Lisboa entrega a chave da Eurovisão a Israel em final renhida

Salvador Sobral entregou o troféu à israelita Netta que conquistou, com os votos do público, a vitória na final. Portugal ficou em último lugar, com 39 pontos.
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Salvador Sobral não gostava da canção, mas foi a Netta e à canção Toy que ontem à noite entregou o troféu de cristal no palco da Altice Arena, em Lisboa. A 64.ª edição da Eurovisão celebra-se em Israel, no seu 70.º aniversário. A última vez que o país tinha ganho tinha sido há 20 anos com Dana International. "Obrigada por aceitarem a diferença", disse uma emocionada Netta. "Ainda bem que as pessoas escolheram a diferença, sem isso não podemos avançar."

A vitória foi muito disputada, com uma grande dispersão de 12 pontos do júri de cada país. Mas no final, depois de Áustria e Suécia terem ficado para trás, percebeu-se que tudo seria discutido entre o hino Toy e Fuego, a canção pop de Eleni Foureira, representante de Chipre. Portugal ficou em último lugar com 39 pontos com a canção de Isaura interpretada por Cláudia Pascoal, O Jardim. Há um ano, Salvador Sobral tinha batido os recordes de votação na Eurovisão conquistando 758 pontos.

Na hora de se conhecer a votação dos 43 países, ouviu-se mais do que uma vez "boa noite" em português. A representante da Suíça é de origem portuguesa e da Austrália vieram cumprimentos do representante para a família na Madeira.

O espetáculo começou com excertos das canções Sou do Fado, interpretada por Ana Moura, e Barco Negro, na voz de Mariza. E é com os Verdes Anos remisturados pelos Beatbombers que se faz o desfile das 26 bandeiras dos países que chegaram à final. Pelo palco também passaram Branko com Mayra Andrade e Sara Tavares. Um dos momentos altos da noite foi o regresso ao palco de Salvador Sobral que, com Caetano Veloso, interpretou Amar pelos Dois, acompanhados ao piano por Júlio Resende e na sala por um público a cantar em uníssono.

Coube à Ucrânia, que há um ano foi a anfitriã do concurso abrir as hostilidades com a atuação flamejante do cantor Mélovin. Portugal cantou em oitavo neste desfile de 26 canções, que ficou também marcado pelo momento em que um homem invadiu o palco durante a atuação da cantora inglesa SuRie e lhe retirou o microfone. Outro aparelho lhe foi entregue de imediato. O homem terá gritado "Para os nazis da imprensa britânica, exigimos liberdade". A cantora poderia repetir a atuação, mas recusou.

Apelo ao voto nas redes sociais

Cláudia Pascoal e Isaura passaram pela sala de imprensa durante a tarde, falando com os jornalistas e misturando-se com os fãs. A cantora, cujo cabelo cor-de-rosa se tornou imagem de marca, desvendou como foi a preparação para a atuação na grande final. "Vou fazer exatamente o que sempre fiz. Levar com grande foco o que faço, com grande leveza também para não me preocupar e estar sempre à beira da Isaura que aqui ajuda-me imenso. O que mais adoro nesta experiência toda é ter partilhado tudo com a Isaura. Nunca me sinto sozinha. E o palco hoje é nosso, não é meu."

Os artistas usaram as redes sociais para mobilizar os seus fãs. Foi o caso de Eleni Foureira. No Twitter disparou um post com a imagem de chamas, a palavra Chipre e o número 25 (o seu), dizendo "Let"s do this... Vamos". Netta, de Israel, lançou um simples "Tonight". O mesmo fez o duo francês Madame Monsieur, explicando tudo o que era preciso para votar na canção francesa, Mercy. "É hoje ou nunca", terminava.

Enquanto os artistas iam chegando à Altice Arena, a multidão esperava na fila para entrar na plateia e no Golden Circle - o anel junto ao palco principal. Ao todo, 11 300 pessoas puderam ver o espetáculo ao vivo.

Lá fora, durante a tarde, bandeiras, perucas e lantejoulas marcaram as filas para entrar no recinto. Gonçalo Nobre e João Pedro Silva conseguiram ser os primeiros da fila. Vieram de Santarém e chegaram às nove da manhã. Assim garantiram o melhor lugar para o desfile das 26 canções.

O espetáculo terminou ontem mas o trabalho continua. Nos próximos três dias será desmantelada a infraestrutura eurovisiva que esteve montada no Parque das Nações desde 4 de abril - abrindo caminho ao concerto da série 1986, de Nuno Markl, e aos atletas de triatlo que participam no Challenge Lisboa no sábado e domingo.

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