O jornalista chileno Mário Dujisin, antigo correspondente da Inter Press Service (IPS) e da agência italiana ANSA e um dos fundadores da Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), morreu esta manhã no Hospital de Cascais. Tinha 79 anos..Dujisin nasceu em dezembro de 1944 em San Bernardo, no Chile, e estudou Economia na Universidade de Concepción e História e Filosofia na Universidade de Belgrado..Era chefe do departamento internacional e de imprensa estrangeira da presidência chilena, mas não estava no palácio La Moneda a 11 de setembro de 1973, o dia do golpe de Augusto Pinochet contra Salvador Allende. Ainda assim conseguiu transmitir as últimas palavras do presidente chileno – contava que ele já estava muito ferido quando optou por se suicidar, para não ser capturado vivo..Obrigado a sair do país, passou primeiro pela Argentina, mas acabou na Hungria, onde conheceu a mulher. Chegou no Verão Quente de 1975 a Portugal, onde se casou. O padrinho de casamento foi Jorge Sampaio, futuro presidente. O casal teve três filhos..Foi correspondente da IPS, do Il Messaggero de Roma e do Correo Catalán de Barcelona entre 1975 e 1979, sendo um dos fundadores da AIEP e seu segundo presidente. Voltaria a ser presidente da associação mais tarde. Foi correspondente do IPS em Nova Iorque entre 1980 e 1981 e no Equador entre 1981 e 1984, tornando-se então chefe de redação da IPS em Roma..Em 1991 regressou a Portugal, sendo correspondente da ANSA entre 1995 e 2015. Colaborou com o Diário de Notícias nas colunas "Visto de cá" e "Ponto de vista", que dava espaço de opinião aos correspondentes estrangeiros em Portugal..A jornalista Carla Aguiar, do DN, recorda "um homem de coração grande, muito alegre, que gostava de cozinhar e receber os seus amigos em casa". Um homem "marcadamente de esquerda", contava entre os seus grandes amigos com o antigo presidente Mário Soares, o atual chefe de Estado de Timor Leste José Ramos Horta, mas também o antigo primeiro-ministro Santana Lopes ou o cineasta José Fonseca e Costa.."Conhecia mais da história de Portugal do que muitos portugueses", refere Carla Aguiar, lembrando que ele se "apaixonou" por Portugal depois do 25 de Abril..susana.f.salvador@dn.pt