CPI das Gémeas: Chega volta a requerer audição de Marcelo Rebelo de Sousa
O grupo parlamentar do Chega apresentou um novo requerimento para que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, seja ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito às Gémeas Tratadas com o Medicamento Zolgensma.
No requerimento, assinado por André Ventura, Cristina Rodrigues e Pedro Pinto, e dirigido ao presidente da comissão parlamentar de inquérito, que é o deputado Rui Paulo Sousa, também eleito pelo Chega, lê-se que se torna "fulcral proceder a todas as diligências necessárias para a descoberta da verdade", o que implica convidar novamente o Presidente da República "a esclarecer, de forma clara, perante o interesse público, e em condições de igualdade com os demais cidadãos" que já foram ouvidos, alegações de que teve intervenção no tratamento das gémeas luso-brasileiras, que sofrem de atrofia muscular espinhal, no Serviço Nacional de Saúde.
O grupo parlamentar do Chega pediu a audição de Marcelo Rebelo de Sousa pela primeira vez em 31 de julho, mas na altura o Presidente da República enviou uma resposta ao Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, dizendo-lhe que reservaria para mais tarde a decisão quanto ao depoimento. E, além do seu cargo, terá invocado o número significativo de audições que ainda estavam previstas.
"Decorridos aproximadamente cinco meses desde a referida resposta, verifica-se que a maioria das audições já foi realizada, restando apenas um número reduzido para concluir. Por isso, é expectável que, em breve, sejam ouvidas todas as partes convocadas, facto que torna premente uma resposta clara e inequívoca sobre a detenção de o Senhor Presidente da República em se pronunciar perante a Comissão Parlamentar de Inquérito", defendem os deputados do Chega, referindo-se a declarações de Marcelo Rebelo de Souas que "alimentaram uma crescente especulação quanto à sua eventual intromissão e envolvimento nos factos sob escrutínio".
A disponibilização do medicamento Zolgensma, com um custo estimado em quatro milhões de euros, e a forma como o Hospital de Santa Maria deu acesso às duas crianças gerou polémica e levou a que fossem ouvidos responsáveis como a antiga ministra da Saúde, Marta Temido, e o antigo secretário de Estado Lacerda Sales. Também levou a um corte de relações do Presidente da República com o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, cujo papel no tratamento das crianças também está a ser investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito.