José Samuel Lupi (1931-2022). Morreu uma lenda da tauromaquia

Homenageado em todo o mundo taurino, Lupi deixará saudade. "Desaparece um dos quatro cavaleiros da Apoteose", titulava o diário espanhol ABC.

"Morreu um dos quatro Cavaleiros da Apoteose", que imprimiu no seu toureio "doses incríveis de espetacularidade" e que marcou para sempre a época taurina de 1970, ao lado dos outros três incríveis cavaleiros de alto gabarito: Ángel e Rafael Peralta e Álvaro Domecq Romero. Assim anunciava, com tristeza, o espanhol ABC o desaparecimento daquele que era uma lenda da tauromaquia, José Samuel Lupi, nascido em 1931 numa das mais famosas famílias de ganadeiros portugueses.

"Com Los Quatro Jinetes del Apoteosis, a maior quadra de sempre da história do rejoneo espanhol, o toureio a cavalo ganhou uma dimensão inédita em Espanha, com presença principal em todas as grandes feiras taurinas. Na temporada de 1971 José Samuel Lupi chegou a tourear 108 corridas de toiros só em Espanha, um número impressionante", descreve a Federação Portuguesa da Tauromaquia. Lupi morreu nesta terça-feira, dia 8, aos 90 anos, sendo recordado como "grande embaixador da cultura portuguesa pelo mundo".

Com alternativa dada por João Núncio em plena praça do Campo Pequeno a 16 de junho de 1963 e muitas presenças memoráveis nas principais arenas portuguesas e espanholas, José Samuel Lupi foi um dos nomes mais importantes da tauromaquia equestre mundial da segunda metade do século XX.

A ProToiro e as associações que a compõem manifestaram "a sua profunda consternação", com Nuno Pardal, presidente da Associação Nacional de Toureiros, a destacar a "grande figura da tauromaquia, com uma personalidade extremamente calorosa, artística, vibrante e a humildade dos grandes Mestres". "É uma referência internacional da cultura portuguesa, que projetou a nossa tauromaquia pelos vários países onde exibiu a sua classe e arte tão portuguesas", completou João Santos Andrade, presidente da ProToiro.

Nascido em Lisboa a 5 de maio de 1931, José Samuel Lupi cresceu pelos campos da Herdade de Rio Frio, da sua família, criadora de toiros bravos e de cavalos, começando a montar desde muito novo e evoluindo mais tarde para o toureio a cavalo. "Entre os seus ascendentes constam o político José Maria dos Santos, mas também artistas, como Miguel Ângelo Lupi, e o mestre de equitação Samuel Lupi", recorda a Federação da Tauromaquia.

Além de João Branco Núncio, foi seu mestre D. Francisco Mascarenhas. "Aos 17 anos apresentou-se em público na praça de toiros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, correndo o ano de 1947. Na segunda metade da década de 50 fardou-se no Grupo de Forcados Amadores de Santarém. Ao mesmo tempo que prosseguia os estudos - viria a licenciar-se em Engenharia Silvícola, pelo Instituto Superior de Agronomia -, José Samuel Lupi foi fazendo o seu percurso como cavaleiro amador, debutando na Monumental do Campo Pequeno, em 1955", descreve a ProToiro.

Da Península Ibérica às praças de França, Bélgica, México e Venezuela, o nome de Lupi foi crescendo, mas também se avolumou como criador de cavalos e ganadeiro de toiros bravos, com os seus dois ferros de Rio Frio e de José Lupi.

"A sua vida artística fica ligada ao cavalo 'Sueste' de ferro Atalaya, um cavalo que é um verdadeiro mito na história dos cavalos de toureio", lembra a ProToiro, recordando que foi a história de Samuel Lupi que serviu de inspiração ao argumento ficcionado do filme "A Herdade" de Tiago Guedes (2019).

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