualquer bar, escada, praça ou banco um espaço musical, o FMM, assim como nos outros anos, fez desta 25ª edição Sines uma casa de diferentes disciplinas artísticas. Com foco na imigração e em temas sociais, como um atelier de cozinha nepalesa decorrido ainda no início da semana, o festival iniciou o último dia com um tema que percorreria o encerramento: um tributo à Palestina. "Acho que agora só estamos a ouvir a música das panelas que estão a furar os ouvidos do mundo inteiro, e perguntando se o mundo está aí, como digo nos meus poemas. Neste momento, na Palestina, a música parou, a poesia parou”, pontuou a luso-palestiniana Shahd Wadi, que fez uma apresentação do seu recém-lançado livro Chuva de Jasmim na parte da tarde do derradeiro dia de festival no Museu de Arte Moderna de Sines.Já no Castelo de Sines, a música começou com a banda portuguesa Miss Universo, seguido pelos indianos Warsi Brothers e a cantora do Mali, Rokia Traoré, que começou a dar o tom do que viria por aí noite afora. Dona de voz e presença potente, Traoré fez sua quarta performance no festival - já havia tocado em 2004, 2008 e 2013 - e animou o público no recinto, uma harmonia que prosseguiu após a concorrida apresentação da aclamada banda britânica Kokoroko, que esgotou bilhetes no Castelo.Antes das últimas bandas se apresentarem na Avenida Vasco da Gama em concertos gratuitos - nomeadamente o luso-caboverdiano Fidju Kitxora, a Bateu Matou e o grupo de Ska, Bazzookas - ainda houve tempo para uma das mais emblemáticas apresentações do FMM. Os palestinianos do 47Soul foram os responsáveis pelo concerto de encerramento no Castelo, aquele iluminado pelo grande espetáculo de fogo de artifício.Sob a chuva de estrelas e de fogos e uma imensidão de bandeiras da Palestina no público, os músicos deram as palavras de ordem que dialogam com aquele que é outros dos principais motes do festival, isto de acordo com o próprio diretor artístico do FMM, Carlos Seixas. "Isto também é um espaço de luta", sublinhou Seixas..Com bandeiras de Pernambuco ao alto, Nação Zumbi sacudiu o Festival de Músicas do Mundo em Sines.O mundo todo entre Sines e Porto Covo