Free Solo: o documentário ao estilo filme de super-heróis
Alex Honnold é o alpinista de free solo (escalada sem cordas ou proteção) mais famoso do mundo. O seu maior feito até à data foi a escalada da parede 900 metros, El Capitan, no parque Yosemite, nos EUA. Um objetivo alcançado a 3 de junho de 2017. No caminho para lá chegar, Alex Honnold permitiu aos realizadores Elisabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin que gravassem todo o processo. Uma aventura que começou em 2016. E que culminou com o Óscar de melhor documentário.
Até agora, Free Solo apenas esteve disponível em alguns cinemas e em Portugal foi exibido no dia 11 de março no cinema São Jorge (Lisboa) e no dia 12 no Cinema Trindade (Porto). Este domingo estreia-se no National Geographic (às 22.30).
Mas não se pense que este é apenas um documentário sobre um homem que tenta e consegue escalar a maior parede alguma vez escalada sem proteção. É sobre isso, sim, mas também sobre a superação humana e a procura de ultrapassar os limites, arriscando tudo - qualquer passo em falso poderia ter custado a vida a Hannold -, e ao mesmo tempo, calculando todos os riscos e tentando evitá-los ao máximo.
Ao longo de 01h40 o espectador é confrontado com as hesitações (tenta uma vez e desiste) e as preparações metódicas de Alex Honnold. E embora saibamos que ele é bem-sucedido, isso não impede que em alguns momentos tenhamos dúvidas se ele vai mesmo conseguir. A filmagem com algum suspense à mistura e imagens de 360 graus de cortar a respiração mostram bem quão precário foi o equilíbrio durante as quatro horas de escalada.
O documentário mostra também o outro lado do alpinista: o início da sua relação com Cassandra "Sanni" McCandless e a relação de Alex com a mãe e o pai. E especificamente as dificuldades em manter relações próximas. O próprio conta como aprendeu sozinho a dar abraços, aos 20 anos.
Ainda há tempo para mostrar o seu trabalho como filantropo. Alex Honnold tem uma fundação que se empenha em levar energias renováveis as locais mais isolados do mundo.
No fundo, uma narrativa ao estilo dos super-heróis. Um homem que se supera, apesar de todas as contrariedades.
Free Solo contou na equipa técnica com dois portugueses: Joana Niza Braga e Nuno Bento, da equipa de som. Ambos com 27 anos, são, respetivamente, 'foley mixer' e 'foley artist' .
O trabalho de Joana Niza Braga e de Nuno Bento foi "todo feito remotamente", a partir de Lisboa, na pós-produtora de cinema Loudness Films, onde há "um estúdio de 'foley' bastante grande", contou Joana Niza Braga, à Lusa, antes dos Óscares.
O 'foley' permite criar sons que por vezes não são captados nas rodagens. "Muitas vezes aquilo que estamos a ver nos filmes, em termos de som, não está lá, não existe ou está muito mal gravado, especialmente no Free Solo, em que temos o Alex a escalar uma montanha gigante", referiu a profissional, considerando que "deve ter sido muito difícil conseguir captar algum som decente" na rodagem do documentário.