"Green Book" é o melhor filme na noite dos Óscares em que Glenn Close e "Roma" não ganharam
A tempestade que foi a temporada de prémios não amainou nesta 91ª cerimónia dos Óscares. A Favorita, que partia com dez nomeações, venceu "apenas" a Melhor Atriz, Olivia Colman, que por sua vez roubou a estatueta àquela que era a vencedora antecipada: a veterana Glenn Close, nomeada pela sétima vez... E é à semelhança desta lógica estranha, também Roma morreu na praia, apesar de Alfonso Cuarón ter ganhado na categoria de realização (pela segunda vez).
Quanto à cerimónia em si, como se previa, Lady Gaga e Bradley Cooper a cantar Shallow foram os únicos a elevar a fasquia, com uma boa dose de intimidade musical. Caso para dizer que o guião estava mesmo desinspirado.
Conheça todos os vencedores da noite.
Melhor Filme - Green Book - Um Guia Para a Vida
O rosa choque é a cor deste ano, e Julia Roberts arrasou num vestido desta cor, para apresentar... o filme que quebrou o favoritismo de Roma, e deixou a Netflix a ver navios.
Melhor Realizador - Alfonso Cuarón (Roma)
Ora bem, o segundo prémio nesta categoria para o realizador mexicano, que o ganhou também por Gravidade. Não há dúvida de que os mexicanos estão a fazer história em Hollywood - recorde-se que os amigos Guillermo del Toro e Alejandro G. Iñarritu também já passaram por este momento.
Melhor Atriz - Olivia Colman (A Favorita)
A notícia é: Gleen Close não ganhou, à sua sétima nomeação... Parece que nem a própria Olivia Colman acredita, entre as lágrimas e o humor.
Melhor Canção Original - Shallow (Assim Nasce uma Estrela)
Claro! Era o prémio mais do que garantido. Lady Gaga com um discurso de bravura, para lá de emocionada. Os colegas fazem-lhe uma vénia.
Melhor Banda Sonora - Black Panther
O filme da Marvel continua a fazer caminho com a estatueta para o compositor Ludwig Goransson.
Melhor Argumento Adaptado - BlacKkKlansman
Ovação total! Spike Lee sobe ao palco pela primeira vez hoje... poderá subir uma segunda? Vê-se que o cineasta afro-americano aguardava este momento, e levou papéis para o seu discurso politizado.
"Let's do the right thing!" assim terminou, lembrando o filme que o lançou há 30 anos: Do the Right Thing, em português, Não Dês Bronca. Spike Lee a dar bronca!
Melhor Argumento Original - Green Book - Um Guia Para a Vida
A Academia perdeu uma boa oportunidade de premiar o excelente argumentista que é Paul Schrader. Green Book recebe o seu segundo prémio nesta cerimónia.
Melhor Curta-Metragem - Skin
Não era o favorito nesta categoria. O retrato de uma família de supremacistas brancos confrontados com o seu ódio.
Melhores Efeitos Visuais - Primeiro Homem na Lua
O filme de Damien Chazelle alcança a sua primeira estatueta, e bastante adequada. Um filme intimista, mas muito sofisticado tecnologicamente.
Melhor Curta-metragem Documental - Period. End of Sentence
Documentário que mostra a forma como as mulheres têm dificuldade em obter produtos para a menstruação na Índia rural. Viva o específico e o universal! O entusiasmo fez-se sentir nas vencedoras.
Melhor Curta-Metragem de Animação - Bao
Premiado o belíssimo toque oriental da curta-metragem que passou nas nossas salas com The Incredibles 2.
Melhor Filme de Animação - Homem-Aranha: no Universo Aranha
Mais do expectável. O filme de animação com a última homenagem ao criador de super-heróis Stan Lee... nos seus famosos cameos.
Melhor Ator Secundário - Mahershala Ali (Green Book - Um Guia Para a Vida)
O ator repete a proeza: ganhou em 2017 a mesma estatueta, por Moonlight, e agora por Green Book. Dois Óscares em três anos.
O ator homenageia Don Shirley no discurso e dedica o prémio à sua avó, que o apoiou sempre... é a apologia da persistência.
Melhor Montagem - Bohemian Rhapsody
O comediante Trevor Noah animou um pouco a audiência, ao apresentar Black Panther antes desta categoria.
Quanto ao vencedor, de facto, é preciso reconhecer que foi a mesa de montagem que salvou o filme, depois da saída de Bryan Singer da cadeira do realizador.
Melhor Filme Estrangeiro - Roma
Javier Bardem falou em espanhol para celebrar o seu próprio idioma e, claro, combinou muito bem com o vencedor. Roma era um óbvio favorito. Cuarón já está a ensaiar as subidas ao palco... esta é apenas a segunda.
Melhor Mistura de Som - Bohemian Rhapsody
Para manter a coerência, também esta estatueta foi para o filme órfão de realizador (Bryan Singer, despedido).
Melhor Montagem Sonora - Bohemian Rhapsody
O filme sobre os Queen tem aqui a sua primeira distinção da noite.
Direcção de Fotografia - Alfonso Cuarón (Roma)
Alfonso Cuarón, o homem dos sete ofícios do seu próprio filme, já começa a ser reconhecido pela fotografia a preto e branco de Roma. Um dos aspetos fulcrais de poder visual do filme.
Design de Produção - Black Panther
Jennifer Lopez e Chris Evans apresentaram este prémio. Black Panther vai somando pontos nas categorias técnicas... Os agradecimentos de Hannah Beachler são lidos no telemóvel, ao que parece, pela primeira vez numa cerimónia dos Óscares.
Melhor Guarda Roupa - Black Panther
Esta apresentação foi uma paródia, com Melissa McCarthy vestida de Rainha Ana, com os coelhinhos na cauda do vestido...
O elenco de Black Panther tem, de facto, um guarda-roupa criativo e temático.
Melhor caracterização - Vice
Não tinha nada que enganar: a maquilhagem de Christian Bale em Vice é parte da sua interpretação de Dick Cheney.
Melhor documentário - Free Solo
Helen Mirren, de rosa choque, e Jason Mamoa, de rosa velho, apresentaram esta categoria.
O documentário produzido pelo National Geographic, e com dois portugueses na equipa de som, era o vencedor expectável.
Melhor Atriz Secundária - Regina King (Se Esta Rua Falasse)
Os/as apresentadores/as das categorias têm este ano o trabalho redobrado de fazer rir a audiência... isso notou-se já nesta primeira categoria.
Regina King era uma favorita e confirmou-se. A mensagem do amor começa aqui, sob o signo de James Baldwin, o autor do romance na base de Se Esta Rua Falasse. As lágrimas da atriz são contagiantes...