Nerds chorosos nos 40 anos de Star Wars
Os quatro dias da celebração ficarão sobretudo marcados por uma ausência, a de Carrie Fisher. Mas a Princesa Leia teve muitas homenagens.
Cerca de 50 mil fãs loucos do universo Star Wars tiveram uma Páscoa feliz nos quatro dias que durou a Celebration dos 40 anos Star Wars. A apresentação das novas imagens de Star Wars: Episódio VII- Os Últimos Jedi levou tudo e todos ao rubro, o tributo de Mark Hamill a Carrie Fisher foi terapia lacrimejante abençoada e a vinda do "pai" George Lucas foi o presente mais apreciado.
Todos os anos estas convenções deixam a comunidade Star Wars numa galáxia distante. Uma comunidade que sente a Força em comunhão e que comemora estas reuniões como algo sagrado. Este ano o sentimento foi mais forte: a memória à recém falecida Carrie Fisher (Princesa Leia) e o número redondo: 40 anos - oportunidade para perceber que os fãs cinquentões e sessentões se esqueceram de deixar de ser crianças. Nos corredores do Centro de Convenções Orange County em Orlando era raro alguém não estar mascarado de Stormtrooper, Jedi ou Rebelde, seja de que idade fosse.
Outro dos factos marcantes desta convenção foi o anúncio de que a série de animação Star Wars: Rebels terá no outono a sua derradeira temporada, a quarta. Dave Filoni, o criador deste fenómeno televisivo, anunciou com pesar que as aventuras dos Rebeldes vão ficar por aqui. Na sala, os milhares de fãs ficaram incrédulos e gritaram bem alto que não poderia ser. Filoni, muito bem humorado, confessou estar triste mas também orgulhoso com esta sua criação.
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Os fãs que estiveram no Galaxy Stage puderam ver em primeira mão um dos episódios da nova temporada, ficando patente a aposta num imaginário de Velha Escola, onde a fonte de inspiração são os primeiros filmes da saga. Fã que é verdadeiramente "geek" aprovou as batalhas espaciais e a dialética do lado negro da Força com o lado bom.
No painel que Dave Filoni e o elenco vocal da série (Freddie Prinze Jr, ex-ídolo de matiné dos anos 1990 é o nome mais conhecido) marcaram presença, percebeu-se que a série, apesar de ser pensada para os mais novos, atrai sobretudo o "nerd" mais autêntico da família Star Wars. Aquele que guincha quando Filoni afirma que nesta nova temporada vai aparecer um "cameo" de uma personagem que só tinha surgido por instantes na primeira série. Rebels tem esse efeito. Aliás, em grande parte da intervenção de Filoni o propósito é agradar quase por código esses fãs, na maioria vestidos com réplicas perfeitas dos fatos dos seus heróis. Ali ninguém teve medo de parecer ridículo.
Ironicamente, Filoni parecia ter medo de contar novidades. O jogo da contrainformação é essencial neste universo. Ninguém quer contar demais, há uma espécie de alerta sistemático de "spoilers". Ao mesmo tempo, vai contando novidades. No outono é certo que um dos protagonistas, o jovem Jedi Esrza, vai estar "mais adulto, pronto a descobrir que tipo de Jedi e de pessoa quer ser". Os fãs exultam quando sabem desta novidade. Todo o ambiente do painel é de pura euforia. Aqueles fãs também acamparam na noite anterior para ter acesso àquele momento, mesmo tendo pago cerca de 130 euros para poder entrar na Celebração. A irracionalidade de toda esta adoração é coisa que nenhum fã sabe bem explicar, nem tão pouco como é possível pagar quase 700 euros por um fato dos Stormtroopers, diga-se de passagem, bem autênticos...
No fim, já num encontro para a imprensa, Filoni faz a apologia dos seus seguidores: "Amo que os fãs estejam tão atentos e façam todas aquelas perguntas tão pormenorizadas. Gosto disso porque sou também como eles, fã. Isto é uma coisa de fã para fã". O segredo do culto de Rebels? "Dou qualquer coisa aos animadores a nível de história e eles transformam em algo de muito belo visualmente, nem que sejam elementos trágicos".
Os quatro dias desta celebração ficarão sobretudo marcados por uma ausência, a de Carrie Fisher. A Princesa Leia teve muitas homenagens mas o tributo do seu amigo e colega Mark Hamill foi o acontecimento. Hamill confessou a chorar que estar ali no palco a lembrar Fisher era como se fosse uma terapia. Os fãs também choraram.