Tem dúvidas sobre latim? Frederico Lourenço fez uma nova gramática
O editor Francisco José Viegas anunciou que era um dia especial para a editora Quetzal e que fora no mesmo local, a Cinemateca em Lisboa, que apresentara um autor importante, que já colocou em casa dos portugueses 32 457 exemplares do primeiro volume da Bíblia traduzida do grego por Frederico Lourenço. Desta vez o anúncio era o projeto Nova Gramática do Latim, e para surpresa geral, do mesmo autor, um género de livro que há quase 50 anos não era editado em Portugal.
Para Lourenço a intenção "era remediar a ausência de algo bom para estudar o latim" como sempre lhe disseram os seus professores. Considera que há uma boa edição do século XX, mas que exige ao leitor outra preparação anterior. Também sublinhou que sente a existência de um renascimento no interesse por essa língua.
Um livro que tem também palavrões, pois "os romanos também os diziam" e não apenas "frases forjadas" como os autores de gramáticas anteriores faziam. "O latim não é uma língua em mármore", diz, e nesta gramática excluem-se frases erradamente atribuídas a autores como Cícero.
"Não sou o primeiro a publicar uma gramática de latim enquanto traduzo grego", refere, mas esta gramática tem uma organização diferente do que é habitual, podendo ler-se tanto o latim de um soldado como de um profundo conhecedor da língua. "Quero dar uma imagem do latim como uma língua que ainda hoje falamos", justificando que as línguas que dele derivam, como o português, precisam deste auxiliar.
Também se destina a pessoas curiosas que querem entender um texto em latim, autodidatas que podem assim dar um primeiro passo na língua. "Precisamos de bons elementos didáticos em vez de nos queixarmos, até porque o latim está a renascer. Esta gramática faz parte de uma missão de oferecer materiais para o século XXI. São 500 páginas desempoeiradas", confessou.
A gramática chega às livrarias a 15 de março.
Na mesma sessão foram apresentados dois livros da nova coleção Terra Incógnita. Breviario Mediterrânico, de Predrag Matvejevitch, e O Grande Bazar Ferroviário, de Paul Theroux.