Raquel fadista e cantora, coração vagabundo, de Alfama ao Rio

Raquel Tavares esteve oito anos sem editar. Reapareceu com o nome pelo qual a tratam os amigos. Cantou as canções deles, correu o mundo. No sábado está no Caixa Ribeira
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A Raquel fadista diz que não tem chance de deixar de o ser. Reconhecem-lhe o traço carioca? A Raquel que passou pelo Rio de Janeiro conta: "Hoje sou sensata ao ponto de dizer: "Não preciso de provar a ninguém que sou fadista, permitam-me a imodéstia." São 26 anos a cantar fado e a defender uma tradição." Reconhecem-na com a mesma fibra de Maria da Fé ou Beatriz da Conceição? A Raquel, que escutamos a cantar Coração Vagabundo, de Caetano Veloso, cresceu com elas, fadistas.

Vive em Alfama, onde os seus vizinhos lhe ralham se não come ou trabalha demais. Raquel é o novo disco, o primeiro em oito anos, de Raquel Tavares, que no sábado sobe ao palco principal do Caixa Ribeira, no Porto.

Raquel é o nome pelo qual os amigos a chamam. Gente como Carlão, que declama Eu sei que vou te amar, de Vinicius de Moraes, quando ela canta Coração Vagabundo neste álbum; gente como António Zambujo, que com Paulo Abreu Lima lhe ofereceu a canção Não Me Esperes de Volta; ou Tiago Bettencourt, que além de assinar Gostar de quem gosta de nós produziu este disco ao lado de João Pedro Ruela e Fred Ferreira.

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Beatriz da Conceição, que morreu em 2015, e a quem este álbum é dedicado, ainda soube que ela cantaria o seu Deste-me um beijo e vivi, fado cravo. "E contei-lhe: "Bia, não é um disco de fados." E ela foi a primeira a dizer-me: "Filha, faz o que te apetece. Tu podes fazê-lo." E a Maria da Fé diz-me sempre: "Tu podes fazê-lo, tu és das que podes." Porque elas sabem que eu nunca vou trair a tradição." Não vai, afirma ela, e não se vai "perder".

Raquel andou pela televisão - em programas como Dança com as Estrelas ou The Voice -, cantou no espetáculo Sombras, de Ricardo Pais, viajou muito, cantou mais, leu. No fim desses oito anos descobriu-se cantora, além de fadista, e percebeu "que não queria fazer um disco só de fados. Não é um disco conceptualmente fadista, de todo. É um disco de uma fadista a cantar coisas, cantigas portuguesas".

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