Guitarra baiana e voz de fado: começou o festival Mimo em Amarante
Uma noite quente de verão em Amarante em clima de Carnaval. Ao som de muitas guitarras baianas - instrumento típico de bandas que animam os trios elétricos (camiões que seguem pelas ruas com uma banda a tocar) - , começou o Mimo festival 2024.A primeira apresentação, ainda sob sol alto, foi do grupo Vitrolab, trio que veio direto do estado brasileira da Baía e deu o tom da noite. Com sucessos autorais e músicas de artistas como Caetano Veloso, o público começou a chegar perto do palco, que logo ficou repleto de espectadores.
O trio já anunciou a atração seguinte: a banda brasileira A Cor do Som, com mais de 40 anos de história e uma série de prémios conquistados. Foi uma apresentação que misturou nostalgia de sucessos que tocaram sem parar nas rádios do Brasil e outras canções conhecidas de muitos, como a melodia de Billy Jean e Taj Mahal.
O ponto alto do concerto foi a participação da fadista Carminho, que disse estar “honrada” em cantar ao lado dos músicos que considera “icónicos”. O violonista trocou o instrumento por uma típica guitarra portuguesa para acompanhar a artista, que cantou Chuva no Mar e Carolina. A terceira música foi uma mistura que muitos poderiam achar improvável: guitarra portuguesa, suingue brasileiro e a voz de Carminho a cantar Wave, de João Gilberto, a música foi aplaudida de todo o concerto e um coro no verso “É impossível ser feliz sozinho”.
A segunda parte da apresentação foi a mais baiana possível, com mais requintes internacionais, como tocar Billie Jean (música de Michael Jackson) ao ritmo de axé. O público pediu mais e o final do concerto aconteceu com a canção Dentro da Minha Cabeça, de autoria do compositor da Bahia Jerônimo Santana.
O terceiro concerto da noite quebrou a pronúncia brasileira, porém continuou com o ritmo latino. A banda chilena Newn Afrobeat, considerada a maior referência do género em toda a América Latina, embalou o animado público. Composta por 10 membros no palco, teve a participação especial do nigeriano Dele Sosimi. Foi o aquecimento para a atração seguinte, talvez a mais esperada pelos fãs: Marcelo D2.
O artista carioca fez, literalmente, uma roda de samba no palco, chamada de Um Punhado de Bamba. A maior parte das canções foram do mais recente trabalho Iboru, que também dá nome a um filme. As faixas Saravá, Até Clarear e Só Quando o Meu Samba Morrer foram algumas das músicas da noite. Entre uma canção e outra, o artista contou histórias sobre a sua vida e as canções, que sempre falam sobre a realidade social do Rio de Janeiro, críticas contra o sistema e forte espiritualidade.
Segundo Marcelo D2, a banda representa Madureira, a região do Rio de Janeiro considerada o berço do samba. A representatividade é um forte do grupo, com duas mulheres em destaque, Yaya, no cavaco e Samara Líbano no violão. Mas não são as únicas. Nas vozes está Luíza Machado Peixoto, esposa do artista e uma das idealizadoras do novo projeto do cantor. Ao seu lado, Lourdes Peixoto, filha de Marcelo D2, que trilha os caminhos da música e da arte.
O MIMO Festival continua até domingo em Amarante. Todas os espectáculos são gratuitos. Consulte a programação do festival aqui.