Primavera Sound bate recordes de público
odem desligar o Sol?" Perguntou a dada altura do concerto o vocalista e baterista dos Whitney, Julien Ehrlich"s. A banda subiu ao palco Super Bock por volta das 19.00 e, apesar de a bela luz do fim da tarde ser perfeita para a mistura de rock, folk e soul do disco de antestreia dos americanos, o facto de terem apanhado um voo algures na Alemanha, às cinco da manhã, sem dormir, não estava a ajudar muito.
A falta de sono não diminuiu, porém, a capacidade dos Whitney, que até tinham no público um quase incógnito Hamilton Laithauser, cujo concerto só haveria de começar muito mais tarde. Outra visita ilustre, mas neste caso no palco, foi a de Ambrose Kenny Smith, músico dos King Gizzard and the Lizard Wizard, que fez uma perninha numa improvisação, a tocar harmónica. A atuação do grupo australiano de rock psicadélico também estava marcada para mais tarde, mas, a avaliar pela quantidade de gente, no palco e público, parece que todo o festival se concentrou ali, durante os 50 minutos deste concerto.
"Tanta gente", admirou-se Julien, antes de quase provocar um incidente diplomático, ao manifestar de forma efusiva o seu amor a Lisboa. "Gosto muito do Porto, mas Lisboa é especial", disse, provocando um misto de assobios, aplausos e risos, depressa novamente abafados pela música e pelas palmas, desta vez gerais, ao anunciar que a próxima música, Follow, era dedicada ao avô, falecido há poucos anos. Antes, já haviam passado pelo palco Super Bock os portugueses First Breath After Coma, mas seria apenas com o rock psicadélico dos australianos Pond que a primeira grande enchente aconteceu, neste caso no palco NOS, situado mesmo ao lado. Sim, eram apenas seis da tarde, mas no anfiteatro relvado do Parque da Cidade parecia muito mais tarde. Eram quase tantas as pessoas como no final da noite anterior, para assistir à atuação da dupla francesa Justice ou do duo americano de hip hop Run the Jewels, responsáveis por um dos mais intensos espetáculos na quinta-feira.
Apesar de ainda não haver números oficiais, Marina Reino, gestora de projeto da NOS, a principal patrocinadora do festival, revelou ao DN que o dia de ontem "bateu todos os recordes de público" e até a quinta-feira "foi a mais concorrida de sempre" da história do Primavera Sound portuense, obrigando a toda uma intensa logística para garantir o conforto dos espectadores. "Estávamos preparados para isto, claro, mas requer uma planificação antecipada", explica esta responsável.
Uma logística que se comprovava nos já típicos kits do Primavera Sound, composto por uma mochila e por uma toalha de piquenique, que ontem voavam das mãos de quem os oferecia mal apareciam no recinto. Ou nos power banks (carregadores portáteis de telemóvel), que eram disponibilizados à entrada do recinto, mediante uma caução simbólica de dez euros. "São muitas as pessoas que optam por ficar com o equipamento", salienta Marina Reino, para quem a presença da marca para a qual trabalha "tem de acrescentar algo em termos de conforto e bem-estar" e "não apenas estar presente"
Nos diversos palcos do festival iam-se entretanto sucedendo os concertos, neste dia já com todos os quatro palcos em pleno funcionamento: do rock desenfreado dos americanos Royal Trux ao electro-rap-punk dos britânicos Sleaford Mods, passando pelo rock experimental dos também americanos Swans ou pelo pop rock de guitarras perfeita dos escoceses Teenage Fanclub.
Estes últimos atraíram até ao palco Super Bock mais uma pequena multidão, para vibrar com os clássicos de discos como A Catholic Educacion, The King ou Bandwagonesque, que ajudariam a definir muita da música alternativa feita a partir daí e até levaram o lendário líder dos Nirvana, Kurt Kobain, a considerar os Teenage Fanclub "a melhor banda do mundo". Já no palco Pitchfork, era a nova alternativa leitura da cartilha country, por parte da americana Nukki Lanne, que atraía as atenções.
A esta hora ainda era muito o que estava para vir, em especial Hamilton Laithauser ou os King Gizzard and Lizzard Wizard, mas também a americana Julien Valer ou o grime do britânico Skepta, numa noite que, como é hábito no NOS Primavera Sound, obriga às mais variadas ginásticas mentais e físicas para ver um pouco de tudo. Entretanto chegou a hora em que todos os caminhos pareciam conduzir a um só local, onde finalmente se preparava para atuar Bon Iver, o projeto cada vez mais pessoal do americano Justin Vernon. E a ter em conta a repentina migração para a frente do palco principal, terá sido mesmo ele o grande responsável pela noite histórica de ontem.
Programa de hoje, 10 de junho
Palco Super Bock
17.00 - Núria graham
18.30 - Elza Soares
21.00 - Sampha
23.20 - Japandroids
Palco NOS
17.45 - Evols
19.50 - Growlers
22.10 - Metronomy
00.30 - Aphex Twin
Palco.
17.45 - Songhoy Blues
19.00 - Wand
20.30 - Shellac
22.00 - Death Grips
23.30 - Make-up
1.00 - Black Angels
Palco Pitchfork
21.00 - Mitski
22.30 - Weyes Blood
02.45 - Tycho
00.00 - Operators
1.20 - Against Me!
4.00 - Bicep live
5.00 - Marc Piñol