Reações à morte de Cutileiro. De Marcelo e Costa à ministra da Cultura
O escultor João Cutileiro, que estava internado num hospital de Lisboa com graves problemas respiratórios, morreu hoje, aos 83 anos.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou esta a morte do escultor João Cutileiro, considerando que "nunca foi indiferente", com um trabalho "marcado pelas revisitações do imaginário nacional e por um franco erotismo".
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"João Cutileiro nunca foi indiferente, nem nunca nos deixou indiferente", escreve Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet, em que lamenta a sua morte e envia "sentidas condolências" à família do escultor.
O escultor João Cutileiro, que estava internado num hospital de Lisboa com graves problemas respiratórios, morreu hoje, aos 83 anos.
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Na nota divulgada pelo Presidente da República, refere-se que João Cutileiro nasceu "numa família culta, com forte ligação ao Alentejo, irmão do futuro diplomata e escritor José Cutileiro", e que "viveu em Lisboa, onde conheceu bem o meio literário e artístico".
"O surrealismo interessou-o, a política tentou-o, as viagens ao estrangeiro abriram-lhe horizontes. Descoberta a vocação artística, estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e de seguida, escapando ao academismo, em Londres, na Slade School of Arts. Começou a expor na década de 1960", acrescenta-se.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "o seu trabalho como escultor, mas também como fotógrafo, é marcado pelas revisitações do imaginário nacional e por um franco erotismo".
O chefe de Estado destaca "as figuras históricas destinadas ao espaço público, nomeadamente o 'Dom Sebastião de Lagos' (1973), mas também o monumento ao 25 de Abril, no alto do parque Eduardo VII, em Lisboa", obras que no seu entender "assumiram uma vontade de revisitação terra-a-terra, mordaz, da História e das mitologias nacionais".
"Tive o privilégio de com ele privar em certa época, num ambiente de amizade. Nas últimas décadas viveu em Évora, onde apadrinhou muitos artistas mais jovens e expôs a sua vasta obra, tendo doado o seu espólio à Direção Regional de Cultura do Alentejo, à Universidade de Évora e à Câmara Municipal", assinala ainda o Presidente da República.
O primeiro-ministro também manifestou "profunda tristeza" pela morte do escultor João Cutileiro, salientando que com a sua obra se assistiu a uma renovação do espaço público em Portugal e a escultura portuguesa tornou-se contemporânea.
Numa mensagem divulgada na sua conta pessoal da rede social Twitter, o primeiro-ministro considera que, com João Cutileiro,"a escultura portuguesa tornou-se contemporânea". "Trabalhando predominantemente com mármore, as suas obras públicas contribuíram para renovar o espaço público em Portugal e dessacralizar a estatuária. É com profunda tristeza que lamento a sua morte", escreve o primeiro-ministro.
Ministra lamenta perda de "referência maior da cultura"
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou a morte do escultor João Cutileiro, aos 83 anos, definindo-o como "um artista central da escultura contemporânea e uma referência maior da cultura portuguesa".
João Cutileiro (1937-2021) "soube romper com a tradição, abrir novos caminhos e reinventar Portugal e a sua história, criando uma mitologia que é ao mesmo tempo própria, mas também coletiva, pela forma como, a partir dele, vemos em espelho aquilo que somos, com humor e com assombro", sublinha a ministra da Cultura em mensagens deixadas na rede social Twitter.
Em 2018, o ministério recorda que, pelo "inestimável trabalho de uma vida dedicada à arte, à criação artística e à divulgação e fomento da escultura, o Governo português concedeu a João Cutileiro a Medalha de Mérito Cultural".
"Na arte, como na vida pública, João Cutileiro foi um criador corajoso, mas também um homem generoso, um mestre e educador para muitos, e um exemplo que teremos sempre presente. A sua obra, parte fundamental do património artístico português contemporâneo, é um legado que, permanentemente, nos continuará a desafiar, a questionar e a motivar", pode ler-se numa nota de pesar do ministério.