Estimular a sustentabilidade na área da saúde, fomentar a inovação em saúde sustentável, promover a introdução da inovação na investigação e na prática clínica, reforçar a aproximação à academia e divulgar boas práticas. Eis o objetivo do “Prémio Inovação em Saúde: Todos pela Sustentabilidade”, uma iniciativa promovida pela Sanofi, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e pela NTT DATA.Para Maria de Belém Roseira, presidente do júri do Prémio, a “dificuldade em juntar recursos convergentes” é um “grande problema”, especificamente na Saúde, em que “o avanço do conhecimento se traduz em oportunidades para evitar ou vencer a doença”. Salienta, por isso, a importância da “colaboração entre os vários agentes” em prol da melhoria de vida das pessoas. Para garantir a inclusão e o acesso da inovação em saúde a todos os cidadãos, a antiga ministra da Saúde defende a necessidade de “trabalhar de uma maneira mais inteligente e mais orientada para as finalidades a atingir”, não podendo “faltar a reflexão estratégica, a definição de prioridades, a co-construção dos objetivos e as metodologias” para alcançar os objetivos identificados.No “Prémio Inovação em Saúde: Todos pela Sustentabilidade”, a aliança entre indústria farmacêutica, academia, ciência e tecnologia permite que “as ideias sejam, ao mesmo tempo, cientificamente sólidas, tecnicamente exequíveis e relevantes para o sistema de saúde”, assinala João Eurico da Fonseca, presidente executivo do júri deste prémio e diretor da FMUL.A academia tem um papel transformador nesta iniciativa “ao criar conhecimento independente, formar profissionais e garantir a avaliação da inovação com uma metodologia robusta”, sublinha o diretor da FMUL, uma instituição que pretende “ser uma ponte entre o laboratório, a indústria e o doente”. Isto porque, as escolas médicas podem “acelerar a inovação criando ecossistemas onde estudantes, profissionais de saúde, investigadores e parceiros externos trabalham juntos desde o primeiro dia num projeto”. O responsável dá como exemplo a união entre o Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML) a FMUL, a ULS de Santa Maria, a Escola Superior de Enfermagem e o Gulbenkian Institute for Molecular Medicine. “Juntos procuramos que as soluções respondem a necessidades reais e chegam efetivamente aos doentes”..Premiados conhecidos no dia 26 de novembroNa 2.ª edição do prémio serão distinguidos projetos em quatro categorias – Sustentabilidade Social, Sustentabilidade Económica, Sustentabilidade Ambiental e Sustentabilidade na Transformação Digital – e os premiados serão conhecidos numa cerimónia, que está agendada para o próximo dia 26 de novembro, de manhã, no Auditório João Lobo Antunes da FMUL.A sustentabilidade na sua tripla dimensão social, económica e ambiental é a imagem de marca deste prémio, segundo Maria de Belém Roseira. “Os projetos devem poder ser operacionalizáveis e replicáveis, caso contrário serão meros exercícios intelectuais”, sustenta a presidente do júri, assegurando que os projetos submetidos são avaliados e selecionados consoante o “contributo que podem dar para um sistema de saúde com maior disponibilidade, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade”.Para João Eurico da Fonseca, as quatro categorias “refletem a convicção de que a inovação em saúde só é sustentável se for socialmente justa, economicamente responsável, ambientalmente consciente e digitalmente habilitada”. Até porque, os critérios do prémio contemplam “soluções integradas, com impacto mensurável e potencial de escalabilidade no Serviço Nacional da Saúde (SNS)”, diz o docente, com a expectativa de que os candidatos sejam orientados para “olharem para o doente, para o sistema e para o planeta como um todo, numa perspetiva de Saúde Global”.. Na edição de 2025 foi introduzida uma categoria para estudantes. É um “convite à irreverência”, frisa o diretor da FMUL, que espera “ideias simples, digitais, interdisciplinares e muito próximas da experiência real”, porque a atual geração de estudantes “pensa diferente”. E especifica: “Completamente embebidos num mundo digital, é-lhes intuitivo incorporar a inovação para objetivos de usabilidade pragmática. Com mentoria adequada, projetos piloto e integração em equipas clínicas, essas ideias podem ser testadas, adaptadas e incorporadas nos serviços de saúde”.Muitas vezes, a inovação que nasce no meio académico não chega ao doente, devido a barreiras como a “distância entre academia e os decisores que poderão implementar a inovação, dificuldades de validação em contexto real, dificuldades regulatórias, resistência organizacional à mudança e subfinanciamento da área de investigação e inovação”, aponta João Eurico da Fonseca, crente que este prémio possa ajudar a população a ter acesso à inovação, “ao dar visibilidade, credibilidade e apoio estruturado a projetos com maturidade para avançar”.E, para que uma solução inovadora impacte no sistema de saúde e na vida das pessoas, é essencial “começar sempre por um problema clínico concreto que deve ser validado com quem está no terreno e com os doentes”, aconselha o académico apologista da criação de “soluções simples, escaláveis, com benefícios mensuráveis e um modelo claro de implementação prática na Saúde, não apenas uma boa tecnologia”. De acordo com Maria de Belém Roseira, “só através do aprofundamento do conhecimento que inova e transforma conseguiremos avançar de forma sustentada, alcançando níveis de saúde cada vez mais elevados, mas, também, cada vez mais respeitadores dos princípios que presidem a esta atividade, de entre os quais a sustentabilidade ambiental”.Por este motivo e por acreditar que a promoção da vida humana e da saúde é uma obrigação de cidadania, a presidente do júri sustenta que “premiar quem se distingue nos domínios abrangidos pelo Prémio é também um dever, pois contribui para o sucesso coletivo”, tendo um “efeito pedagógico importante que não deve ser desperdiçado, para além do exercício de reconhecimento que constitui”.. Inteligência Artificial aplicada à SaúdeInteligência Artificial (IA) aplicada à Saúde é o tema da 2.ª edição do “Prémio Inovação em Saúde: Todos pela Sustentabilidade”. A IA “já está a transformar silenciosamente o mundo e a entrar na vida dos doentes e dos profissionais de saúde, progressivamente influenciando a forma como diagnosticamos, tratamos e organizamos os cuidados de saúde”, constata João Eurico da Fonseca. Enquanto clínico académico, vê na IA um “enorme potencial para ganhar precisão, tempo e segurança, com a preocupação de garantir rigor científico, ética e transparência”. Tem, também, a convicção que a IA pode contribuir para “uma prática clínica mais humana e mais eficaz, ao libertar o médico de alguns procedimentos administrativos e ao aumentar a disponibilidade de informação crucial para decisões clínicas”.Maria de Belém Roseira corrobora: “A libertação de tarefas mais administrativas que consomem os tempos dos médicos que deveriam ser investidos no aprofundamento da relação médico/doente, uma vez que cada um de nós tem uma singularidade irredutível, que influencia no comportamento da doença. Também a qualidade da gestão beneficia das ferramentas que a IA permite desenvolver, na busca da aplicação rigorosa e criteriosa dos recursos que são disponibilizados, sejam humanos, sejam financeiros”.