20 canções que fizeram os 20 anos da carreira de David Fonseca

O músico comemora 20 anos de carreira amanhã no Coliseu dos Recreios e na sexta-feira no Coliseu do Porto
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"Até me custa a crer, esta coisa dos 20 anos", dizia David Fonseca ao DN neste ano, quando lançou o seu último disco Radio Gemini. "Nem sequer esperava que durasse dois anos, quanto mais 20. Sempre achei que um dia ia abandonar isto para ter outra profissão qualquer, que também gostasse, talvez relacionada com o vídeo e com a imagem."

Passaram 20 anos e David Fonseca comemora-os com um concerto amanhã no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e outro na sexta-feira no Coliseu do Porto. Os convidados marcam definem logo parte da geografia do músico: Camané e Manuela Azevedo, com quem compôs o projeto Humanos, Rita Redshoes, que foi sua teclista e com quem canta Hold Still, e Alice Wonder, que com canta Resist, o seu mais recente single.

David Fonseca tem recordado algumas das suas canções que fizeram parte das duas décadas de carreira, contando as histórias de algumas delas. A essas, o DN junta outras que contam esta mesma história.

Silence 4 - A Little Respect (1998)


"Dois anos antes da estreia do primeiro disco dos Silence 4, ouvi esta canção a tocar no rádio da secretaria da residência de estudantes de Lisboa onde morava na altura. Conhecia os Erasure, mas dessa vez ouvi a canção com uma atenção diferente e foi um click imediato: tínhamos de fazer uma versão daquela canção. Quando chegou a minha vez de ser atendido, disse à funcionária: vou fazer uma versão desta canção. Ela não ficou impressionada", escreveu David Fonseca na sua página de Facebook.

A banda de Leiria Silence 4 apareceu em 1998, formada por David Fonseca, Sofia Lisboa, Rui Costa e Tozé Pedrosa, tornando-se num dos maiores fenómenos de popularidade da música portuguesa. Silence Becomes It foi o seu primeiro álbum.

Silence 4 - Borrow (1998)


"Quando cheguei à cama depois de uma noite de agitação juvenil, tinha uma melodia na cabeça que não cessava de rodar. Já deitado, luz apagada e com um sono demolidor, percebi que se não a anotasse, iria estar perdida para sempre. Arrastei-me para a sala dos meus pais às 4 da manhã com a guitarra, um papel e uma caneta e escrevi a canção em 15 minutos. E depois sim, fui dormir", conta David Fonseca sobre a canção, um dos maiores sucessos da banda, no Facebook.

Silence 4 - To Give (2000)

Depois de Silence Becomes It, os Silence 4 lançaram Only Pain Is Real (2000), além de um CD de raridades entre 1996 e 2000 e os DVD dos concertos no Pavilhão Atlântico em 1998 e no Coliseu dos Recreios em 2000.

"Escrever canções depois do sucesso massivo do primeiro disco dos Silence 4 foi uma tarefa absurdamente difícil para mim. Sempre tinha escrito para mim, sem a ideia de que alguém fosse prestar grande atenção ao que dizia e, de repente, tinha milhares de olhos e ouvidos à minha volta. Este foi o primeiro tema que escrevi depois do sucesso da banda, um tema que fala da fragilidade das aparências ("You"re asking again, I told you before, The beautiful smile hides a troubled soul"). Foi também a primeira canção que compus ao piano, situação que se tornaria recorrente na minha vida de compositor."

Silence 4 - Only Pain Is Real (2000)

Someone that cannot love (2003)

Sing Me Something New foi o primeiro álbum de David Fonseca a solo. Someone that cannot love é um dos seus temas mais memoráveis.

"O meu primeiro disco a solo foi altamente experimental em várias frentes, cheio de abordagens que nunca havia tentado e que começava a descobrir a pouco e pouco. Este é um dos temas que mais me orgulho de ter escrito. Foi feito num retiro que fiz em casa da minha avó em Peniche para compôr canções, situação que voltaria a repetir inúmeras vezes na minha vida. Numa dessas madrugadas, escrevi a canção de rajada sobre a ideia do amor não correspondido. Apesar do tom dramático da canção e da melancolia inerente às suas palavras, perdi a conta às vezes que me pediram para tocá-la em casamentos. Recusei todas", escreveu o músico no Facebook.

The 80's (2003)


"Depois de anos a fazer canções de raiz acústica, este tema foi o primeiro que quebrou esse molde. "The 80"s" mostrava um outro lado que nunca tinha sido claro no meu percurso artístico: havia um "party animal" em mim pronto para a bola de espelhos! Não foi um tema fácil para a rádio, habituada à minha voz enquadrada em baladas, mas um anúncio a uma operadora de telemóveis resgatou o tema da obscuridade e acabou por tornar-se um dos meus maiores êxitos. O que inspirou a canção? Uma saída à noite que acabou a altas horas numa discoteca que só passava música dos anos...80, claro. Quando acordei no dia seguinte, escrevi a canção baseado em tudo o que tinha visto nessa noite de danças inusitadas e usei todos os truques musicais que me lembrava dessa década. É uma das minhas preferidas para tocar em cima do palco."

Hold Still (2005)

Canção do álbum Our Hearts Will Beat As One
"Antes da Rita se transformar em Rita Redshoes, fez parte da minha banda entre 2003 e 2009. Sempre soube que ela ia seguir o caminho dela, o seu talento tinha muitas estradas para percorrer e foi um orgulho imenso tê-la na minha banda. Na feitura do meu segundo disco a solo, convidei-a para cantar comigo este "Hold Still", uma abordagem sem medo à balada romântica clássica. Gosto especialmente do resultado desta canção, fruto de uma gravação ao vivo nos estúdios do Mário Barreiros com a minha banda de sempre e que aqui brilha de forma inequívoca. É uma canção feita para duas vozes e com duas histórias distintas que, apesar de não se conhecerem, esperam um dia encontrar-se. Como diz a canção, "I know you"re somewhere out there"."

Adeus, não afastes os teus olhos dos meus (2005)

Canção do álbum Our Hearts Will Beat As One

Humanos - O corpo é que paga (2004-2006)

Em 2004 Camané, Manuela Azevedo, David Fonseca, Sérgio Nascimento, Hélder Gonçalves, Nuno Rafael e João Cardoso juntaram-se para interpretar canções de António Variações, algumas das quais inéditas.

Superstars (2007)

Canção do álbum Dreams in Colour.

"Na altura da feitura de "Dreams in Colour", havia muitas ideias novas que queria perseguir. Tinha acabado de estar no festival South by Southwest em Austin pela primeira vez e, influenciado por muitas bandas que conheci, vim com uma agenda completamente diferente do que era habitual. "Superstars" foi uma das primeiras canções que fiz e contava com um assobio que usei apenas como referência para o instrumental. No entanto, uma vez posto, nunca mais consegui tirá-lo da canção. Gravei-a quase inteiramente no meu estúdio caseiro, com amplificadores de guitarra em cima da máquina de lavar a roupa. Acabei-a no estúdio MB no Porto, com a letra final a ser escrita no chão do estúdio minutos antes de ser gravada. Houve muitas dúvidas no lançamento desta canção como single por ser uma canção cheia de guitarras eléctricas (já tinha sido complexo lançar o tema "The 80"s" e a editora temia os mesmos problemas nas rádios), mas foi o Tozé Brito que avançou sem hesitações para a escolha deste tema como primeiro single do disco. Acabou por tornar-se um enorme sucesso, ao ponto de ter ouvido este assobio na rua durante 2 anos em todo o lado onde ia. Por uns momentos, criei um monstro e ele assobiava", escreveu David Fonseca no Facebook.

Kiss Me Oh Kiss Me (2007)

"Há canções que aparecem na minha vida de forma espontânea e inexplicável. Este tema foi escrito numa tarde ao piano depois de insistir noutra canção que nunca chegou a nenhum lado. Fruto dessa frustração, nasceu uma canção de redenção que fala do acto de falhar numa conversa a dois: "And the cracks in the pavement, We all fell there before, And bones built into skeletons, We"ve all been through that door". Não quis gravar a canção de forma convencional e há muita experimentação na forma como foi captada, desde as cordas distorcidas a entrar e a sair do ar ou a percussão que gravei com o Sérgio Nascimento, fruto de mil experiências no chão do meu estúdio caseiro improvisado."

Rocket Man (2007)


"Apesar de ter feito inúmeras versões ao longo dos anos nos meus espectáculos ao vivo, raramente gravei canções de outros em versões de estúdio. "Rocket Man" do ‪Elton John‬ foi uma insistência minha desde o primeiro dia. Tinha uma ideia muito clara de como seria esta versão e achei que podia trazer esta canção para o meu universo musical. O vídeo foi dos mais divertidos que realizei e também um dos mais polémicos, continuando a ser um dos meus preferidos. Uma semana depois da rodagem do vídeo, ainda tinha caramelo agarrado ao couro cabeludo."

Stop 4 a Minute (2009)

Canção de Between Waves (2009)

"Apesar da minha vertente mais rock n´roll estar espalhada ao longo da minha discografia, muito raramente foi elevada a single como aconteceu com "Stop 4 a Minute". Fazer um vídeo para esta canção foi dos melhores e mais divertidos desafios de sempre. Contei com a fotógrafa/performer @rita_lino que se juntou a mim nesta aventura e fomos levando ao extremo todas as ideias aqui presentes. Será sempre uma das canções que mais gosto de levar ao palco."

What Life is For (2012)

Do álbum Seasons: Rising
"Seasons" foi uma das ideias mais complexas e arriscadas da minha discografia: escrever um disco em forma de diário durante um ano inteiro. Muitas das canções atingiram níveis altamente experimentais dentro do meu universo musical e este é um bom exemplo disso. "What Life Is For" é uma canção carregada de sintetizadores, uma ode à minha admiração por música electrónica. Foi uma escolha de single contra tudo e todos, mas achei que era uma forma de mostrar outras facetas da minha música a um público maior. Tornou-se um dos meus maiores hinos de palco, uma festa instantânea desde o primeiro acorde.

All That I Wanted (2012)

Do álbum Seasons: Rising

Futuro Eu (2015)

Canção homónima do disco Futuro Eu, o seu primeiro álbum com canções escritas em português.
"O meu primeiro disco em português foi uma das maiores aventuras criativas de sempre. Para quem tinha passado mais de uma década a fazer canções numa língua diferente, de repente estava a aprender a fazer tudo outra vez, praticamente a começar do zero. Não fazia ideia ao que soaria a minha voz e a minha música dentro de um universo lírico diferente, mas mandei-me para a frente com a curiosidade de uma criança. Este tema foi o primeiro de muitos que lancei desta fase e é um dos meus preferidos do disco. Ao vivo, esta canção transforma-se num cavalo a galope e é sempre um dos meus momentos predilectos no palco."

Ela gosta de mim assim (2016)

Canção do disco Futuro Eu. O vídeo reproduz propositadamente o de You can call me all, de Paul Simon. David Fonseca convidou Bruno Nogueira para ser o protagonista.

Lazarus (2017)

Depois da morte de David Bowie (em 2016), David Fonseca reuniu artistas como Camané, Márcia, Ana Moura, António Zambujo, Rita Redshoes ou Rui Reininho, entre outros, para o projeto Bowie 70. No disco que resultou do projeto, David Fonseca interpreta Lazarus.

Oh My Heart (2018)

Canção do álbum Radio Gemini

Resist (2018)

É o mais recente single e vídeo de Radio Gemini, e conta com a participação de Alice Wonder, uma das convidadas para os concertos nos coliseus.

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