Fadista Teresa Tarouca morreu aos 77 anos

Teresa Tarouca morreu esta segunda-feira, vítima de uma pneumonia dupla.
Publicado a
Atualizado a

A fadista Teresa Tarouca morreu na madrugada desta segunda-feira, no Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, aos 77 anos, vítima de pneumonia dupla, disse à Lusa fonte próxima da família.

O corpo de Teresa Tarouca seguirá hoje, às 17:00, para a Basílica da Estrela, onde ficará em câmara ardente. Na terça-feira, haverá, pelas 10:30, uma missa de corpo presente, seguindo depois o funeral para o Crematório do Cemitério dos Olivais, também em Lisboa.

O Presidente da República lembrou hoje que Teresa Tarouca foi a primeira a adaptar poemas de Fernando Pessoa para fado, e sublinhou a fadista de Saudade, silêncio e sombra será recordada pelas suas "canções melancólicas".

"Pela sua carreira recebeu, em 2013, o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. E conquistou a admiração dos seus pares e do público, que recorda as canções melancólicas de Teresa Tarouca, fadista de 'Saudade, silêncio e sombra'", lê-se numa mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, publicada na página da Presidência da República, sobre a morte da fadista.

O Presidente da República recorda que a fadista, que foi influenciada por Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha, começou a cantar ainda criança e, aos 22 anos, já tinha gravado um disco e vencido um Prémio Bordalo Casa da Imprensa.

Nascida em janeiro de 1942, Teresa de Jesus Pinto Coelho Telles da Silva adotou o nome artístico de Teresa Tarouca, indo buscar um velho apelido de família.

Intérprete de fado clássico, Teresa Tarouca cantou temas de Alfredo Marceneiro e João Ferreira-Rosa e tinha especial apreço por Pedro Homem de Mello, como demonstra o álbum Tereza Tarouca canta Pedro Homem de Mello, editado em 1989, acrescenta a nota de pesar disponibilizada no site da presidência da República.

"Testamento", na década de 1960, "Mouraria", "Deixa que te cante um fado", "Saudade, silêncio e sombra", "Meu bergantim", "O resineiro", "Fado, dor e sofrimento", "Passeio à Mouraria", "Ora bate, bate" contam-se entre os sucessos de Teresa Tarouca.

Oriunda de uma família ligada à música -- é prima de Frei Hermano da Câmara e prima afastada de Maria Teresa de Noronha --, Teresa Tarouca começou a cantar aos 11 anos em espetáculos de beneficência, o que levou especialistas em música a considerarem-na a "menina-prodígio" da década de 1950.

No fado, estreou-se aos 13 anos, no Salão dos Bombeiros de Oeiras, tendo em 1958 recebido o 'Óscar' da Imprensa, segundo o 'site' do Museu do Fado.

Em 1962, assinou o primeiro contrato de gravação, com a então editora RCA, e, em 1964, recebeu o prémio da Imprensa, ou Prémio Bordalo da Casa da Imprensa, na categoria Fado.

Cantou poemas e músicas de fados clássicos de autores como António de Bragança, João de Noronha, Alfredo Marceneiro, Pedro Homem de Mello, Francisco Viana, Maria Manuel Cid, Casimiro Ramos, João de Noronha, Nuno de Lorena, João Ferreira-Rosa, Alda Lara e Tiago Torres da Silva, entre outros.

Durante a sua carreira artística, a fadista apresentou-se em palcos de vários países, nomeadamente, Dinamarca, Bélgica, Espanha, Estados Unidos da América, Brasil e Macau.

Em 1989, foi editado o disco Tereza Tarouca canta Pedro Homem de Mello, trabalho considerado emblemático na carreira da fadista.

Em maio de 1994, comemorou os 33 anos de carreira no Teatro Tivoli, em Lisboa, tendo continuado a cantar com regularidade. Outro dos seus grandes concertos aconteceu em 1996 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Foi fadista residente da casa de fados Velho Páteo de Sant'Ana, em Lisboa, onde voltou para cantar em 2003.

A última atuação de Teresa Tarouca em público data de outubro de 2013, durante a VIII Gala Amália, no Teatro S. Luiz, em Lisboa, onde recebeu o Prémio Amália de Carreira.

O fadista Camané está entre os muitos admiradores da fadista Teresa Tarouca. Numa entrevista ao DN contava que ao ouvir um disco de Teresa Tarouca na varanda "havia pessoas mais velhas por perto que choraram porque ela tinha uma tristeza boa no seu cantar. É extraordinária, é a Billie Holiday, é fora do normal".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt