Um desenho desconhecido de Miguel Ângelo, identificado por uma especialista da Christie’s a partir de uma fotografia enviada por um anónimo, vai ser leiloado em Nova Iorque em fevereiro de 2026, com uma estimativa até dois milhões de dólares.Uma especialista do departamento de Desenhos de Mestres Antigos da Christie’s, Giada Damen, identificou um estudo original do pintor italiano renascentista Miguel Ângelo (1475-1564) destinado ao teto da Capela Sistina após receber uma fotografia enviada por um proprietário anónimo para o portal de pedidos de avaliação, revelou esta segunda-feira, 24 de novembro, a leiloeira em comunicado.O desenho, realizado a giz vermelho, é um estudo para o pé direito da Sibilia Líbia, figura situada na extremidade oriental do teto da Capela Sistina.. Segundo a Christie’s, este estudo recém-identificado é o primeiro desenho não registado para o teto da Capela Sistina a chegar a leilão e um dos cerca de dez desenhos de Miguel Ângelo que permanecem em mãos privadas.Dos aproximadamente 600 desenhos do artista que sobreviveram, apenas cerca de 50 se relacionam com a Capela Sistina.A obra será apresentada no leilão de Desenhos de Mestres Antigos da Christie’s, em Nova Iorque, no dia 05 de fevereiro de 2026, com uma estimativa entre 1,5 e dois milhões de dólares.Antes disso, estará em exibição pública nas galerias da leiloeira em Nova Iorque, em fevereiro, e na sede de Londres, entre 27 de novembro e 02 de dezembro de 2025.A descoberta ocorreu quando o proprietário, residente na costa oeste dos Estados Unidos, enviou fotografias do desenho herdado da avó.Giada Damen deslocou-se para o examinar, levou-o depois para Nova Iorque e iniciou seis meses de investigação, que incluíram uma refletografia de infravermelhos que revelou desenhos no verso da folha.Estes desenhos, que não estavam visíveis por a folha estar colada a outro suporte, revelaram-se compatíveis com trabalhos de um artista italiano do século XVI próximo de Miguel Ângelo.Posteriormente, Giada Damen identificou semelhanças com um desenho do Metropolitan Museum of Art e verificou que uma cópia existente nas galerias Uffizi incluía o mesmo estudo do pé.A comparação direta com o desenho do Metropolitan Museum confirmou que ambos os estudos foram executados pela mesma mão e no mesmo momento.A obra apresenta ainda uma inscrição em tinta castanha – “Michelangelo Bona Roti” - igual à presente em vários desenhos do artista, permitindo traçar a sua passagem desde o círculo de Miguel Ângelo no século XVI até uma coleção italiana do século XVII.No século XVIII, integrou a coleção de Armand Louis de Mestral de Saint-Saphorin e foi posteriormente transmitida até ao atual proprietário.Giada Damen afirmou que esta descoberta foi “uma oportunidade única” e agradeceu ao proprietário e aos especialistas internacionais consultados, que confirmaram unanimemente a atribuição a Miguel Ângelo.