Quem passar por Estremoz, no Alentejo, até 31 de julho vai poder ver a exposição Nelson Mandela: Arte e Liberdade, com 17 impressões de desenhos do líder sul-africano, falecido em dezembro de 2013, das séries Struggle e Robben Island. São edições limitadas e assinadas e entre elas estão esboços realizados depois da visita de Mandela a Robben Island -onde esteve preso 18 anos pela sua luta contra o regime do apartheid -, em maio de 2002. A exposição está patente na adega e restaurante Howard’s Folly, do empresário britânico Howard Bilton, que explica ao DN que os desenhos eram para ser expostos na Europa por altura da covid-19 pela House of Mandela (entidade da família do ex-presidente sul-africano que vende o seu trabalho artístico), um projeto que ficou adiado por causa da pandemia. . “Fomos contactados por um bom amigo nosso, o Mitch, que é dono do The Place, em Evoramonte, para nos contar que um amigo dele, que é diretor da House of Mandela, havia deixado algumas obras com ele quando ficou retido por causa da covid. Ele estava a caminho de montar uma exposição na Europa e parou para visitar o Mitch, mas então a covid surgiu e ele teve que voltar para a África do Sul, deixando as obras com ele e dizendo que as buscaria quando tudo voltasse ao normal. Mal sabíamos que isso duraria vários anos. Enfim, as obras ainda estão com o Mitch e ele perguntou-nos se queríamos fazer uma exposição. Obviamente, a resposta foi sim!”. . É que o projeto de Howard Bilton no Alentejo vai para além da produção de vinho e da restauração e inclui uma galeria de arte e uma fundação. The Sovereign Art Foundation (SFA) tem como missão ajudar crianças vulneráveis através da arte e apoiar a produção de arte contemporânea. A fundação tem atividade em Portugal desde 2021, quando foi lançado o The Sovereign Portuguese Art Prize (que atribui um prémio monetário de 25 mil euros) , que no ano passado distinguiu o artista plástico português Francisco Trêpa. O vencedor da edição de 2025 só será conhecido em novembro. “O prémio apresenta obras de talentosos artistas contemporâneos e também arrecada fundos para projetos sociais locais. Como sempre, a receita do prémio é dividida - metade vai para o artista, e a outra metade apoia os programas educacionais e de artes expressivas da SAF em Portugal”, explica Howard Bilton. No caso da exposição dos desenhos de Nelson Mandela, a receita arrecadada será repartida entre a House of Mandela (70%) e a fundação (30%), adianta o empresário. “Esperamos conseguir doar muito dinheiro para ambas as fundações. A SAF está atualmente a trabalhar com crianças autistas em Portugal, utilizando a arte como forma de terapia, por isso esperamos conseguir angariar uma quantia significativa para ajudar essas crianças.”Howard Bilton diz que “admira muito tudo aquilo que Mandela representa”, considerando que é “um privilégio” expor estas obras na Europa, nomeadamente na sua galeria em Portugal, no mês do aniversário de Mandela (nasceu no dia 18 de julho de 1918). “Como havia uma vaga no nosso programa de artistas locais na galeria, aproveitámos esta oportunidade extraordinária para expor as obras do grande homem, o Senhor Mandela”, afirma. Sobre a série Struggle, que retrata mãos, Mandela escreveu, em 2001 - como se lê no site da House of Mandela - “desenhei mãos porque são instrumentos poderosos; as mãos podem ferir ou curar, punir ou elevar”. .O cinema no divã.Katia Guerreiro celebra 25 anos de carreira com celebração “das pessoas que são inspiração”