António Costa.Quando, em 2015, depois de ter assinado um acordo com o BE e com o PCP, para aprovação doseu Programa de Governo, que mais tarde viria a ser classificado por Paulo Portas como geringonça, o ex-primeiro-ministro deixou claro, na sua Mensagem de Natal, que o caminho não seria fácil. O seu antecessor foi Pedro Passos Coelho, que governou num período marcado pela austeridade, na sequência do resgate financeiro pedido pelo seu antecessor, José Sócrates..Por isso, António Costa apelou à construção de “um tempo novo para Portugal”. Mas lembrou também que haveria “enormes desafios”. E foi aí que encontrou a palavra de ordem do seu discurso: confiança..“Estou confiante de que os vamos superar”, assegurou o ex-chefe do Governo, reforçando que aquela seria uma “mensagem de confiança num futuro melhor”..Naquele momento, António Costa escolheu como objetivo “a consolidação sustentada das Finanças Públicas”, prometendo que o Governo iria prossegui-la “através da trajetória de redução do défice orçamental e da dívida pública”, que conseguiu atingir em 2023, ainda antes de apresentar a sua demissão..Pedro Passos Coelho.Foi a 25 de dezembro de 2011 que o antigo primeiro-ministro do PSD proferiu a sua primeira Mensagem de Natal nessa qualidade. Sucedera a José Sócrates e, naquela mensagem, elegeu como palavra de ordem a mudança. Foi também a última mensagem de Natal em que Passos Coelho apareceu sem óculos..“2012 será um ano de grandes mudanças e transformações”, assegurara, mas com uma ressalva: O país tem “muitos compromissos para honrar”, para além de ainda ter “objetivo orçamentais” e “reformas” para fazer..Pedro Passos Coelho estava a governar o país depois de ter sido pedido o resgate financeiro. Por isso, enfrentava agora a intervenção da equipa internacional que iria gerir o processo, composta pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - a troika..Ainda assim, a mensagem do então primeiro-ministro refletiu a intenção do Governo de “criar condições para que todos os portugueses, nas suas escolhas, com o seu trabalho, com as suas capacidades, construam o seu próprio futuro e, em conjunto, o futuro de todos”..Passos Coelho assumiu também o desígnio de “colocar as pessoas comuns com as suas atividades, com os seus projetos, com os seus sonhos, no centro da transformação do país”, sempre para concretizar a “democratização” da economia..José Sócrates.Em 2005, José Sócrates, com uma maioria absoluta, partilhou com o país uma Mensagem de Natal marcada pela ideia de mudança..Sucedera a Pedro Santana Lopes, que caíra depois de uma dissolução do Parlamento decidida por Jorge Sampaio..Assim, Sócrates classificou 2005 como “um ano em que o país começou finalmente a enfrentar e a resolver os seus problemas”, ainda que também reconhecesse que foi um ano “difícil para muitas famílias”..Não falou em sacrifícios, mas, sublinhando que o Governo está a seguir “o caminho certo”, afirmou que a mudança não pode ser concretizada com “um passe de mágica” - uma referência que tinha sido feita também pelo seu antecessor..Sócrates garantiu que o Governo estava a seguir o caminho definido “com a coragem e com a determinação que são necessárias para levar o país para a frente”, para que a “economia portuguesa possa melhorar e criar mais empregos. Para que os jovens tenham mais oportunidades”..Pedro Santana Lopes.Duas semanas antes desta mensagem, o antigo primeiro-ministro já sabia que seria a sua última naquela legislatura, porque, a 10 de dezembro de 2004, o Presidente da República de então, Jorge Sampaio, dissolvera a Assembleia da República e convocara novas Eleições Legislativas. Pedro Santana Lopes tinha chegado ao Governo não por via de um processo eleitoral, mas na sequência da ida do seu antecessor, José Manuel Durão Barroso, para a presidência da Comissão Europeia..Santana Lopes vincou a ideia de “esperança renovada” na sua mensagem, que seria também de despedida, e aludiu a algo que não conseguiu concretizar, mas que gostaria de ter feito, com um “golpe de mágica”: “Criar todos os empregos que faltam, resolver todos os problemas daqueles a quem não chega o dinheiro para viver por mês, resolver, ao fim e ao cabo, todos os problemas de injustiça que minam o dia a dia dos portugueses com mais dificuldades.”.José Manuel Durão Barroso.O antigo primeiro-ministro sucedera a António Guterres e, em 2002, como os seus sucessores, procurou transmitir esperança e tranquilidade, destacando que o Governo tinha desenvolvido um trabalho “honesto e sério” e que, em virtude disso, a economia nacional tinha começado a dar sinais de que as “dificuldades” iriam “ser vencidas”..Apesar da esperança das palavras de Durão Barroso, o chefe do Governo da altura avisara que o ano de 2003 deveria ser encarado com “otimismo moderado”, até porque, segundo disse, as perspetivas do Governo poderiam não se concretizar, devido à “insegurança externa”, numa alusão direta à iminente guerra no Iraque.