Autora de Ferozes e Raparigas como Nós e criadora do clube do livro Book Gang.."Um livro obrigatório e que estou constantemente a recomendar é As Raparigas de Papel, de Louise O"Neill (Aurora Editora), porque aborda alguns dos temas mais impactantes na geração de raparigas mais jovens e que levanta - e reflete acerca de - questões importantes sobre ideais de beleza irreais e perigosos, body shaming, saúde mental, escrutínio das redes sociais e pressão dos pares", sugere a escritora Helena Magalhães. "Neste romance distópico e visceral, a autora explora de forma inteligente e magnética a obsessão pela beleza num mundo patriarcal, não tão distante daquele onde vivemos e onde esta nova geração de raparigas está a crescer e a aprender a conhecer-se enquanto mulheres, enquanto seres humanos, a refletir no seu valor na sociedade, tudo questões que esta leitura levanta", explica a escritora autora do best-seller Raparigas Como Nós. Em relação à medida anunciada por António Costa, Helena Magalhães considera-a "auspiciosa" e "um bom ponto de partida para o incentivo e acesso à leitura". Porém, "fica um tanto aquém de outras iniciativas similares noutros países. É preciso um programa mais abrangente e regular, adaptado a uma faixa etária mais alargada e pensado a longo prazo, tendo em conta o panorama socioeconómico do nosso país.".- As Raparigas de Papel, Louisa O'Neill.Aurora Editora, 17,06 €.Escritor e professor universitário."Escolho Maus, de Art Spiegelman. É um livro que eu já vi em várias prateleiras mundo fora, na da biografia, que também é, como é ensaio, literatura, banda desenhada, campos de concentração, judaico. E também já o vi na categoria de comics e isso é que não é, nem infantil. É um grande livro que trabalha as duas linguagens fundamentais para um jovem hoje: a escrita e a visual", explica Rui Zink a sua escolha para um jovem de 18 anos usar o cheque-livro. "A Banda Desenhada eu sempre encarei como o cinema do pobre. E isto é uma novela gráfica, ou um romance gráfico, como quiser, digamos que é cinema para ler", prossegue. "Um livro com imagens como é o Maus, é maravilhoso por várias razões. Uma delas é que, sendo a preto e branco, não há distinção entre a escrita no código verbal e a escrita no código pictórico. Tudo é escrita. Sendo banda desenhada, é um híbrido, é perfeito. Promove as duas leituras necessárias para o século XXI, a visual e a letrada. E é um livro forte, que ajuda a pensar, sobretudo a ver que nem tudo o que é imagem é infantil e nem tudo o que é palavra é sério." Em relação ao voucher, tudo o que seja promover a leitura Rui Zink louva. "O que acho mal é a ideia de que tudo são pontos de venda de livros. Numa medida patriótica, é importante não desvalorizar a livraria.".- Maus, Art Spiegelman.Bertrand Editora, 17,70 €.Escritora. "Para já, é muito difícil escolher um livro para um jovem, quando não o conhecemos. É fundamental sabermos se gosta de ler, se lê muito, quais os livros que já leu. Mas como neste caso é impossível sabermos isso, terá de ser uma escolha muito mais nossa... E só um livro torna tudo ainda muito mais complicado. Mas o meu livro eleito são Os Maias, de Eça de Queiroz, que só tinha uma grande desvantagem (mas parece que já não a tem), ser de leitura obrigatória nas escolas", começa por dizer Alice Vieira. "Os Maias somos nós. Os Maias é este País, ainda hoje - com todos os seus defeitos e as suas qualidades . Lemos o livro e parece que estamos diante de um espelho . E conhecemos toda a gente incluindo - sejamos sinceros - nós próprios. É um grande livro de História. É um grande livro de Psicologia. E numa escrita extraordinária e de grande humor (ninguém esquece, de certeza, o episódio do chapéu do Vilaça...). Os Maias é um livro sem idade: atual quando foi escrito, atual agora", descreve a escritora, que vezes sem conta relê esta obra-prima. Alice Vieira aproveita ainda para "saudar" a medida do Governo de atribuição do cheque-livro, que, na sua opinião, tem como objetivo "incentivar a cultura dos jovens". E conclui: "É mesmo de aplaudir.".Os Maias, Eça de Queiroz.Livros do Brasil, 11,10 €.Escritor."Vou escolher um romance de uma escritora americana do século XX, Willa Cather, que se chama Minha Ántonia ", recomenda Richard Zimler. "É um dos meus romances favoritos, sobre uma jovem imigrante de Boémia, na República Checa - e por isso é que se chama Ántonia e não Antónia -, que vai viver para uma zona muito rural, o Nebrasca, que, na altura, era a fronteira de um jovem país que se chama Estados Unidos, onde ainda havia tribos dos índios", começa por explicar. "O narrador é um jovem amigo de Ántonia, que fica fascinado por ela e pela sua família, e a narrativa é feita com tanto carinho, tanto amor, tanta compreensão que o leitor fica rendido à história. Eu acho que é um romance muito útil e importante para os jovens, porque se trata de uma história de jovens. Eles vão identificar-se facilmente com o jovem narrador e com a personagem central do livro, a Ántonia", justifica o escritor de origem norte-americana, naturalizado português. Contando ainda que Willia Cather "não está muito conhecida na Europa, em parte porque é mulher e porque escrevia sobre zonas rurais" dos EUA. Em relação à oferta de um cheque-livro aos 18 anos, Zimler considera que "qualquer encorajamento é bem vindo", especialmente em jovens desta idade..Minha Ántonia, Willa Cather.Relógio D'Água, 14,40 €