Extraterrestres de fancaria

Chega amanhã à Prime Video um dos filmes mais caros da temporada, A Guerra do Amanhã, com Chris Pratt a tentar varrer o mundo de uma epidemia de extraterrestres.

Contado ninguém acredita: um gigantesco filme de ficção científica a começar com um contra-ataque do Brasil na final do Mundial de futebol do Qatar 2022. Depois temos soldados do futuro a dizer que há uma guerra com aliens daqui a trinta anos e um professor de ciências a tentar salvar o mundo. A Paramount gastou milhões com este blockbuster mas preferiu negociar com a Amazon a sua estreia em exclusivo via streaming, algo que prejudica a própria lógica do dispositivo do espetáculo: se há filme que pedia ecrã grande era este. Entre explosões, prédios a caírem e efeitos visuais constantes, muito se perde no visionamento caseiro... Ainda assim, quanto mais o filme se torna bélico e "explosivo", mais aborrecido.

Neste cruzamento entre filme de extraterrestres e saga de destruição apocalíptica, assistimos a um grupo de soldados do futuro vindos de 2051 que chegam ao Qatar para nos avisar que daqui a trinta anos estamos à beira da extinção graças a uma epidemia de ferozes aliens esfomeados. Um fim do mundo violento que apenas pode ser travado se do presente chegarem soldados para combater estes seres brancos com força desmedida.

Chris McKay, vindo das animações Lego Movie, realiza em tom anónimo um produto algo datado. Assim de repetente, parece uma versão mais medricas de Armageddon, de Michael Bay (1998), onde o fascínio parece estar nas imagens de destruição de metrópoles. Chega-se a ouvir a piada de Will Smith ficar com pena de ver a sua Miami destruída, coisa que certifica o grau de ligeireza desta cultura de espetáculo de pesadelo de destruição em massa. Mas o grande problema de The Tomorrow War é nada daquilo ter uma pinga de originalidade: o herói chefe-de-família normalizado é cliché vergonhoso e a própria figura dos "garras brancas", os aliens em questão, remete para uma espécie de plágio do monstro de Predador com os ETs de Um Lugar Silencioso.

Se tudo é de caras uma fantochada sem poder de impacto, mais ridículo fica quando há um twist no argumento que tenta dar ao filme uma complexidade de conto sobre decisões de vida. Nos bons tempos de Dia da Independência essas mariquices melodramáticas nunca foram precisas...

dnot@dn.pt

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG