Lembrar as vítimas do Holocausto através da Música

É com música, interpretada pelo Artemisia String Trio, que a Embaixada de Itália em Lisboa assinala o Dia Internacional das Vítimas do Holocausto. Um concerto, de entrada livre, na 6.ª feira, em Lisboa.

Todos os anos, a 27 de janeiro, a comunidade internacional assinala o Dia das vítimas do Holocausto. O objetivo é claro: não permitir que o tempo dissipe ou banalize a memória do extermínio sistemático e deliberado de milhões de judeus, realizado pelos nazis. Mas porque ao discurso necessariamente trágico sobre o tema corresponde também o imperativo de recordar quem arriscou vida e família para salvar vidas, a Embaixada de Itália em Lisboa, em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa e com a Associação Hagadá - Tikvá para o futuro Museu Judaico de Lisboa, decidiu assinalar a data com um concerto do Artemisia String Trio, que se realizará no Museu Nacional da Música (estação de metro do Alto dos Moinhos), em Lisboa, na 6.ª feira, 27, às 18.00.

O programa do concerto inclui músicas de Antonio Vivaldi, Anton Giulio Priolo, Mario Castelnuovo-Tedesco, Nicola Piovani, Reiner Kuttenberger, John Williams, Herman Yablokoff, elaboradas e orquestradas por Anton Giulio Priolo para o trio composto por Elisa Eleonora Papandrea (violino), Domenica Pugliese (viola) e Daniela Petracchi (violoncelo). As três são intérpretes com uma longa carreira tanto em música de câmara como em execução orquestral. A sua paixão partilhada pela música de câmara levou-as em 2020 a juntar-se neste projeto. Têm atuado em festivais e temporadas musicais em Itália e no estrangeiro. Recentemente realizaram um concerto com a flautista Luisa Sello na Embaixada de Itália em Sófia. Gravaram o vídeo do Quarteto no 1 op.25 do Johannes Brahms com o pianista Monaldo Braconi, em breve disponível no canal Rai5e, para a Rai Radio3, o Quarteto K285 de Mozart com Luisa Sello na flauta.

Com este concerto, a Embaixada de Itália associa-se à homenagem ao padre português Joaquim Carreira, que em 2015 recebeu a título póstumo o reconhecimento de "Justo entre as Nações" (o mesmo que já fora atribuído ao cônsul Aristides de Sousa Mendes) pela sua proteção e salvamento de judeus italianos e refugiados durante a II Guerra Mundial. Na época, Joaquim Carreira era Reitor do Pontifício Colégio Português de Roma.

Para além do concerto, o Trio Artemisia durante a sua estadia em Lisboa participará na gravação de um documentário dedicado ao Padre Carreira, da autoria dos jornalistas António Marujo e Joaquim Franco. Anton Giulio Priolo, compositor e músico, também participará no documentário, com o Trio Artemisia a executar um repertório que inclui temas da tradição judaica e músicas compostas propositadamente para o documentário, que será exibido pela TVI em fevereiro e estará depois disponível em várias plataformas digitais.

Em declarações ao DN, o embaixador de Itália em Lisboa, Carlo Formosa, sublinhou a importância de lembrar um momento histórico tão trágico como este nos dias de hoje: "Contar a profunda amizade entre Itália e Portugal não apenas no quotidiano das nossas relações bilaterais, mas também na excecionalidade dos momentos mais dramáticos da nossa História coletiva é um dos principais objetivos da minha missão. Nesta perspetiva, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto é de particular relevância porque, sobretudo no momento histórico especialmente complexo que vivemos, é mais essencial do que nunca preservar a consciência da responsabilidade individual e coletiva de cada um de nós perante as grandes tragédias em que a História nos coloca. Ouvir o Outro, saber ser o Outro ao ouvi-lo, é talvez o elemento mais importante da nossa passagem pela História." O diplomata realçou ainda a cooperação entre entidades portuguesas e italianas em prol de uma memória que é da Humanidade: "A Embaixada de Itália está especialmente satisfeita com esta iniciativa conjunta, que conta com a participação da Associação Hagadá empenhada na edificação do futuro Museu Judaico de Lisboa - Tikvá. Simbolicamente equivale a afirmar que a Memória é um processo de edificação constante, sempre in fieri (em construção)."

dnot@dn.pt

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