Já não se escrevem cartas
Uma vida à espera, de Sérgio Graciano
Um homem sentado num banco de uma praça lisboeta, com uma caixa de correio por companheira. Todos os dias espera a resposta do filho às suas persistentes cartas. Todos os dias vai mirrando com o sofrimento e a fome...
Uma Vida à Espera, como o título (talvez involuntariamente) expõe, é um filme que nos leva à pura exaustão, sem força dramática compensatória. Tanto que se perde cedo o interesse na história secreta deste homem. Na verdade, nem se percebe bem o que o filme pretende ser. Algumas cenas adequam-se ao registo de telenovela, outras aproximam-se, a custo, de uma ideia de teatro. Já procurar aqui o apelo do grande ecrã é um desígnio frustrante.
Importa todavia notar que, a existir essa essência teatral, ela emana particularmente de Miguel Borges, que se esforça por dar alguma espessura a esta anémica conceção de tragédia íntima.
Classificação: Medíocre (*)