Nem só de produções americanas se faz a lista de títulos "atrasados" no mercado português: agora lançado nas salas, De Cabeça Erguida (título original: La Tête Haute) foi o filme de abertura do Festival de Cannes de 2015.
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Estamos perante uma curiosa e, de algum modo, inesperada variação sobre um modelo muito francês de "cinema social" (escusado será sublinhar que o rótulo peca por simplismo). Em cena estão as atribulações de um jovem delinquente, interpretado pelo excelente Rod Paradot; o seu caso é acompanhado por uma juíza (Catherine Deneuve) e um educador especializado (Benoît Magimel) que, apesar de tudo, acreditam na possibilidade da sua reintegração social.
Sem ceder a facilidades "simbólicas", a realização de Emmanuelle Bercot (também co-autora do argumento) consegue definir com clareza e subtileza um sistema de relações em que o espaço privado e a responsabilidade pública se enredam de modo singular - Paradot e Magimel foram distinguidos nos Césares, respetivamente como melhor revelação e melhor ator secundário.
Classificação: ***