Manhã desportiva com paragem para medir tensão arterial

Manhã desportiva com paragem para medir tensão arterial

Estacionada de frente para o rio Mondego, junto à Ponte Pedonal Pedro e Inês, a carrinha da campanha “Pela Saúde de Portugal” chamava a atenção de quem passava. Iniciativa da Sociedade Portuguesa de Hipertensão que faz rastreios gratuitos à população esteve em Coimbra.
Publicado a
Atualizado a

Óscar aproveitou a manhã do último sábado para fazer a habitual corrida de fim de semana. O exercício físico é uma rotina do jovem de 30 anos, mas ao ver o aparato no Parque Verde do Mondego decidiu parar para perceber o que estava a acontecer. Foi das primeiras pessoas a inscreverem-se no rastreio gratuito: “achei interessante porque estou sempre à procura de ser saudável. É importante que todos possam ter acesso a este tipo de avaliações. Eu faço-o uma vez por ano”.
Carlos Robalo Cordeiro, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, também passou por ali em passo de corrida voltando, pouco depois, sorridente. “Já fiz o meu jogging”. O médico congratulou a iniciativa que decorreu na cidade dos estudantes com apoio da Servier Portugal, DN e TSF. “Estes rastreios são sempre úteis e é bom colaborar. É importante também que as pessoas, antes de mais, percebam que devem tratar da saúde e não desvalorizar sintomas de qualquer doença”, afirmou.

“Os jovens pensam que as doenças surgem apenas quando somos mais velhos e que são problemas de pais e de avós, mas existem cada vez mais doenças a aparecerem em pessoas mais novas”

Hipertensão é problema de todas as idades

Nas margens tranquilas do rio, além de desportistas, a pé ou de bicicleta, passeavam, na manhã de sábado, famílias e casais divertidos com os amigos de quatro patas. Ana e Luís aproveitaram para se inscreverem e fazerem a avaliação. Ela, de 32 anos, conta que é hipotensa, ou seja, tem frequentemente níveis de tensão arterial baixos e, apesar de os controlar regularmente, por ser enfermeira, achou interessante participar na ação. “Hoje tenho os níveis um pouco mais altos do que é habitual, mas dentro dos valores normais”, conta.

Perante um conjunto diversificado de pessoas a fazer o rastreio à hipertensão arterial, mas destacando os mais jovens, a enfermeira aproveitou para alertar para o tema da alimentação cada vez mais processada. Os diferentes profissionais de saúde voluntários nesta ação confirmaram as preocupações de Ana e sublinharam que, tendo em conta as conversas com os utentes mais novos e sobretudo pelos resultados das medições da tensão arterial e pela avaliação do perfil lipídico, que também é feita nesta campanha, a fast food é mesmo um inimigo cada vez mais comum da saúde dos portugueses.

Rogério Ferreira, médico no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, reforça o alerta quando diz que “mais de 80% do sal ingerido está escondido em alimentos pré-confecionados que se descongelam e vão ao micro-ondas”. Rosa de Pinho acrescenta que estes hábitos, sobretudo da população mais jovem e urbana, aliados a estilos de vida mais sedentários e com menor prática de exercício físico, estão a agravar o quadro de doenças. A presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) relata que “nas urgências é cada vez mais frequente chegarem pessoas na faixa etária dos 40 e 50 anos, com sintomas de enfarte e Acidente Vascular Cerebral (AVC). É assustador”. Rosa explica que a alimentação é um dos fatores principais para nos mantermos saudáveis. “Os hábitos durante o crescimento influenciam a vida futura e uma boa alimentação conta muito. Os jovens pensam que as doenças surgem apenas quando somos mais velhos e que são problemas de pais e de avós, mas existem cada vez mais doenças a aparecerem em pessoas mais novas”.

“Estes rastreios possibilitam a identificação de problemáticas de saúde e encaminham os doentes para os cuidados de saúde primários, para depois serem seguidos”

Estar perto da comunidade é essencial

Nestes alertas dos profissionais de saúde, o tabagismo é apontado como outro malefício e nesta ocasião também foi tema dominante. O médico Rogério Ferreira tem consciência que “é difícil deixar de fumar, mas é fundamental para garantir bons níveis de tensão arterial”. Sobre a proximidade da campanha “Pela Saúde de Portugal” junto da população considera ser uma mais-valia porque, além do rastreio e das avaliações efetuadas pelos médicos locais, o contacto direto permite desmistificar procedimentos e despertar a consciência dos menos cuidadosos. Nesta causa estiveram também empenhados muitos elementos e voluntários da delegação do Centro da Fundação Portuguesa de Cardiologia que reforçaram, em diversos pontos da cidade, a pedagogia junto dos conimbricenses.

A técnica superior da Divisão de Saúde da Câmara Municipal de Coimbra, Susana Marcelino, foi uma das muitas pessoas que prontamente e sem receios fizeram os testes, felicitando a ação que integra a estratégia municipal de saúde. “Estes rastreios possibilitam a identificação de problemáticas de saúde e encaminham os doentes para os cuidados de saúde primários, para depois serem seguidos. É uma aposta a nível da prevenção da doença e promoção da saúde”.

A iniciativa “Pela Saúde de Portugal” já esteve no Porto, Vila Real, Guarda e a próxima paragem será em Santarém, a 20 de abril. As ações de rastreio pretendem sensibilizar as populações para a importância de prevenir e controlar a hipertensão arterial, contribuindo para a Missão 70/26 da SPH que tem como objetivo ter controlados 70% dos hipertensos portugueses até 2026.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt