Portugal ficou em último lugar, mas não é caso inédito na história
Portugal não foi além dos 39 pontos na votação da final de sábado, ficando em último lugar, mas casos em que o anfitrião não se destaca existem e não é preciso fazer arqueologia da Eurovisão para os encontrar. Em 2015, em Viena, a canção austríaca - I Am Yours, de The Makemakers - ficou em último lugar com zero pontos, ex-aequo com a Alemanha (Black Smoke, de Ann Sophie). E há um ano, em Kiev, a Ucrânia ficou em penúltimo, mas com... 36 pontos.
Os resultados mostram que o televoto para O Jardim, a canção escrita por Isaura e interpretada por Cláudia Pascoal, cativou votos apenas em dois países, Suíça e França (10 e 8 pontos, respetivamente), segundoa Eurovisão.
Dos 42 países que podiam ter premiado Cláudia Pascoal e Isaura apenas cinco o fizeram: Lituânia (7 pontos), Irlanda (6), Suíça e Estónia (3) e a Holanda (2).
Anfitriões ou não, esta não foi a primeira vez que Portugal ficou em último. Aconteceu em 1997 com Célia Lawson, que obteve zero pontos, e com Paulo de Carvalho, em 1974, que recebeu 3 pontos por uma canção que se tornaria senha do 25 de Abril, E Depois do Adeus. E desde que foram introduzidas as semifinais, em 2004, ficámos de fora sempre, exceto em 2008, 2009, 2010 e 2017.
"Tínhamos uma das melhores canções a concurso, mas não há receitas. Há questões de contexto: tivémos uma das melhores edições, nunca houve tanta diversidade e tantos candidatos a uma vitória", explicou na RTP Nuno Galopim, surpervisor criativo da Eurovisão e comentador . "A nossa canção traduzia a modernidade da pop portuguesa".
No Instagram, Cláudia Pascoal agradeceu o apoio. "É tão bom saber que, apesar do resultado de ontem, vocês continuam a apoiar a bonita canção da Isaura. Como a minha vida mudou... (...) Posso só garantir-vos que dei o meu máximo", escreveu.
Isaura usou a mesma rede social. "Não tenho palavras para o carinho que me estão a enviar. Muito obrigada por toda a amizade. Estou mesmo feliz por ter tido a oportunidade de viver esta experiência, ter podido escutar uma canção tão importante para mim cantada pela bonita voz da Cláudia Pascoal e por me ter visto entre os abraços de uma equipa tão dedicada", escreveu. "
A contagem do televoto em Portugal atribuiu um ponto a Israel e cinco ao Chipre. Os restantes foram distribuídos por Espanha (12 pontos), Itália (10), Alemanha (8), Estónia (7), Moldávia (6), Chipre (5), Ucrânia (4), Irlanda (3), Dinamarca (2) e Israel (1).
Ou seja, se dependesse de Portugal, Netta teria sido ultrapassada por Eleni Foureira, que se arrisca a conseguir com Fuego o que Cliff Richard alcançou em 1968 com Congratulations: um êxito, apesar do 2.º lugar.. Via Twitter, cumprimentou a vencedora. "Obrigada Europa pelo vosso amor. Parabéns, minha amiga Netta".
A cantora israelita chegou a Lisboa como favorita das casas de apostas para suceder a Salvador Sobral, mas a grega que representou o Chipre começou a destacar-se após o primeiro ensaio no palco da Altice Arena. E passou para a frente após a primeira semifinal. No sábado, os palpites para os primeiros cinco lugares estavam alinhados assim: Chipre, Israel, Alemanha, Irlanda e Estónia. A realidade é esta: Israel, Chipre, Áustria, Alemanha e Itália.
A votação dos 43 países foi dispersa, mas a canção da Áustria sobressaiu: 34 países pontuaram Cesár Sampson e Nobody but You. Recebeu 12 pontos de nove países. Portugal deu 8 pontos e guardou a pontuação máxima para a Estónia. O júri nacional era composto por músicos que participaram no Festival da Canção: Armando Teixeira, Daniela Onis, Anabela, Benjamin e Peu Madureira.
Na edição deste ano da Eurovisão , um antigo vencedor tentou a sua sorte de novo: Alexander Rybak, da Noruega, vencedor em 2009 em Moscovo. Ficou no 15.º lugar com That"s How you Write a Song.
Waylon, da Holanda, também não conseguiu igualar o segundo lugar de 2014, em Copenhaga. Outlaw in"Em ficou em 18.º lugar, e deixou a Altice Arena com críticas à vencedora, captadas pelas televisões do seu país. "Israel é o justo vencedor se falarmos do que falamos sempre: circo e loucura. Mas o que acabo de dizer não fará nada pela mudança na Eurovisão. E isso é o que me parece triste. Alguma coisa devia mudar um dia, Da última vez foi uma mulher com uma barba, agora foi uma galinha."