O diálogo de um corpo (o de Nana) com o lugar encantado da sua nascença.
O diálogo de um corpo (o de Nana) com o lugar encantado da sua nascença.

'Hanami'. Sonhos vulcânicos

Hanami é a primeira longa-metragem de Denise Fernandes. Um conto de ligação à terra, Cabo Verde, a refletir distâncias e proximidades místicas. Em estreia nas salas.
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Começou por ser distinguida no Festival de Locarno como Melhor Cineasta Emergente, e há poucos dias saiu do IndieLisboa com o Prémio MAX para Melhor Longa-metragem Portuguesa. Eis dois bons indicadores da importância de se conhecer Denise Fernandes e Hanami, a sua obra de estreia. O que vemos então? Um límpido gesto inaugural, ou amena alvorada, de uma jovem realizadora luso-cabo-verdiana, nascida em Lisboa, que foi à terra dos pais buscar inspiração para contar uma história de crescimento onde as respetivas dores se encontram com os segredos da paisagem e uma fantasia vulcânica.

Se parece demasiado poético, é porque é suposto ser. Aqui seguimos Nana, desde a fase da sementinha na barriga da mãe até à adolescência, passando pelo capítulo colorido da infância, que dá direito a um dos momentos mais bonitos da sua viagem interior. E “interior” será mesmo a palavra justa: mais do que experiências quotidianas, Denise Fernandes filmou o diálogo de um corpo (o de Nana) com o lugar encantado da sua nascença, elaborando, numa serena contemplação, sobre os motivos não verbalizáveis da necessidade de ficar, quando todos à sua volta decidem partir. Inclusive a mãe, que já o tinha feito; aconteceu pouco depois do seu nascimento.

Rodado na ilha do Fogo, em Cabo Verde, com pessoas escolhidas dentro da comunidade local, Hanami é uma estimável primeira obra, porventura com algum excesso de “embelezamento” por elementos simbólicos (que resultam melhor no papel), mas dona de uma delicadeza que extravasa a encenação. Há uma força genuína e um coração que bate por trás deste pequeno filme.

Carla Ribeiro (DN/de)
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