Petição pública quer travar privatização do Maria Matos
Mark Deputter, diretor do Teatro Municipal Maria Matos de 2008 até ao final de outubro, é uma das mais de 300 pessoas que ontem ao final do dia já tinham assinado a petição pública lançada pelas 15.00 contra a entrega a privados da gestão do teatro. Esta iniciativa surge na sequência de um encontro "informal" em que várias pessoas participaram na quarta-feira ao final do dia no próprio teatro "para tentarem perceber o que está a acontecer", explicou ao DN Joana Grilo, uma das signatárias da petição.
É a resposta da sociedade civil ao plano de gestão dos teatros municipais anunciado pela vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, em entrevista ao jornal Público no passado dia 17, que passa pela concessão da gestão do Teatro Municipal Maria Matos a uma entidade privada com fins lucrativos. Ainda segundo a vereadora, a programação cultural infantil que tem sido desenvolvida pelo Maria Matos prosseguirá no Teatro Camões (em Belém), enquanto as criações de artistas emergentes deverão passar para o Teatro do Bairro Alto, que era utilizado pela Cornucópia.
Estas mudanças não são contestadas, garante Joana Grilo. "O que está em causa", diz, "é a cedência ao setor privado de um equipamento municipal público em pleno funcionamento e em reconhecido crescimento, que durante os últimos dez anos fez todo um trabalho de ligação à comunidade e estava agora a fazer uma importante ponte para Chelas e Marvila", defende. O texto da petição refere ainda "o investimento público continuado que abarcou obras de requalificação do espaço, a compra de equipamento técnico atualizado e de ponta, a formação de recursos humanos, a capacitação de agentes culturais e a formação de públicos diferenciados".
Uma vez que o novo plano de gestão dos teatros municipais ainda não foi discutido em reunião de câmara, Joana Grilo acredita que ainda é possível impedir que venha a ser posto em prática. E depois do lançamento desta petição, está já marcada nova reunião, no Maria Matos, para as 18.00 de dia 3 de janeiro.
Entre os vereadores da oposição, apenas Ricardo Robles, do Bloco de Esquerda, que num acordo pós-eleições autárquicas viabilizou a maioria ao socialista Fernando Medina na autarquia da capital, se manifestou contra, considerando este "um caminho errado". CDS-PP e PSD apostaram numa posição mais cautelosa, dizendo que precisam de conhecer o plano mais em pormenor para se pronunciarem.