"Nunca guilhotinámos livros na Tinta da China"
Quando o visitante da Feira do Livro de Lisboa se aproxima dos pavilhões da editora Tinta da China uma das coisas que reconhece é o estilo das capas das várias coleções, identificando aquelas de que é cliente habitual. Também repara nos cartazes que anunciam preços baixos em muitos livros. A editora Bárbara Bulhosa confirma que o leque de escolha nos pavilhões da Tinta da China é amplo e que os descontos vão até aos 50% "nos que estão descatalogados". Nos restantes livros, explica, "fazemos os descontos segundo a lei do preço fixo". Entre as diferenças em relação à maioria das editoras está o antigo hábito das antigas edições da Feira, o de imprimir catálogos: "Temos catálogos que os clientes levam para casa para decidir os títulos que desejam comprar. Dias depois, vêm procurá-los e, como estão todos disponíveis, torna-se uma oportunidade única."
O plano de edição da editora não ignora este momento de venda de livros e é ajustado à Feira do Livro: "Como somos principalmente uma editora de long-sellers, esta é uma boa oportunidade para mostrar a totalidade do nosso fundo de catálogo." Não deixa de referir a dificuldade que os editores encontram atualmente para expor os seus livros: "Neste momento, as livrarias só colocam as novidades à vista. Portanto, é muito difícil termos os mais antigos expostos." Razão? Responde: "O facto de as livrarias estarem praticamente nas mãos de três grandes grupos: Bertrand, FNAC e Sonae. Que vendem o que querem, já que a maioria dos livreiros independentes faliram e são poucas as alternativas."
Por isso, a Feira do Livro é a grande oportunidade para mostrar todo o fundo de catálogo e para manter o contacto com os leitores. Bárbara Bulhosa não nega que é melhor do que guilhotinar livros: "Nunca guilhotinámos livros na Tinta da China e não o vamos fazer tão cedo."
Entre os livros há sempre os que se diferenciam nas vendas. É o caso de O Retorno, de Dulce Maria Cardoso ou Uma Pequena História do Mundo, de E.H. Gombrich: Entre o que se destaca está também a revista Granta." Continua a valer a pena estar na Feira é a pergunta final: "Claro, é uma iniciativa importantíssima para os leitores e uma festa fantástica para a cidade." Quanto às vendas, faz as contas: "Faturamos sempre muito bem na Feira."