O planeta da música promete voltar para o ano
A última noite do Festival Músicas do Mundo, em Sines, começa bem e promete acabar ainda melhor. Jantar à carta de Bachar Mal-Khalifé, cantor, compositor e multi-instrumentista franco-libanês que pelas 20h, mostra a fusão perfeita entre jazz, world music, electrónica e hip-hop. A romaria sobe para o Castelo onde Billy Bragg, um dos maiores nomes da música da intervenção britânica desde os anos 70, já atira piadas sobre o tempo frio que trouxe de Inglaterra e os desaires do Europeu de futebol. À guitarra, faz jus à sua influência "anti-folk" dos anos 80 e durante uma hora e quase meia de palco, testa a sátira política e social junto dos muitos que vão enchendo o recinto. Dirá mais tarde ao DN, já depois dos vários fãs terminarem a sessão de selfies com o autor, que a empatia e a ligação com o auditório é a chave das atuações.
"A língua pode ser uma barreira quando vamos ao estrangeiro, nunca se sabe se as ideias vão conseguir passar, até pedir um café pode ser um problema. Mas se as pessoas se riem das piadas e as percebem, já é mais fácil elaborar o discurso mais à frente, as pessoas não têm de saber quem eu sou", explica.
Enquanto Billy se instala no bar do backstage, os Speed Caravan entram mesmo a abrir, tocam as primeiras músicas ininterruptamente, a fervilhar o recinto. O projeto do rocker argelino Mehdi Haddab impressiona Jibóia que acaba de chegar a Sines para encerrar o festival na Avenida da praia, às 05.45. "É a minha primeira vez aqui também como espectador. Infelizmente, não vou poder desfrutar tanto da noite como gostaria, porque tenho de estar em forma ao nascer do dia! Vai ser um set maior daquilo que costumo fazer, e sinto que este conceito de world music tem tudo a ver com a mistura de sonoridades que vou partilhar aqui esta noite", conta Óscar Silva que convida Ricardo Martins para lançar Masala na multidão ao raiar do dia.
Por agora, a multidão parece enlouquecida com os ritmos senegaleses, do sabar e mbalx que se juntam ao rock, numa mistura explosiva. Despedem-se em grande e a adrenalina mantém o rastilho vibrante até aos últimos segundos de atuação. E se há tarefa cumprida, bem podem regozijar-se com a vitória. "Este é o melhor emprego do mundo", diz Mehdi Haddab, o mestre do alaúde eléctrico que juntou a seu lado mais cinco músicos em palco, num crescendo de energia, que ainda o faz limpar o suor enquanto num sorriso vibrante e olhar sincero, troca umas palavras com o DN. Mas de onde vem tanta energia? "Aquele palco é o meu quadrado de felicidade, só posso partilhar a muita energia que toco com este público maravilhoso. É um grande prazer estar de novo aqui!", revela o músico, dando lugar aos ganeses Pat Thomas&Kwashibu Area Band que preparam as despedidas no último concerto da noite com direito a fogo de artifício. Para o ano há mais.