No Terreiro do Paço a cantar os temas de Ágata e Marco Paulo

Esta noite, Bruno Nogueira e Manuela Azevedo juntam-se à Orquestra Metropolitana para o espetáculo "Deixem o Pimba em Paz".
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"Vamos atuar no Dia de Portugal, o que já é dizer muito sobre o estado do país. Teremos vários convidados, o que já é dizer muito sobre o estado de desespero dos mesmos. E estará, como sempre, a Manuela Azevedo ao meu lado. O que já é dizer muito sobre o estado da música em geral. Desde 2013 que andamos a percorrer o país com este espetáculo, mas nunca antes tivemos um enquadramento tão bonito para o fazer." As palavras são de Bruno Nogueira, ator, humorista e também cantor, que assim apresenta o espetáculo Deixem o Pimba em Paz, que vai estar nesta noite no Terreiro do Paço, em Lisboa.

O projeto nasceu há três anos da cabeça de Bruno Nogueira, que foi sempre um daqueles fãs envergonhados de música pimba. Aquela música que se ouve nos bailes e que toda a gente conhece, mas que geralmente tendemos a classificar como má, sem sequer lhe dar muita atenção. Bruno Nogueira quis dar-lhe essa atenção e desafiou outros músicos para o fazer. Como Manuela Azevedo, conhecida sobretudo como cantora dos Clã: "A ideia era fazermos aqueles concertos no Teatro São Luiz e pronto. Quem diria que isto iria ser um sucesso tão grande?", surpreende-se.

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Quem diria que um espetáculo com temas como 24 Rosas, de José Malhoa, ou Azar na Praia, de Nel Monteiro, ou Vem Devagar Emigrante, de Graciliano Braga, reinterpretados como se fossem temas de jazz ou de rap, iria ter tanto sucesso? Quem diria que iriam percorrer o país de norte a sul, sempre com casa cheia, que iriam aos coliseus e gravar um CD e que, depois, teriam oportunidade de reformular o espetáculo com a colaboração da Orquestra Metropolitana? "Foi uma aventura deliciosa", comenta Manuela Azevedo. "A cereja no topo do bolo. E quando eu digo isto é mesmo um elogio porque gosto muito de cerejas, é o meu fruto preferido."

Se a proposta inicial era pegar nos temas de Ágata e Marco Paulo, de Emanuel, Quim Barreiros e outros, e dar-lhe uma nova roupagem, um tratamento musical especial (de forma a que algumas delas quase ficaram irreconhecíveis), com os novos arranjos para orquestra de Mário Laginha e Filipe Melo foi como se o projeto se renovasse totalmente: "As músicas encontraram ainda uma outra vida, diferente da que já tinham", explica Manuela Azevedo. O que só prova, como pensava inicialmente Bruno Nogueira, que estas músicas não eram assim tão más, só precisavam do tratamento adequado. "É uma sensação extraordinária estar no palco com aquela orquestra. É um espetáculo de luxo", garante a cantora.

E é esse espetáculo que, nesta noite, está nas Festas de Lisboa. Com um convidado antigo, o músico Marante (cantor do Grupo Diapasão e de temas como Som de Cristal) e com novos convidados, como o músico Jorge Palma e a cantora Sara Tavares. Para cantar o quê? Isso será surpresa. "É melhor não revelar tudo", diz Manuela. Uma coisa, no entanto, é certa: será diferente de todos os outros espetáculos até aqui. "Há músicas que se mantêm no alinhamento desde o início, mas há outras que entraram depois e também há algumas que saíram. Vamos vendo o que faz sentido em cada espetáculo."

O segredo do sucesso deste pimba? Manuela Azevedo diz que é o facto de ser um espetáculo "com muitos ingredientes diferentes": "Há os fãs do Bruno Nogueira, que vêm mesmo só por ele. Há os que gostam das músicas do repertório. Há os curiosos, que querem perceber o que é isto. Mas a verdade é que, independentemente do que traz as pessoas, o importante é que elas ficam rendidas perante a força das canções."
Ou como diz Bruno Nogueira. "Posso garantir muito poucas coisas, mas uma delas é que nos vai saber bem cada minuto que estivermos em palco com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Se isso vos acontecer também, temos tudo o que precisamos para uma noite feliz."

O concerto começa logo a seguir ao jogo de abertura do Campeonato Europeu de Futebol, que será transmitido em ecrã gigante no Terreiro do Paço.

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