Hartwig Fischer demitiu-se do cargo depois de o museu ter anunciado que um dos seus conservadores tinha saqueado 1500 objetos.
Hartwig Fischer demitiu-se do cargo depois de o museu ter anunciado que um dos seus conservadores tinha saqueado 1500 objetos.The New York Times

Mais de 250 mil euros para gerir o Museu Britânico

A instituição está a recrutar um novo diretor. O salário é (muito) interessante. Mas o desafio é homérico: reabilitar a confiança num dos maiores museus do mundo, depois de um escândalo muito embaraçoso.
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Procura-se: alguém que restaure a confiança num dos museus mais visitados do mundo depois de um escândalo embaraçoso, que trate dos pedidos de restituição e que angarie 1,27 mil milhões de dólares para uma grande remodelação. O salário? 275 mil dólares por ano.

O Museu Britânico, em Londres, começou esta semana a procurar um novo diretor. Há quatro meses, Hartwig Fischer demitiu-se desse cargo depois de o museu ter anunciado que um dos seus conservadores tinha saqueado cerca de 1500 objetos dos seus depósitos, tendo depois vendido alguns no eBay.

Em setembro, Mark Jones, antigo diretor do Victoria and Albert Museum, foi nomeado para dirigir o Museu Britânico, mas apenas temporariamente.
No anúncio de emprego, pode ler-se que os candidatos ao cargo permanente devem ter uma “visão do futuro do Museu Britânico e do seu objetivo como museu nacional e global no século XXI”. Mas também devem ser capazes de lidar com uma série de problemas que afetam a insigne instituição, o terceiro museu mais visitado do mundo.

Além das repercussões do escândalo do roubo, que abalou a moral dos cerca de mil funcionários do museu, o candidato escolhido terá de gerir os pedidos de devolução de objetos reivindicados da coleção do museu, incluindo centenas de Bronzes do Benim e as esculturas do Pártenon, também conhecidas como os Mármores de Elgin. O novo diretor ou diretora terá também de dirigir os esforços de angariação de fundos para um projeto de remodelação que envolve a reorganização das galerias do museu e melhorias na canalização, no aquecimento e no telhado com infiltrações. O Financial Times avançou que custará mil milhões de libras (cerca de 1,27 mil milhões de dólares).

Em outubro passado, George Osborne, presidente do museu, disse aos deputados britânicos que encontrar o candidato certo para dirigir a instituição era “uma tarefa muito, muito complicada”. Uma vez que também se trata de uma instituição de investigação, acrescentou Osborne, o candidato selecionado terá de “conquistar o respeito da comunidade académica”, bem como ter experiência “na gestão de organizações grandes e complexas”.

O diretor ou diretora receberá 215 841 libras por ano, cerca de 275 000 dólares, de acordo com a publicação. Esta soma é insignificante quando comparada com os salários pagos aos diretores de instituições norte-americanas equivalentes. O Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, paga a Max Hollein, o seu diretor, um salário base de 1 milhão de dólares, de acordo com as declarações fiscais.

Nos Estados Unidos, alguns diretores de museus recebem, para além do seu salário, habitações de luxo. Os analistas mencionam regularmente um conjunto de candidatos de peso para o cargo no Museu Britânico. Entre estes contam-se: Ian Blatchford, diretor do Museu da Ciência em Londres; Nicholas Cullinan, que dirige a National Portrait Gallery da Grã-Bretanha e que recentemente supervisionou uma renovação multimilionária dessa instituição; e Taco Dibbits, diretor-geral do Rijksmuseum em Amesterdão, que supervisionou algumas das exposições recentes mais comentadas da Europa, incluindo uma retrospetiva de Vermeer em 2023. Os porta-vozes de Cullinan, Dibbits e Blatchford não quiseram pronunciar-se.

À semelhança das recentes nomeações para museus americanos de grande visibilidade, a publicação do emprego sugere que os administradores do Museu Britânico estão abertos a candidatos inesperados ou mesmo desconhecidos. “Somos agnósticos quanto ao tipo de candidato que procuramos, quer se trate de alguém de dentro ou de fora do mundo dos museus”, diz o anúncio. 

No ano passado, o Solomon R. Guggenheim Museum and Foundation apontou Mariët Westermann, vice-reitora da NYU em Abu Dhabi, como nova diretora. Os potenciais candidatos têm poucos dias para se candidatarem: a data-limite é 26 de janeiro.

c.2024 The New York Times Company

Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times

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