Peixe sob o olho da IA no combate à pesca ilegal.O futuro da pesca sustentável envolverá uma combinação de fiscalizações humanas em cooperação com novas tecnologias. Isso mesmo destaca o artigo Peixes e microchips: como pode a IA ajudar os pescadores europeus e proteger os mares, assinado pelo jornalista Denis Loctier, publicado no site da Euronews..A referida peça situa o leitor em Båtsfjord, uma aldeia piscatória na costa norte da Noruega, uma região de duras condições atmosféricas e marítimas. Um cenário enfrentado no dia a dia pelos pescadores naquelas águas árticas. A peça destaca o trabalho de “Tommy Jonassen, que é proprietário de um barco de pesca” e destaca a importância de relatórios precisos de captura: “O peixe indesejado não pode ser simplesmente devolvido ao mar.”.Na prática, cada espécie tem de ser registada e pesada em separado. Acresce que a regulamentação norueguesa referente à indústria pesqueira é rígida. Pequenos erros nos relatórios podem levar a consequências graves, o que inclui multas e redução nas cotas de capturas..O grande desafio que se coloca a Båtsfjord, como a milhares de outros pescadores, é pesar toneladas de peixe, de espécies diferentes e de forma rápida e precisa. É neste contexto que há lugar a uma ferramenta desenvolvida por um projeto europeu, o Everyfish, centrado no desenvolvimento de sistemas inteligentes destinados ao registo exato de capturas de pesca. Entre as ferramentas apresentadas pelo projeto está o denominado CatchScanner, que usa IA para identificar espécies de peixes, o seu tamanho e peso, conforme o pescado é movimentado ao longo de uma correia transportadora. .“Esta tecnologia visa tornar o processo de contagem de capturas o mais automático e preciso possível”, sintetiza a equipa do Everyfish no site que serve de apresentação ao projeto. No caso vertente, a nova ferramenta resulta de um trabalho próximo dos engenheiros da Everyfish junto dos pescadores. Há que “garantir que estas soluções respondem às necessidades do mundo real e funcionam bem em barcos que balançam nos mares frios e salgados”, sublinha o já citado artigo publicado no site da Euronews..De acordo com os engenheiros da Everyfish, na informação disponibilizada na página online, o sistema CatchScanner, não se destina apenas à pesca em grande escala. “Estamos a desenvolver sistemas de visão por computador que podem identificar e medir peixes individuais numa pilha, o que permitirá aos pescadores artesanais e recreativos recorrerem a smartphones para relatórios de capturas”. .Ainda de acordo com a Everyfish, “a mesma tecnologia poderá guiar braços robóticos para classificar e manusear capturas, reduzindo o esforço físico dos pescadores”..O projeto Everyfish integra-se numa iniciativa maior da União Europeia (UE) no combate à pesca ilegal e promoção de práticas sustentáveis. Em concreto, “a Agência Europeia de Controlo de Pesca [entidade que visa assegurar a correta aplicação da política comum das pescas da UE] está a usar várias tecnologias, incluindo rastreamento por satélite e algoritmos de IA, para monitorar atividades de pesca e detetar potenciais violações”..De acordo com dados extraídos do relatório The State of the World Fisheries and Aquaculture 2024, da responsabilidade da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), 70% do marisco consumido na UE é importando, sobretudo, da Noruega, da China e do Equador. Estima-se que cerca de 500 mil toneladas destas importações sejam fruto de pesca ilegal, não-declarada e não-regulamentada..Mais acrescenta o documento que, à escala global, estima-se que um em quatro peixes é pescado de forma ilegal, todos os anos, o que corresponde a 26 milhões de toneladas. Sublinhe-se que a pesca ilegal, aquela não-declarada e não-regulamentada, apresenta um impacto significativo no comércio e no ambiente de todo o mundo. Esgota as reservas de peixe e destrói os habitats marinhos..A médio e longo prazo, o objetivo da Everyfish, de acordo com os próprios, “é a implementação bem-sucedida de uma pesca totalmente documentada, a partir dos produtos e aplicativos desenvolvidos e testados”..“A UE vai exigir a instalação de câmaras de vigilância em embarcações de alto risco, para combater a pesca ilegal e outras infrações. Esta videovigilância vai ter de cumprir as leis de privacidade e proteção de dados. Mesmo assim, os pescadores mostram-se céticos em relação à medida”, conclui o artigo da Euronews..O Sol, esse fotogénico astro perante o olhar da Solar Orbiter.A Solar Orbiter, também denominada SOLO, é uma sonda espacial de observação solar dedicada à física daquele astro. O engenho, desenvolvido pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e pela norte-americana NASA, teve lançamento em fevereiro de 2020, a partir de Cabo Canaveral, no Estado Americano da Florida. Prevê-se que a missão dure sete anos, eventualmente prolongada mais três. Após passar pelas órbitas de Vénus e Mercúrio, a sonda, cuja velocidade máxima alcança os 245 000Km/h, visa uma aproximação a 42 milhões de Km do Sol, ou seja, menos de um terço da distância média que o separa da Terra. A sonda é protegida por uma blindagem térmica, pois as temperaturas a que será exposta atingem os 600°C..Fruto desta expedição, a ESA convida-nos a visitar o seu site (https://www.esa.int) e a ampliar quatro novas imagens do “astro-rei”, reunidas a partir de observações de alta resolução pelos instrumentos a bordo da SOLO e recolhidas a 22 de março de 2023. As novas imagens do Sol, com registos da superfície visível (fotosfera) e da atmosfera externa (coroa solar), foram captadas quando a Solar Orbiter se encontrava a menos de 74 milhões de Km do Sol. Uma proximidade ao astro que obrigou a que cada imagem de alta resolução cobrisse apenas uma pequena parte do Sol. Após a captura de cada imagem individual, a SOLO inclinava-se e girava. Isto, até que cada parte da face do Sol fosse fotografada. Após isto, todas as imagens foram “costuradas” como um mosaico..Até ao presente estas são as “visualizações completas com maior resolução da superfície visível do Sol e incluem mapas do conturbado campo magnético do Sol e do movimento na sua superfície”, destaca a ESA..Ainda de acordo com a ESA “nenhum objeto no Sistema Solar é tão dinâmico e multifacetado quanto o Sol. A missão Solar Orbiter observa o Sol com seis instrumentos de imagem. Um trabalho conjunto que permite que a espaçonave ‘descasque’ as muitas camadas do Sol e revele as suas muitas faces”..As novas imagens são montadas a partir de capturas obtidas pelo Polarimetric and Helioseismic Imager (PHI) da sonda espacial. “Este instrumento não apenas capta imagens em luz visível, mas também mede a direção do campo magnético e mapeia a rapidez e a direção em que diferentes partes da superfície estão a mover-se”, esclarece a ESA, para continuar: “As medições da fotosfera do PHI podem ser comparadas diretamente com uma nova imagem da atmosfera externa do Sol (a coroa) montada a partir de imagens de alta resolução tiradas pelo instrumento Extreme Ultraviolet Imager (EUI)”..Uma das características mais marcantes das imagens prende-se com as manchas solares, semelhantes a pontos escuros, ou buracos, na superfície lisa. “As manchas solares são mais frias do que seus arredores e, portanto, emitem menos luz”, esclarece a ESA..A divulgação das novas imagens dinâmicas do Sol segue-se ao anúncio, em 2022, de imagens completas daquele astro, captadas a uma distância de cerca de 75 milhões de Km. A fotografia de então resultou de um mosaico de 25 imagens individuais. .Recuando perto de 180 anos, crê-se que a primeira fotografia do Sol, captada a partir da Terra, date de 2 de abril de 1845. A imagem com recurso a uma nova tecnologia da época, o daguerreótipo, teve a assinatura dos físicos franceses Hippolyte Fizeau e Léon Foucault. Já então, a imagem captava as manchas solares..Livros.A Cidade Viva.O italiano Stefano Mancuso, vencedor do Prémio Galileo de Divulgação Científica 2018 e especialista em neurobiologia vegetal, regressa às livrarias com o livro A Cidade Viva (edição Pergaminho), uma reflexão sobre o futuro da Humanidade e das metrópoles. O autor defende que a sobrevivência humana depende da reintegração da natureza no espaço urbano. As cidades do futuro, segundo Mancuso, devem ser transformadas em “fitopolis”, onde as relações entre plantas e animais se reaproximem da harmonia que encontramos na natureza. A obra traça o percurso da Humanidade desde os tempos em que vivia imersa na natureza até ao presente, onde a urbanização extrema nos transformou numa espécie altamente dependente de um ambiente artificial. O livro tem o preço recomendado de 16,60€..O Nuclear.O Nuclear (edição Guerra e Paz), do especialista Cédric Lewandowski, dá-nos uma breve história da energia nuclear, desde a descoberta da radioatividade natural em 1896 até aos dias de hoje e os caminhos do amanhã. Que papel desempenha a energia nuclear na soberania nacional? Quais são as suas vantagens na luta contra o aquecimento global? Treze anos depois do acidente nuclear de Fukushima, no Japão, vale a pena fornecer algumas chaves para se compreender um assunto complexo e controverso. Cédric Lewandowski, responsável pela Divisão de Energia Nuclear e Térmica do Grupo Électricité de France, oferece-nos uma panorâmica da energia nuclear no mundo: o custo da energia nuclear, a segurança das centrais, o desmantelamento, a gestão dos resíduos, entre outras questões-chave. O livro tem o preço recomendado de 15,00€.