Álbum Mulheres de Abril foi lançado no final de outubro em CD e vinil e a 28 de novembro estará nas plataformas digitais. São oito musicas de Zeca Afonso que remetem para o universo feminino. O disco vai ser apresentado no dia 29, em Lagoa, e no dia 17 de dezembro na Casa da Música, no Porto. Cristina Branco escreveu a letra para uma música do Festival da Canção, e não põe de lado a criação de um disco só com textos seus.Mulheres de Abril tem oito músicas. Foram as que sobraram do álbum Abril, de 2007?A ideia era essa, mas acabaram por ser outras canções, curiosamente, canções que eu naquela altura não tinha pensado sequer colocar naquela equação em 2007. E eu peguei nelas, de facto, na verdade peguei em cerca de vinte canções. Só que apareceram-me outras vozes dentro daquelas canções, uma série de mulheres que, apesar de elas estarem sempre presentes na vida e na perspetiva do Zeca Afonso, - eram, como eu costumo dizer, omnipresentes - não é como, por exemplo, no repertório do Chico Buarque, em que todas elas têm um nome e têm uma personalidade própria. Aqui era diferente, elas estão lá, mas estão sóbrias, aparecem como indivíduos, como representantes de uma população e de uma sociedade. Foi por isso que o disco se chamou Mulheres de Abril, não era para ser nada disto, era para pegarmos em temas que tinham, de facto, ficado de fora em 2007. Lendo as letras das canções em algumas delas a referência à mulher não é muito imediata. Não, há muita gente que pergunta, por exemplo, no De não saber o que me espera, é uma canção sobre a guerra, como é que elas estão lá? Mas elas estão lá completamente enquanto mães, enquanto mulheres, enquanto amantes daqueles homens que foram para a guerra. Ou seja, elas não estão lá de facto, mas estão... para mim estão. É uma interpretação pessoal, a equipa concordou? Eu não tive que impor nada.A minha vontade é preponderante, mas toda a gente concordou, porque elas estão lá, na verdade, mesmo sem ter nome, a não ser Bárbara Escrava que, de facto, tem um nome, e Teresa Torga, depois acabou. A Mulher da Erva é uma velha, e nas outras aparecem lá como indivíduos e como representantes de uma sociedade, num ponto de vista feminino, acho que é um ponto de vista muito feminino, ou que pode ser, e aí eu fiz a minha própria adaptação, mas ninguém contrariou, curiosamente.A escolha foi entre mim e o Ricardo Dias, que é o produtor do disco e que já foi também em 2007. Aliás, a equipa é exatamente a mesma. Houve ali algumas divergências, por exemplo, ele não queria pôr a Canção da Paciência, só que eu acho que a Canção da Paciência era importantíssima por várias razões, até porque fala de uma mulher violada e assassinada. E faria sentido, porque aí estava uma mulher. Mas ele achava que não, porque é muito triste...Não quero saber que sejam todas tristes, são as canções que eu quero cantar. Elas não são todas tristes, mas uma boa parte é. E essa é uma delas, essa é tremenda. .Já lhe fizeram esta pergunta, mas uma canção óbvia seria Cantar Alentejano sobre Catarina Eufémia. Mas não a escolheu. Quando surgiu esta ideia pensámos só em fazer quatro canções. Seria apenas para dar um refresh nos concertos. Porque nós deixámos de fazer os concertos do Abril, no entanto, eles continuaram a ser pedidos. Sempre que é 25 de Abril. Mas porque não repetem o concerto do Abril, porque não voltam ao disco? E nós voltámos no ano passado por causa do aniversário, voltámos a fazer alguns concertos e no fim do último concerto, em dezembro, no São Luís, o Mário Delgado diz porque não fazemos mais músicas, porque não fazemos outro disco. A ideia ficou no ar. E em janeiro, ou seja, um mês depois, estávamos a entrar em estúdio e a gravar as supostas quatro músicas. Porque era para ser um EP, uma coisa pequena. Só que de quatro passaram para oito, já não dava para pôr mais. Porque eu não escolho só o que está dentro do texto, mas também a música. E há músicas do Zeca que não são para eu cantar. Não consigo vesti-las. Adoro ouvi-las, por outras vozes, não necessariamente só pela do Zeca, mas eu depois não caibo ali, porque eu sou um pardalito a cantar. Há uma certa delicadeza nas músicas que se adequam mais à minha voz. Não se adequava. Foi uma escolha, tinha que escolher, por exemplo, apeteceu-me muito mais pôr Verdade e Mentira, que não é uma coisa propriamente feminina, mas é uma postura social. É uma postura em relação à verdade, e à importância que nós damos à verdade. E como ela passa rapidamente a ser mentira. Se ninguém a reafirmar, se ninguém se bater por ela, ela é imediatamente uma mentira, ou então alguma coisa que não aconteceu. Foi um pouco por aí, além de que ela era completa, de facto, o Mário tinha razão, é uma canção para a minha voz mesmo, nitidamente. E porquê esse olhar feminino? Porque era importante para si agora?Tenho quase 53 anos e penso sempre que em 2007 eu era muito mais leve, apesar de já ser uma mulher com mais de 30 anos, mas era outra mulher, e acho que o tempo, o meu tempo e o tempo desta sociedade me obrigou a refletir sobre isso e a ser mais responsável nessa perspetiva. Acho fundamental nos dias de hoje termos uma voz, uma voz representante também da dignidade e da presença feminina no mundo, que deveria ser paritária. É um pouco também por aí. A idade trouxe-me mais essa consciência. Tenho a sensação que às vezes progredimos, damos mini passinhos, e no dia a seguir damos três passos atrás. Mesmo a mulher na relação consigo própria e a sua condição. É mesmo estrutural, é histórico. Esta forma de estarmos sempre atrás. Porquê, se temos as mesmas capacidades e os mesmos valores?Já a ouvir dizer que sente necessidade de politizar o que canta...É mais nos concertos. Nos concertos temos de ser cada vez mais políticos, é uma missão social. Aquela coisa dos 30 anos e de achar que isto não vai ser para mim, não é verdade. Nós temos de nos chegar à frente e já nos devíamos ter chegado à frente mais cedo. Este é o meu momento e se eu tenho uma voz, devo pôr as pessoas a pensar. As pessoas que vão aos meus concertos vão ali também para pensar, não vão só para ouvir as músicas do Zeca, vão para refletir connosco. O concerto é, no fundo, um diálogo de alguma forma.Já se referiu aos dias de hoje como de “pré-censura”, fala em clima de medo. Refere-se ao contexto internacional, ou também nacional?A todo o espetro. Eu penso muito nos meus filhos, confesso. É até contraproducente dizer que sinto medo, mas eu sinto efetivamente medo. Nós devemos sempre contrariar essa ideia do medo. Mas a verdade é que sinto medo. E sinto medo mais pelos meus filhos até do que por mim.Diz que fazer música é uma teimosia. Porquê?É tão difícil ser músico. E eu já sou música há quase 30 anos, portanto, para mim, apesar de tudo, é diferente. Foi difícil impor-me, mas ao impor-me, eu existo no mercado há 30 anos. As pessoas reconhecem o meu trabalho há quase 30 anos. Agora imagine quem está a começar. É muito difícil começar.O que é que torna mais difícil agora? Há mais pessoas a fazer música?Há mais comunicação, há mais ruído. Acima de tudo há mais ruído. Talvez seja o momento para aparecerem coisas de valor e que se imponham também por aí, nesse tal valor político, nessa tal importância que temos que dar à música enquanto veículo da verdade, enquanto veículo de qualquer coisa pela qual nos queremos bater.Numa entrevista que deu à TSF disse que já tinha feito todos os discos que queria fazer...Meu Deus, isso gerou tanta polémica! O que eu quis dizer, se calhar não fui clara, foi que discos de inéditos eu já tenho 18. 18 discos de inéditos! Devo ter mais de 300 músicas inéditas. Feitas para mim. Textos e músicas feitas para mim. É um universo gigantesco. Agora apetece-me fazer outras. Porque no princípio da minha carreira, idealizei, de alguma forma, todos os discos que eu gostaria de fazer. Por isso é que eu tenho tantos também. Porque todos os meus discos têm uma temática. Eles falam sobre a minha vida. No fundo, eu fui acompanhando aqueles discos todos como se fosse a minha história também, dentro daqueles discos. O último que eu queria fazer foi o Mãe, que é um disco que é sobre fado tradicional e a minha perspetiva sobre o fado tradicional e sobre como eu e os meus músicos evoluímos dentro do fado tradicional. E fechei esse ciclo. Agora farei outras coisas. Como é que vê a evolução do seu trabalho nos próximos anos? Claro que tenho a banda que toca comigo, as pessoas que tocam comigo e que me acompanham desde há quase 30 anos, como eu dizia há pouco. Mas também fui fazendo outros projetos, com orquestras sinfónicas, com sinfonietas, com orquestras de câmara, com combos de jazz, com orquestras de jazz, com pianistas, também já fiz e gostaria de fazer mais. Ou seja, ideias não faltam. Agora, elas não passam pela música original. Neste momento, não quer dizer que daqui a um ano consiga reunir, para já, uma temática, porque eu normalmente gosto de trabalhar sobre uma temática, e consiga pensar num tema sobre o qual eu gostaria de falar e consiga reunir um determinado número de canções ou de poemas ou de textos que eu acho que são válidos para dentro dessa temática. Não significa que não volte a fazê-lo. Agora, e sendo pragmática em relação ao meu trabalho, como eu sempre fui, não sinto necessidade de fazer outro disco de originais. Mas não vou parar de trabalhar.Quais eram as grandes histórias que queria contar?As minhas histórias sobre as viagens, sobre o tempo, a passagem do tempo. Estes foram os dois principais. Depois, sobre o fado, porque eu nunca tinha feito nenhum disco sobre fado tradicional. Estes são os temas centrais. Depois, por exemplo, o Abril, também era um disco central, tal como o meu percurso nasce através da Amália, eu sempre cantei Zeca, a minha vida toda, muito antes de ser cantora, eu já cantava as canções do Zeca, em casa, para mim. Eu fui uma ouvinte exaustiva do Zeca, ele sempre fez parte do meu universo e eu queria que ele fizesse parte dos meus discos também.O tema do amor, do sexo, por exemplo, foi um tema que no fado não se fazia. Eu lembro-me que era uma espécie de pedrada no charco, que foi o Sensus (2003), que fala da poesia erótica, desde a época medieval, até aos nossos dias. Ou seja, há muito trabalho por trás dos meus discos, não é só aquilo que as pessoas acabam por ouvir, mas todo o entusiasmo que existiu à volta dessa construção, de cada uma dessas construções. E são 18! Quando pede temas aos autores com quem colabora, é sempre em torno de um tema?Normalmente, sim. Por exemplo, o Alegria (2013) é um disco de quando eu me zango com o nosso país e vou viver para a Holanda. Eu não me zanguei com o país, eu zanguei-me com as políticas do nosso país. E estávamos em 2014, 2015. E construí 12 personalidades, 12 nomes, 12 mulheres. Na verdade, não são todas mulheres, mas uma grande maioria são mulheres. Fiz-lhes um cartão de identidade e pedi a cada um dos autores que escrevesse sobre cada uma delas. .A literatura, a poesia, as letras das canções são muito importantes...Sim, as palavras.Nunca quis escrever as suas próprias letras?Eu estou sempre a escrever, na verdade. Não tenho jeito nenhum para rimar, escrevo prosa. Agora mais no meu telemóvel do que nos meus caderninhos. Tenho muitos caderninhos escritos por mim. Hoje já não escrevo nos cadernos, dá-me trabalho andar com eles atrás. Mas estou sempre a escrever. Só que eu não escrevo poesia, não escrevo para cantar nem para ninguém cantar. Agora, tenho uma próxima fase, porque fui convidada para escrever e escrevi um texto muito simples sobre uma questão que me inquieta muito para o Festival da Canção.E o que é que tem escrito ultimamente? Uma questão que me inquieta há muito tempo, e que tem a ver com tudo isto que nós vivemos hoje, é a fé, a necessidade de acreditar nalguma coisa. Já fui uma pessoa muito próxima da religião católica, porque nasci numa família católica praticante tenho as comunhões todas, e depois desliguei-me com a faculdade, acho que foi sobretudo com a filosofia, acho que me dissociei dessa procura, dessa necessidade. E hoje em dia voltei a sentir uma necessidade de procurar alguma coisa em que acreditar. É claro que acredito na música e a música é a minha fé, é a minha tábua de salvação, mas é preciso mais alguma coisa, preciso de agarrar-me a mais alguma coisa e não estou a conseguir. Estou à procura de um Deus, de um Deus que seja o meu. E um álbum só com letras suas, é uma possibilidade?É uma possibilidade, sim, porque não, agora que se abriu a porta. Eu tenho coisas para dizer, normalmente para dizer a mim própria. Qual é o receio? São histórias para mim, temos que pensar sempre se os outros vão gostar. É claro que eu privilegio sempre o que eu acho, isto é o que eu quero fazer, mas há sempre uma imposição também do mercado. Não gosto de pensar no mercado, mas será que as pessoas que me ouvem querem ouvir aquilo que eu escrevo? Será que aquilo que eu escrevo tem valor para mostrar aos outros? Será que as minhas inquietações também são as mesmas das outras pessoas e que elas querem ouvir-me cantar? São este tipo de questões.Também já fez melodias, já coassinou algumas músicas...No Mãe fiz uma música, assobiei uma música. É curioso, porque eu estou sempre a inventar melodias e uma vez o João Paulo Esteves da Silva dizia-me, mas porque não fazes uma música? Eu disse, não toco nenhum instrumento, é impossível eu escrever alguma música. E ele disse assobia e depois vais ter com um de nós, nem que seja pelo telefone, assobias e a gente reproduz. Isto já há uns bons anos. E há uns dois, três anos, estava no carro com o meu filho e comecei a assobiar aquelas coisas que aparecem de repente. Aparece uma melodia e começa-se a assobiar. E eu disse-lhe, Martim, pega no telefone e grava isto. E ficou. Foi quando estávamos a fazer o Mãe, porque o Mãe são quatro fados tradicionais e quatro fados de cada um de nós. Ou seja, cada um deles tinha feito um fado, faltava eu. Era daquelas coisas, agora vou fazer um fado, que disparate... E de repente lembrei-me da música e quando já estávamos em ensaios, atrevi-me a perguntar: eu fiz uma música, importavam-se de ouvir? Estava a morrer de vergonha. Importavam-se de ouvir só para ver se aquilo tem alguma capacidade. E pronto, ela entrou. É uma música meio cinematográfica.E é para voltar a fazer? Se voltar a aparecer uma melodia que possa gravar, porque essas coisas aparecem, mas eu não tenho o hábito de pegar no telefone ou num gravador e gravar. Há pessoas que andam sempre com isso atrás porque as melodias surgem, não é que não surjam a mim também, imensas vezes. O que me acontece muitas vezes é pensar fui eu que inventei ou isto já existe? Aquela coisa de não tenho certeza, portanto não vou dar valor, não me dou muito crédito. A verdade é essa.Já disse que o fado foi a porta de entrada na música, mas que demorou mais de duas décadas a descobrir a sua essência. Que essência é essa?Sou uma espécie de camaleão, como já ouvi algumas pessoas chamar-me. Eu não sobreviveria apenas no fado. Sinto-o profundamente, e ele está cada vez mais enraizado na minha forma de cantar, mas eu fujo dali também com alguma facilidade e preciso de fugir de lá também, porque há outras coisas com as quais eu me identifico, não apenas com o fado. Sou fadista quando canto fado, mas sou outras coisas quando me apetece cantar outras coisas, nomeadamente quando canto Zeca, por exemplo.É mais o jazz?Não sinto necessidade de me colocar numa prateleira, eu sei que socialmente há uma necessidade de identificar os artistas como género, eu não me identifico com nenhum em especial. Quer dizer, com o jazz e com o fado, obviamente, mas não sinto que quando eu canto, à exceção dos momentos em que canto fado tradicional, não sinto que haja uma prateleira onde me consiga colocar com segurança, porque eu transito entre vários géneros e várias formas de cantar e várias formas de sentir. Como é que tem evoluído a relação com o público nos concertos ao longo dos anos?O palco passou de alguma forma a ser a minha casa também, portanto eu sinto-me muito mais à vontade apesar de morrer de medo cada vez que entro em palco. Mas depois estou muito habituada àquela interação com as pessoas e o receio acaba por se dissipar. Agora, há um certo egoísmo naquela necessidade de cantar em cima do palco, eu preciso de cantar e é uma necessidade minha, não é uma necessidade de partilha. A partilha com os outros vem mais tarde, vem com a experiência. Mas estar em cima de um palco e cantar é uma experiência egoísta, é uma experiência egoica, é uma coisa minha. Eu preciso de cantar. E foi assim que comecei, passinho a passinho, a conseguir interagirde alguma forma com o público. Já não sinto medo, sinto reserva, isso sim. Sempre fui bastante pudica na minha relação com o público. Mas tem mudado, apesar de todas as pessoas dizerem, agora és muito mais comunicativa, e agora já se percebe mais sobre ti. Porque agora falo muito mais sobre mim.Continua a fazer muito concertos por essa Europa fora. Atuar em Portugal é diferente, por exemplo, de atuar na Holanda, Alemanha, ou França?Noto muito essa diferença e vou dizer mais: eu temo mais o público português, não sei porquê. É como se tivesse uma história estruturada quando estou fora de Portugal para partilhar com as outras pessoas e a minha história em Portugal, por alguma razão, é diferente, porque é uma história de partilha, e tenho sempre algum pudor, é tão complicado, nunca percebi porquê. Também é uma pergunta que eu me faço, porque é que isto é diferente, eu deveria sentir-me muito mais à vontade a falar em português do que a falar em inglês ou francês... No entanto, não. É muito curioso. E claro que tens públicos diferentes, todos eles são diferentes, o público holandês é muito diferente do público francês, ou do espanhol enfim, são todos diferentes.São públicos apreciadores de fado?Há um público que é muito apreciador de fado, há um público que está a descobrir agora essa relação com o fado, e há outro que começou por se interessar pelo fado e acabou por ir ao meu concerto em busca do meu nome. Já deixou de ser aquela coisa de ir ao fado. Até porque os concertos não são propriamente numa casa de fados, são uma sala de concertos, é um recital. E, portanto, a relação do público com o fado é diferente de ir comprar um bilhete para ver esta ou aquela pessoa. As salas estão cheias, felizmente. É reconfortante. Pensar que estas pessoas saíram de casa delas para vir ver-me. Elas vieram ver-me, vieram ouvir-me e querem saber o que é que eu tenho de novo para lhes dar. Isso tem um impacto gigante na minha vida. E nos próximos concertos em Lagoa e na Casa da Música, vai cantar músicas de vários álbuns? Não, vão ser só Abril e Mulheres de Abril. Vamos mostrar as canções novas, vamos misturá-las com as canções de 2007 do álbum Abril, será apenas isso. Ou seja, será um concerto quase de militância, com a nossa sociedade e com a nossa realidade. Com a nossa necessidade de expor a verdade e de comungar com pessoas que estão do lado de lá as mesmas inquietações. Voltando ao convite para participar no Festival da Canção, surpreendeu-a de alguma forma?Sim, muito. Aliás, foi tão surpreendente que eu disse que não duas vezes. Fui sempre dizendo que não, mas o Paulo, o meu agente, é bastante insistente. Fui convencida, confesso. Porque sempre achei que não era uma coisa para mim. A letra é minha e a música é do André Henriques, dos Linda Martini, e do Luís Figueiredo que é o pianista que trabalha comigo. É dos dois.E a letra foi escrita para alguém específico?Não, escrevi para mim. Eu escrevi uma coisa que eu gostaria de cantar. Provavelmente cantarei também, um dia. Não no festival, mas um dia poderei cantar.Mas o artista que vai cantar a música foi escolhido por si? Pensei que aquela era a pessoa que eu queria que cantasse a minha música, a minha canção, no fundo, a minha letra. Ou seja, a minha dama, que não é uma dama, é um cavaleiro. Quem vai defender a minha canção é um homem. E foi na voz dele que eu pensei para cantar. E ele aceitou. Só será revelado mais tarde. .Diogo Infante: "Não sinto uma presença forte do D.Maria II no meio teatral. Há projetos mais interessantes"