Emigrantes. Uma peça em que a história se conta sem usar palavras
O espetáculo, onde não existem barreiras linguísticas, vai estar entre hoje e 27 de fevereiro no Espaço Escola de Mulheres (Clube Estefânia).
Confusão, desnorte, perda de confiança, ansiedade e frustração. Cada vez que mudamos de casa, lugar ou de ambiente sentimo-nos perdidos, mas não deixamos a curiosidade ficar de parte. A peça Emigrantes traz estas sensações para o palco do Espaço Escola de Mulheres (Clube Estefânia) entre hoje e o próximo dia 27.
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Inspirado em The Arrival, obra gráfica de Shaun Tan, o espetáculo Emigrantes conta a história da experiência global que é a migração e leva-nos a pensar sobre os processos de adaptação e integração das comunidades migrantes.
Durante as conversações entre a equipa criativa chegou-se à ideia de que todos somos migrantes, mas em diferentes escalas. "Para mim, na quarta classe mudar de sala foi um processo de migração, ainda que a uma escala muito reduzida. Lembro-me de ter o mesmo tipo de aflição, o mesmo tipo de ansiedade de quando migrei para outro país." afirmou Tiago de Faria, Direção da peça Emigrantes.
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Um dos primeiros entraves quando se muda para outro país é a língua, ou seja, a barreira linguística. Por essa razão e seguindo as pisadas do livro de Shaun Tan, a linguagem utilizada para contar a história desta peça é acessível a todos. Não existem falas, nem palavras. São utilizados movimentos, sons, sombras e muito papel.
O público vai poder assistir às fases do processo de migração: o momento de partida, a viagem, o momento de chegada ao destino e a integração. E a cada pessoa na plateia é dado o papel de interpretar e interligar a história à sua maneira, consoante as suas experiências.
O processo de criação do espetáculo teve a colaboração de cinco imigrantes de diferentes países (Brasil, Colômbia, Iraque, Nigéria e Índia) que vivem em Lisboa. Foram feitas três entrevistas a cada um deles. Os seus relatos de migração foram feitos sob anonimato e tornados em detalhes na peça. Uma forma de integrar vozes de imigrantes em Portugal. Porém, com a pandemia, não foi possível que os envolvidos pudessem assistir aos ensaios como o resto da equipa queria.

O papel é um adereço importante ao longo do espetáculo. São usados desde papéis de jornais a papel japonês.
Este espetáculo faz parte do projeto do Teatro Manga que se centra na promoção de estratégias artísticas para a integração de migrantes. Em parceria com a Lisbon Project, pretende-se chamar à atenção e promover estratégias de integração para os migrantes. O objetivo é manter o assunto na ordem do dia. "Falar sobre o tema é uma forma de nós ajudarmos a que estes processos sejam cada vez mais fáceis. Ignorar que existe esta problemática de migração na nossa sociedade não é de todo a solução", afirma Tiago de Faria.
Através de iniciativas artísticas como esta, é possível também fazer com que os migrantes se sintam cada vez mais próximos da sua realidade e do país onde estão. "Há um sentido de apropriação diferente e essa é uma das estratégias interessantes para a integração de migrantes, envolvendo-os cada vez mais nos processos artísticos."
Os bilhetes estão disponíveis na BOL (bilheteira online) e os preços variam entre os 7 e os 12,50 euros.
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