Uma rentrée com Eastwood, Tim Burton e companhia
Depois de um verão onde a desilusão foi a palavra de ordem, surgem agora títulos fortes nas salas de cinema. Meryl Streep e Stephen Frears abrem já esta semana a temporada com o divertidíssimo Florence, Uma Diva fora do Tom, a história de Florence Foster Jenkins, provavelmente a pior cantora lírica de sempre. Um exemplo onde a qualidade da proposta cinematográfica casa com um enorme apelo popular. O mesmo deverá acontecer com O Milagre do Rio Hudson, de Clint Eastwood, com Tom Hanks. Trata-se de um dos filmes mais aguardados do ano, mais uma história baseada em acontecimentos verídicos, desta feita sobre o piloto Sully, o homem que conseguiu fazer a famosa aterragem de emergência do Airbus A320 no rio Hudson, em 2009, salvando 155 vidas. Os menos céticos acreditam que poderá ser um dos primeiros favoritos à corrida dos prémios. Estreia-se já no próximo dia 8.
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Acontecimento forte desta rentrée é o regresso de Tim Burton com A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares (29 setembro), uma nova fantasia que é inspirada no romance bestseller de Ransom Riggs e que nos leva para um mundo paralelo onde um jovem adolescente vai parar à casa da senhora Peregrine, uma espécie de tutora de crianças com queda para o sobrenatural. O DN já viu uma série de sequências do filme apresentadas em Londres pelo próprio Burton e há razões para ficarmos otimistas: o tom negro de Burton parece ter voltado e Eva Green tem o cariz perfeito para uma personagem tipicamente burtoniana. É uma das grandes apostas da Fox.
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Para Os Sete Magníficos, de Antoine Fuqua, é preciso algum pé atrás, quanto mais não seja porque um dos últimos remakes estreado nos EUA, Ben-Hur, foi o flop que se sabe. Veremos se Fuqua é mais fiel aos Sete Magníficos, de John Sturges, de 1960, ou se se inspira mais no material de origem, Os Sete Samurais (1954) , de Kurosawa...O que se sabe é que é um western com "panache" contemporânea e um elenco que capitaliza a popularidade de atores como Denzel Washington e Chris Pratt. Para já, tem a rampa de prestígio de festivais como Veneza e Toronto e em Portugal só chega no próximo dia 22.
De Hands of Stone, de Jonathan Jabukowicz, já mostrado em Cannes, não convém esperar muito. O filme é apenas um veículo para uma transformação vistosa de Robert De Niro como Ray Arcel, o famoso treinador de boxe que ajudou Roberto Duran a ser campeão do mundo. Mais um produto formatado com a chancela dos manos Weinstein e que apenas vale por cumprir os mínimos a nível de entretenimento e de revelar (mais uma vez...) a espantosa atriz cubana Ana de Armas. A estreia em Portugal está prevista para dia 6 outubro.
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Da América chega também um dos outros grandes acontecimentos da rentrée, Snowden, de Oliver Stone, destinado a causar alguma controvérsia. Depois do documentário de Laura Poitras, Citizenfour (2014), a vida de Edward Snowden é analisada pela câmara de Oliver Stone. Se é teoria de conspiração ou não, só mesmo a 22 de setembro tiraremos as dúvidas. Assim de repetente, apetece jurar que não há nenhum realizador americano mais perfeito para este "biopic". Incógnita grande é o que pode valer O Bebé de Bridget Jones, de Sharon Maguire, a terceira aventura em cinema da heroína dos livros de Helen Fielding. Desconfia-se do argumentista, Dan Mazer (o homem por trás dos filmes de Sacha Baron Cohen), mas a seu favor há também o nome da co-argumentista, Emma Thompson. No elenco, Patrick Dempsey substitui Hugh Grant e, de resto, tudo igual: Bridget Jones em mais um triângulo amoroso, ainda que agora com uma gravidez surpreendente. Dia 15 nas salas. Uma semana antes, estreia-se Um Editor de Génios, também com Colin Firth no elenco. Outra história verdadeira sobre a relação do editor Max Perkins (Firth) com o escritor Thomas Wolfe (Jude Law). Michael Grandage, encenador de sucesso na Broadway, dirige um drama biográfico demasiado bem comportado. Nicole Kidman também marca presença.
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No começo de outubro aquele que poderá ser um dos campeões de bilheteira, o muito esperado A Rapariga no Comboio, de Tate Taylor, adaptação do bestseller de Paula Hawkins, um dos livros mais lidos nos últimos anos. Thriller de alta voltagem, mostra-nos o que acontece a uma mulher que testemunha um crime enquanto está a viajar num comboio. Espera-se uma mistura de David Fincher com Hitchcock numa obra que pode levar aos Óscares a sua protagonista, a inglesa Emily Blunt.
Outro dos pesos-pesados desta temporada é Inferno (chega a 13 de outubro), de Ron Howard, que pela terceira vez adapta Dan Brown e as suas histórias com Robert Landgom, um investigador histórico que desta vez é perseguido pela polícia em Florença num caso em que as pistas apontam para uma teoria infernal envolvendo a obra de Dante. Tom Hanks muda de penteado e há ainda a muito em voga Felicity Jones, também protagonista de Sete Minutos depois da Meia-Noite (3 novembro), do espanhol J.A. Bayona, um filme de fantasia de apelo juvenil onde interpreta uma mãe doente e de A Alta Velocidade (29 setembro), de Eran Creevy, cinema de ação a seguir o filão de Velocidade Furiosa.
Chamada ainda de atenção para o recomendável São Jorge, de Marco Martins, com estreia confirmada para 10 novembro.
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