"Um dia único e memorável", escreveu Aga Khan a Marcelo Rebelo de Sousa
Eram 11. 34 quando o Audi verde chegou e Aga Khan pisou o Palácio de Belém, recebido por Marcelo Rebelo de Sousa. Feitos os cumprimentos, houve honras militares, o hino de Portugal tocado pela banda da GNR e breves cumprimentos para as fotografias.
"Dia único e memorável", escreveu o líder espiritual dos ismaelitas no Livro de Honra da Presidência da República, assinalando a sua visita oficial a Portugal na semana em que celebra o encerramento do jubileu de diamante, isto é, os seus 60 anos à frente do Imamat. Por esta altura, cerca de 45 mil ismaelitas concentram-se em Lisboa para os festejos.
A reunião, sem jornalistas nem repórteres de imagem (apenas puderam entrar durante alguns minutos no início), durou cerca de uma hora. Marcelo Rebelo de Sousa e Aga Khan estiveram na varanda com vista de rio.
No pátio dos bichos, primeiros dos jardins zoológicos de Lisboa nos tempos da monarquia e hall de entrada das visitas oficiais da Presidência da República, continuou a guarda de honra. Às 12.45, fizeram-se as despedidas. Com Aga Khan seguiu Nazim Ahmad, o representante diplomático do Imamat Ismaili, em Portugal.
Este foi o primeiro de uma série de encontros oficiais que o líder dos ismaelitas mantém com as autoridades portuguesas. De manhã com o Presidente da República, ao almoço com António Costa e à noite num banquete oficial oferecido por Marcelo Rebelo de Sousa.
Amanhã Aga Khan, que completa 82 anos em dezembro, e é o presidente da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (uma organização que fatura cerca de 800 milhões de euros anualmente, redistribuídos pelas suas agências presentes em vários países, incluindo Portugal), discursa na Assembleia da República e inaugura a exposição Ideals of Leadership: Master pieces from the Aga Khan Museum Collections. Almoça com Ferro Rodrigues em S. Bento e, à tarde, visitará as obras que decorrem no Palacete Mendonça, futura sede do Imamat Ismaili, no topo do Parque Eduardo VII.
Em 2015 foi celebrado um acordo entre o Estado Português e o Imamat para que a sede seja transferida de Paris para Lisboa. Ficará na casa do início do século XX que o arquiteto Ventura Terra desenhou para o roceiro Henrique Mendonça e para a sua família. O palacete, onde funcionava o MBA da Universidade Nova, foi vendido aos ismaelitas por 12 milhões de euros e encontra-se neste momento em processo de reabilitação, a partir de um plano de Frederico Valsassina em colaboração com a Fundação Ricardo Espírito Santo. A inauguração está prevista para 2019. Cerca de 500 pessoas virão trabalhar para Lisboa.
Apesar dos encontros de Estado, a visita de Aga Khan é sobretudo religiosa. No dia 11, quarta-feira, além de passar pelo Palacete Mendonça para uma cerimónia religiosa, encontra-se com a comunidade no Parque das Nações. Os pavilhões da Fil abrem-se, convertendo-se numa única e ampla assembleia para os ismaelitas que se encontram em Lisboa rezarem com o líder. Reconhecem-se pelas suas pulseiras verdes e encarnadas, as cores da bandeira ismaili. Vieram de 35 países para aquele que consideram ser um dos momentos mais importantes da comunidade.