Pfizer admite que variante sul-africana pode reduzir proteção da vacina

A farmacêutica está a desenvolver esforços para uma versão atualizada da vacina ou uma dose de reforço, caso seja necessário.

A vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech poderá ser menos eficaz contra a variante sul-africana do vírus responsável pela covid-19. Um novo estudo laboratorial, levado a cabo por cientistas das duas empresas e da faculdade de Medicina da Universidade do Texas, sugere que a linhagem B.1.351 do SARS-CoV-2 pode reduzir a proteção de anticorpos da vacina em dois terços, revelaram as farmacêuticas.

Não é claro, no entanto, que esta redução signifique que a fórmula seja ineficaz, uma vez que ainda não há dados concretos sobre qual é o nível de anticorpos necessário para a proteção contra o novo coronavírus, referiu um dos autores do estudo, cujos resultados foram publicados no New England Journal of Medicine.

"Não sabemos qual é o número mínimo de neutralizantes [necessários]", disse o professor da Universidade do Texas, Pei-Yong Shi, à Reuters.

O fármaco conseguiu, no entanto, neutralizar o vírus, não havendo evidências de testes em seres humanos de que a variante detetada pela primeira vez na África do Sul reduz verdadeiramente a proteção da vacina, afirmaram as empresas.

Refira-se que as vacinas da Pfizer - a primeira que Portugal começou a usar desde 27 de dezembro -, Moderna e AstraZeneca são aquelas que já foram aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento..

Apesar da variante reduzir a proteção, a vacina deve ajudar a proteger contra a forma grave da covid-19, diz especialista

Ainda assim, as duas farmacêuticas fizeram saber que estão a desenvolver esforços para criar uma versão atualizada da vacina ou uma dose adicional para aumentar a proteção

Neste novo estudo, os cientistas desenvolveram versões do vírus com mutações detetadas na variante sul-africana, denominada de B.1.351. Este vírus foi depois testado no sangue de 20 pessoas que tinham recebido a vacina e verificou-se uma redução de dois terços nos anticorpos neutralizantes da fórmula produzida pela Pfizer e BioNTech.

Mas Pei-Yong Shi refere à agência de notícias que tanto a vacina Pfizer/ BioNTech como uma dose da Moderna estabeleceram alguma proteção após uma única dose. Nesse sentido, o professor da Universidade do Texas considera que mesmo que a variante reduza significativamente a eficácia, a vacina deve ajudar a proteger contra a forma grave de covid-19 e, consequentemente, reduzir a taxa de mortalidade.

Sao, no entanto, necessário mais estudos para verificar a eficácia desta vacina contra a variante sul-africana do SARS-CoV-2, acrescentou o especialista.

Também a fórmula desenvolvida pela Moderna, que tal como a da Pfizer é baseada na tecnologia mRNA, revelou uma redução na proteção de anticorpos da vacina face à linhagem B.1.351 do vírus, de acordo com um estudo que a farmacêutica norte-americana desenvolveu e cujos resultados foram igualmente divulgados no New England Journal of Medicine. Ainda assim, a empresa considera que a vacina não é menos eficaz contra esta variante.

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