Litoral português reimaginado pelo romeno Pangrati para ser visto em Sintra
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Litoral português reimaginado pelo romeno Pangrati para ser visto em Sintra

A exposição “Caminho da água e da pedra”, do artista Roland Pangrati, volta a estar acessível ao público português, agora no MU.SA - Museu das Artes de Sintra, de 6 de março a 8 de maio.
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Depois do sucesso registado, há um ano, no Instituto Cultural Romeno (ICR), em Lisboa, a exposição “Caminho da água e da pedra”, de Roland Pangrati, volta a estar acessível ao público português, agora no MU.SA - Museu das Artes de Sintra, desta quinta-feira, 6 de março, até dia 8 de maio. “Estou muito feliz por regressar a Portugal e ter esta exposição em Sintra, porque Sintra é um lugar maravilhoso, pelo que vi até agora, e sei que tenho ainda que descobrir muitos mais lugares lindos. Ali perto, no Cabo da Roca, conheci uma das paisagens mais emblemáticas da vossa costa, que até inspirou uma das pinturas”, diz Pancrati, numa conversa na quarta-feira na sede do ICR, o local onde nos conhecemos em 2024, quando me explicou a Nihonga, técnica de origem japonesa, que utilizou para retratar o litoral português, e que oferece um espectacular efeito tridimensional. Algumas pinturas, como "Vagas", são de grande dimensão, cerca de oito metros de largura por dois de altura.

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“Descobri esta técnica, a Nihonga, numa primeira visita que fiz ao Japão em 2018. É uma técnica antiga, que consiste em pintar com rochas esmagadas, como a malequita, com conchas esmagadas também, de ostra, com possível adição ainda de partículas de cobre, prata e ouro. Tudo isto é  misturado com uma cola especial chamada Nikawa. E a pintura é feita em papel Washi, um papel feito de forma tradicional, por artesãos muito especializados, e que usa fibra de Kozo, uma árvore japonesa. O método de fabrico do Washi é considerado património imaterial da humanidade pela UNESCO”, contou Pangrati na entrevista publicada no DN em maio do ano passado, com o título "Descobrir o litoral português interpretado por artista romeno através de uma técnica japonesa".

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O artista, de 50 anos, que cresceu em Galati e se formou na Faculdade de Artes de Bucareste, tinha estado primeiro em Portugal em fevereiro de 2024, para percorrer quase todo o litoral e inspirar-se para os trabalhos que mostrou no ICR de Lisboa e agora voltam a ser exibidos no MU.SA.

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Na base deste convite a Pangrati para retratar a costa portuguesa esteve Dinu Gindu, diretor do ICR, que acompanhou o artista na sua viagem para ver, fotografar e filmar as paisagens marítimas portuguesas que inspiraram as pinturas. Gindu junta-se à conversa e explica como surgiu a ideia e que planos existem a seguir a Sintra: “iniciei esta exposição como um projeto de diplomacia cultural para homenagear o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos. Também, como sinal de respeito e admiração pela era dos Descobrimentos portugueses, escolhemos um pintor romeno muito apreciado, Roland Pangrati, que conhece e usa de forma encantadora a técnica tradicional de pintura Nihonga e que conseguiu trazer a Embaixada do Japão em Lisboa para parceira neste projeto, juntamente com a Embaixada da Roménia. Depois da exposição ter estado no ICR, escolhemos colaborar com o MU.SA porque temos uma colaboração muito boa com as autoridades locais e apreciamos muito o trabalho dos profissionais culturais de Sintra que ficaram encantados com o projeto e com quem colaboramos de forma muito estreita para a realização deste projeto. Esta será a última oportunidade de ver a exposição em Portugal, onde iniciou uma digressão europeia que prosseguirá no Luxemburgo. Também estamos a trabalhar para uma apresentação desta exposição no Japão”.

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No texto oficial de apresentação da exposição em Sintra, pode ler-se que “inspirado nas paisagens da costa atlântica portuguesa, Roland Pangrati transforma-as em composições conceptuais, quase abstratas, enquanto se vislumbram fragmentos de realidade, por vezes reconhecíveis, com perspetivas imaginárias, poéticas e místicas”. E acrescenta-se que “o poder das imagens é bastante amplificado graças à colaboração entre Roland Pangrati e o compositor, maestro e designer de som Eugen Dan Drăgoi. Criando um conceito único no mundo, o compositor imagina uma polifonia da arquitetura do espaço expositivo, enriquecendo o aspeto visual com movimento temporal. Dessa forma, o espetador tem a oportunidade de viver plenamente a experiência do mundo imaginativo, complementando-a com a sua própria experiência espiritual”. A curadoria de “Caminho da água e da pedra” é de Cristina Simion.

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O artista romeno ficou muito impressionado pela costa portuguesa, “pela beleza do encontro entre a terra e o mar, o azul selvagem do Oceano Atlântico”. Na exposição, de entrada gratuita, há trabalhos inspirados na costa Vicentina, no Cabo da Roca, ponto mais ocidental do continente europeu, também na Boca do Inferno, perto de Cascais, ou no litoral da Nazaré.

Litoral português reimaginado pelo romeno Pangrati para ser visto em Sintra
Descobrir o litoral português interpretado por artista romeno através de uma técnica japonesa

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