O regresso ao formato dos 70 mm por Tarantino
Quando, há cerca de dois anos, Quentin Tarantino anunciou que o seu novo filme, o "western" intitulado The Hateful Eight, ia ser rodado em película de 70 mm, a comunidade cinematográfica mostrou-se dividida. Mesmo os mais entusiasmados com o regresso a esse formato tão ligado à mitologia do grande espetáculo, não puderam deixar de se questionar sobre as respetivas possibilidades de difusão: afinal, com a passagem das salas à projeção digital, onde seria possível ver o filme? Na prática, em todo o mundo, só foi possível recuperar ou voltar a equipar com projetores de 70 mm cerca de uma centena de salas, em 44 países. Na maior parte dos mercados, incluindo Portugal, The Hateful Eight será difundido apenas nas normais cópias digitais; mesmo num mercado tão importante como o britânico, o filme foi lançado numa única sala com 70 mm (Odeon Leicester Square, em Londres).
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Seja como for, a opção técnica de Tarantino e do seu talentoso "cinematographer", Robert Richardson (nomeado para o Óscar de melhor fotografia), conseguiu desencadear efeitos práticos e simbólicos que estão longe de ser banais. Desde logo, porque a recuperação do formato - Tarantino e Richardson contaram com a colaboração dos laboratórios Panavision que puseram à sua disposição as lentes originais do 70 mm - parece estar a gerar um inusitado revivalismo: Batman v. Super-Homem: o Despertar da Justiça, a estrear em Março, vai também ser lançado com um número significativo de cópias em 70 mm; isto sem esquecermos que o formato já tinha sido utilizado por Christopher Nolan na rodagem de algumas sequências de O Cavaleiro das Trevas Renasce (2012) e Interstellar (2014).