Mimicat, canções de amor e de dor

Mimicat, canções de amor e de dor

Mimicat, representante de Portugal no Festival Eurovisão no ano passado, lançou uma nova canção: “Peito”. Em entrevista ao DN, a cantora considera que 2024 vai ser um ano “interessante”.
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A cantora portuguesa Mimicat, que venceu o Festival da Canção em 2023, está de volta com mais uma entrega musical. O seu mais recente single, “Peito”, já está disponível nas plataformas digitais, anunciando o  terceiro álbum de originais da artista, previsto para ser lançado em breve. Escrita pela própria Mimicat em colaboração com Filipe Survival, “Peito” é uma balada envolvente sobre a dor e o vazio deixados pelo fim de um amor.

Com as suas habilidades de mergulhadora nas emoções mais profundas, nadando em poemas e melodias que ficam no ouvido, a artista proporciona-nos experiências musicais que ficam. Aos sucessos “Tudo ao Ar”, “Mundo ao Contrário”, “Ai Coração” e “Vais Ter Saudades”, junta-se agora “Peito”.

No seu mais recente trabalho, Mimicat, nascida Marisa Isabel Lopes Mena em Coimbra a 25 de outubro de 1984, tece uma narrativa sobre a devastação causada pela perda de alguém que amamos. Fá-lo com as harmonias vocais que se tornaram a sua marca registada como protagonistas. O  refrão da canção “Peito” ressoa com a intensidade da dor emocional que acompanha uma ausência não desejada. 

Emoções a bater dentro do peito

Em entrevista ao DN, ao explicar a inspiração que levou a este original, Mimicat diz: “O processo criativo por trás de “Peito” foi relativamente simples. Escrevi a canção em casa, como escrevo a maioria delas. Portanto, quando cheguei ao estúdio, estávamos a ouvir algumas canções e passámos por esta. O  Filipe Survival disse que gostava muito desta. E eu respondi-lhe: ‘até estou a pensar em a dar a outra pessoa”. Mas, mas ele respondeu: ‘Não! Esta tem um bom refrão. É bonita’. E, pronto! Eu tinha a música em voz e piano. E ele pegou nela e fez o trabalho que conhecemos hoje”.  A artista acrescenta: “Quando escrevi a canção, pensei como se sentiria a pessoa que fica depois da partida do outro. Quer sejam pessoas que vivem juntas uma vida inteira ou há alguns anos. Ficam para sempre os momentos felizes, mas também fica a tristeza e o vazio da falta”. 

A Internacionalização

2023 foi um ano marcante para Mimicat, pois conquistou o Festival da Canção com “Ai Coração”, uma música submetida a concurso por inscrição livre e que assegurou a representação portuguesa no Festival Eurovisão da Canção, sendo uma das que ecoaram no palco da Liverpool Arena, construída nas margens do rio Mersey. A canora ficou em 23° lugar na grande final. 

Além disso, em novembro de 2023, foi Artista do Mês da MTV Push, que todos os meses dá a conhecer um artista. A MTV Push Portugal pode ser escutada no Spotify. 

E o que motivou Mimicat a abordar a temática da perda e do vazio? “Em relação à temática, na verdade, não pensei nisto de propósito. Surgiu-me primeiro o refrão. E quando isso aconteceu, pensei imediatamente na questão dos meus pais, que já estão com quase  80, porque eu já tenho dois irmãos bastante mais velhos. Os meus pais viveram uma vida juntos. Estão juntos há quase 60 anos. E aí, pensei, ‘como é que seria, como é que eles lembrariam a história deles quando um deles partisse?’. Portanto, foi nessa perspetiva. Foi um bocadinho a colocar-me na cabeça da outra pessoa. Felizmente, ainda não passei por nenhuma perda significativa. Mas imaginei que fosse assim que escreveria a minha própria história de amor, se fosse mais velha, quando nos separarmos por uma questão de fatalidade. E que provavelmente seria assim que eu descreveria a minha história”, explica. 

E como foi trabalhar com Filipe Survival? “Em relação a trabalhar com o Survival, já o faço há algum tempo e esta foi das primeiras músicas que fizemos juntos. Criámos primeiro a “Mundo ao contrário”. E depois  fizemos outra, em inglês. Fizemos esta em português e ficámos muito amigos, gosto muito de trabalhar com ele. Ele é super talentoso e é de uma humildade brutal, gosta de perceber o lado do artista. Portanto, trabalhar com ele é sempre um gosto. E também gosto muito dele”, garante. 

Um caminho feito de mudança

Com o terceiro álbum de originais previsto para 2024, como descreveria Mimicat a evolução da sua música desde o lançamento de “Back in Town” até agora?  E quais são as principais mudanças ou progressos que podemos esperar deste novo álbum? “Fui amadurecendo muito. Fui ouvindo também mais música, criando mais música e, à medida que fui continuando a escrever em português, na minha perspetiva, a minha qualidade de escrita e de melodias tem ficado mais apurada, está mais interessante. Portanto, aquilo que o “Back in Town”  me ensinou foi a ir buscar estas referências mais mainstream  e mais pop, porque o primeiro álbum não era muito pop e aquilo que não tive no primeiro álbum, tive, se calhar, mais no segundo. No fundo, este terceiro album vai ser um equilíbrio dessas coisas todas e um mix dessas referências. A maioria das canções são em português e vão ser para mostrar as minhas fases todas”, continua a cantora.  

Uma vida que se mistura com a música

Marisa Isabel Lopes Mena gravou o seu primeiro disco aos nove anos. Cantora e compositora autodidata desde muito jovem, passou a adolescência entre a escola e os estúdios de gravação. Participou, com apenas 15 anos e com o nome artístico de Izamena, na terceira semifinal do Festival RTP da Canção 2001, com a canção “Mundo Colorido”, mas não passou à final. 

Foi vocalista e autora da maioria das letras dos “The Casino Royal”, banda de Pedro Janela, compositor e produtor, também de Coimbra, e em 2009 licenciou-se em Som e Imagem pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha.

Em 2014, apresentou o seu álbum de estreia, “For you”, editado pela Sony Music Portugal, extraindo como primeiro single “Tell me Why”, canção que foi incluída na banda sonora da novela “Jardins Proibidos” da TVI. Este contou com a produção de Sérgio Costa (Ex-Bell Chase Hotel) e de Luís Caldeira.

Autora e compositora de todos os seus temas, Mimicat deu-nos a conhecer a sua voz quente e forte, característica da soul pop  de tradição anglo-saxónica.

Em 2015, passou por alguns dos maiores palcos portugueses (Festa do Avante, Sol da Caparica, Edp Cool Jazz, Meo Marés Vivas e Culturgest) e estreou-se no Brasil, num dos principais eventos de São Paulo, “Virada Cultural” tendo sido aclamada pela crítica brasileira e até apelidada de “Amy  Winehouse do Tejo” por Jotabê Medeiros, famoso jornalista e crítico musical brasileiro. 

Em 2016, a artista lançou dois singles, “Stay Strong” e “Gave Me Love”, ambos num registo pop, que foram incluídos no seu segundo álbum de estúdio, que veio à luz  em 2017.

Quando lhe perguntamos quais as metas que pretende alcançar este ano, explica: “Os planos mais ambiciosos para este ano são o lançamento deste álbum. Temos vários singles alinhados. Por enquanto saiu “Peito”. Se calhar até é o single mais ambicioso, por ser uma balada, por ser uma história assim mais drum. Sem dúvida, é uma das minhas canções favoritas do álbum. Para além disso, vou dar um concerto que comemora os meus 10 anos de carreira como Mimi Cat. Celebra o álbum e também os meus 40 anos. Vai ser um momento especial para mim! Portanto, diria que vai ser o ponto alto do ano! Até lá, temos os concertos todos que estamos a fazer e os do verão, que vão servir também para rodar algumas canções e continuar a fidelizar público e a mostrar as minhas canções novas. Vai ser interessante!”, conclui. 

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