ESTREIAS: Elle Fanning, 21 anos de talento

A atriz Elle Fanning é um caso invulgar de genuíno talento: surge, agora, a protagonizar <em>Teen Spirit</em>, filme-estreia de Max Minghella na realização sobre os bastidores de um concurso televisivo para jovens cantores.
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Para o melhor e, por vezes, para o pior, o espaço televisivo contemporâneo especializou-se em elaborar imagens dos jovens como "aqueles que ganham concursos"... Daí a oportunidade de um filme como Teen Spirit, cujo título remete, precisamente, para os bastidores de um concurso de adolescentes cantores.

É, aliás, um título sugestivo (Espírito adolescente) que não necessitava do simplismo do subtítulo português (Conquista o Sonho), como se todas as atividades do nosso quotidiano não estivessem contaminadas pelas mais variadas expressões anglo-saxónicas...

Teen Spirit marca a estreia na realização de Max Minghella, inglês, 33 anos (filho de Anthony Minghella, o cineasta de O Paciente Inglês e O Talentoso Mr. Ripley). O menos que se pode dizer é que ele revela o bom senso de não favorecer qualquer visão "generalista" dos concursos televisivos (pró ou contra), preferindo convocar as regras clássicas do melodrama juvenil para encenar os altos e baixos da trajetória da jovem Violet. Ela é, afinal, alguém que reage às limitações do seu espaço social para, na procura de uma redenção afetiva, se envolver num concurso televisivo de canções.

É o puro prazer do espetáculo e da performance que seduz Minghella. Daí que ele seja capaz de introduzir um pequeno grão de areia na narrativa televisiva, celebrando antes a singular energia, primitiva e contraditória, da sua heroína. Fundamental para o dispositivo simples, mas contagiante, de Teen Spirit é a composição de Violet pela talentosa Elle Fanning.

Apenas com 21 anos de idade (celebrados no dia 9 de abril), Fanning é, de facto, um caso sério de talento. Descobrimo-la, apenas com 2 anos, em I Am Sam (2001), filme em que a sua irmã, Dakota Fanning, interpretava a filha de Sean Penn (Elle surgia nos flashbacks da personagem de Dakota). Mais recentemente, vimo-la, por exemplo, em Maléfica (2014), contracenando com Angelina Jolie numa bela reinvenção do espírito clássico das fábulas, ou no magnífico Mulheres do Século XX (2016), de Mike Mills. Além do mais, em Teen Spirit, é ela que interpreta as suas canções.

Graças à omnipresença do marketing, todos sabemos que esta é também a semana de estreia de Vingadores: Endgame. Seja como for, vale a pena não esquecer outros títulos que marcam a atualidade:

O MAR DE ÁRVORES - filme "maldito" da obra de Gus Van Sant (estreado em Cannes/2015), nele encontramos uma fascinante deambulação pelo pressentimento da morte e a transcendência do amor - por certo um dos melhores papéis de Matthew McConaughey.

MENINA - retrato sensível e, de alguma maneira, pedagógico de uma família de emigrantes portugueses na França da década de 1970, com assinatura de Cristina Pinheiro, cineasta luso-francesa a estrear-se na realização.

O SILÊNCIO - realizado por Almudena Carracedo e Robert Bahar (com produção de Pedro Almodóvar), esta é uma didáctica evocação documental da repressão do regime franquista em Espanha e também do complexo processo de julgamento dos respectivos responsáveis.

BUENA VISTA SOCIAL CLUB - já lá vão 20 anos: foi em 1999 que o alemão Wim Wenders se deslocou a Cuba e trouxe este tocante testemunho sobre as músicas e as gentes da ilha das Caraíbas - reposição em cópia restaurada.

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