Exclusivo Carminho: "Quando era nova não podia dizer que cantava fado, era logo posta de lado"
A fadista volta hoje aos palcos. Um espetáculo no Centro Cultural de Belém num cenário inspirado na Lisboa noturna e onde promete revelar mais de si. O evento também será transmitido online.
O que podemos esperar deste concerto, que já está esgotado, e que ao público na sala será acrescentado aquele que irá assistir à transmissão digital?
É um concerto que, para além dos meus quatro músicos, incluímos um pedal steel, que aparentemente não faz parte do fado, mas que vem acrescentar um pouco de ruído ambiental, como pano de fundo. Podemos imaginar o fado como uma pintura com várias figuras. A voz é uma dessas figuras, tal como a guitarra portuguesa e mesmo a viola. E, por vezes, o fado é áspero e o pano de fundo é-lhe dado pelo ambiente das casas de fado, no tilintar dos copos, por exemplo. Por isso, escolhemos o pedal steel para ter essa função ambiental. Além disso, todo o cenário é inspirado na luz de Lisboa à noite, na dicotomia da luz e da sombra e do que é revelado. E traz a personagem Maria para o palco. É uma personagem mulher mas que também pode ser homem.
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Mas é uma interpretação dessa Maria que faz?
Não, sou eu. Até porque o meu nome é Maria do Carmo. Mas acabo por revelar mais de mim. Não que estivesse escondida, mas trago um pouco mais. E isso revela que me estou a cantar a mim, sempre. Na verdade, em 2019 fiz alguns concertos a que algumas pessoas já tiveram oportunidade de assistir, mas, e sei que parece cliché, todos mudámos muito nos últimos tempos. Para além da pandemia fui mãe pela primeira vez, e isso influencia. Canto aquilo que sou.