Velocidade Furiosa - combustível a mais piada a menos

Enquanto o nono filme da franchise não chega, os fãs podem entreter-se com o derivado Hobbs & Shaw: de um lado, os músculos de Dwayne Johnson, do outro, a expressão carrancuda de Jason Statham.
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Dois gajos durões que vão dar cabo disto tudo e salvar o dia. Se quisermos ficar pelos termos adequados ao nível de Velocidade Furiosa: Hobbs & Shaw estamos bem servidos com este resumo. Em rigor, não há propriamente muito mais a acrescentar sobre o presente spin-off da saga, que ficou no oitavo filme e prepara o nono para 2020. Neste título que agora estreia, a novidade é a assinatura de David Leitch - o duplo que se tornou realizador, e que conta com Atomic Blonde: Agente Especial e Deadpool 2 no currículo.

De Londres às ilhas Samoa, a ação espalha-se por diferentes paisagens a tirar partido da própria mudança de acessórios e armamento das personagens, que, excetuando a grande missão que os move, quase só ali estão para isso... Dwayne Johnson, marca registada destas paragens de entretenimento, e Jason Statham, igualmente conotado com elas, regressam aos seus papéis de Velocidade Furiosa - o americano Luke Hobbs e o britânico Deckard Shaw - para se divertirem um bocado, dentro do seu choque de personalidades, enquanto tentam salvar o mundo de um maléfico homem-máquina (Idris Elba, desperdiçado) que quer levar adiante um projeto cibernético para adulterar o futuro da humanidade. Nesta missão mete-se também ao barulho a irmã de Shaw (Vanessa Kirby), a dar um estiloso toque feminino à empreitada, com tempo ainda para piscar o olho ao musculoso Hobbs.

Precisamente, a compleição física de Dwayne Johnson parece ser o assunto principal deste insignificante objeto de "cinema" de ação, onde se verbaliza abertamente o lado bronco dos protagonistas e até se põe um personagem a ler Nietzsche de bolso para fazer uma piada filosófica que não funciona... Para além de toda a vulgaridade concentrada na dinâmica natural deste tipo de filmes, em raros casos bem torneada, o grande problema de Hobbs & Shaw - que nem se dá ao trabalho de refrescar uma narrativa - é cair na ingenuidade de achar que fazendo um meta-discurso em relação à grosseria de toda a envolvência, consegue aquela distância irónica que beneficia o usufruto do descartável. Não resulta. Mesmo.

Nem a breve aparição de Helen Mirren, a lançar um experiente charme em 5 minutos, no papel de mãe de Shaw, tira esta produção enérgica e robusta do nível de vão de escada.

• Mau

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