Justiça norte-americana quer confiscar lucros d' O Lobo de Wall Street
O Departamento de Justiça norte-americano anunciou esta quarta-feira a intenção de apreender mil milhões de dólares (mais de 900 milhões de euros) alegadamente roubados ao governo da Malásia. Os direitos e lucros do filme de Martin Scorsese protagonizado por Leonardo DiCaprio, O Lobo de Wall Street (2013), fazem parte desta lista de bens a serem confiscados.
Entre 2009 e 2015, mais de 3,5 mil milhões de dólares (pouco mais de 3,1 mil milhões de euros) terão sido desviados dos cofres malaios. Destes, 64 milhões (58 milhões de euros) terão sido direcionados para a produtora Red Granite Pictures, que, por sua vez, os terá investido na produção da fita nomeada para cinco Óscares da Academia.
Riza Aziz, chefe executivo da produtora em causa, é enteado do primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak. Os fundos que se julgam envolvidos num esquema de corrupção terão sido desviados por altos funcionários desse governo, que os colocava ao dispor do programa 1Malaysia Development Berhad (1MDB), um projeto de parcerias internacionais e investimento estrangeiro cujo principal objetivo era o melhoramento do bem-estar do povo malaio.
Entre 2009 e 2015, o dinheiro terá, no entanto, sido canalizado para empresas-fachada que o terão gasto em obras de Van Gogh e Monet, um jato Bombardier, propriedades imobiliárias em Beverly Hills, Califórnia, e Nova Iorque, bem como em negócios no ramo do entretenimento como algumas das produções da Red Granite Pictures (incluindo o filme de Scorsese). A gigante da área da música, a EMI Music Publishing Group, poderá também estar envolvida no caso, avança o The Business Insider.
Loretta Lynch, procuradora-geral dos Estados Unidos da América, explicou, esta semana, que qualquer lucro proveniente d' O Lobo de Wall Street recebido pela produtora Red Granite Pictures será, por isso, apreendido. Segundo a responsável, a recolha dos fundos anteriores a esta ação será bastante, porém, difícil.
3,9 dos 64 milhões de dólares investidos na fita (cerca de 3,4 milhões de euros) terão sido entregues à Sikelia Productions, a empresa de Scorsese, e outros 48 milhões (43 milhões de euros) ao elenco do filme.
Leonardo DiCaprio não estará, diretamente, envolvido neste caso, embora a acusação tenha incluído no processo o agradecimento que o ator dedicou a Aziz, Joey McFarland, vice-presidente da produtora em causa, e Jho Low, colaborador de Aziz, no seu discurso na gala dos Globos de Ouro em 2015.
Low é suspeito de ter lavado centenas de milhões de dólares ao investir parte do fundo 1MDB no Emi Music Publishing Group.
De acordo com a procuradora-geral norte-americana este é um "passo significante para a luta internacional contra a corrupção." Segundo a responsável, esta é a maior ação alguma vez encetada pela Kleptocracy Asset Recobery Initiative, um projeto lançado em 2010 pelo governo norte-americano dedicado ao reforço do combate contra o roubo e a ação corrupta. Até ao momento, nenhum dos envolvidos foi oficialmente acusado de frade.
O primeiro-ministro malaio tem negado envolvimento no caso. Riza Aziz continua a defender a sua inocência, alegando que o financiamento foi recebido de forma legal, acrescenta o The Hollywood Reporter.
O Lobo de Wall Street baseia-se na história real de Jordan Belfort, um corretor de ações nova-iorquino que enriqueceu através de esquemas de corrupção e fraude.