No espólio de Sassetti há nove discos por editar
"A morte do Bernardo foi muito inesperada. As coisas estão exatamente como ele as deixou. Não há cópias e é muito perigoso mexer naquilo. Evitamos ao máximo ir lá, o que bloqueia aquilo que nós mais queremos: ter a música do Bernardo disponível para toda a gente." Inês Laginha fala em nome da Casa Bernardo Sassetti quando explica que o tratamento do espólio está à espera de financiamento para avançar. Só a partir daí a divulgação da obra pode ser feita de forma sistemática.
A instituição foi criada logo em 2012, ano da morte do músico, que terá caído de uma falésia enquanto fotografava no Guincho.
"Temos neste momento nove discos inéditos para editar: apresentações ao vivo, outros foram gravados com o intuito de virem a ser editados um dia, outros são de estúdio. Há um bocadinho de tudo, e com várias formações diferentes; há música muito bonita e maravilhosa, e faz todo o sentido estar cá fora." Além disso, adianta Inês, que progressivamente tem vindo a assumir a direção artística daquela entidade: "Não conseguimos fazer muitas atividades, porque o espólio está bloqueado."
Depois de verem a sua candidatura (estreante) ao Programa Sustentado de Apoio às Artes 2018-2021 da Direção-Geral das Artes (DGArtes) sem financiamento - sobretudo por falta de ligação à autarquia, explica a compositora e pianista -, a Casa está neste momento "em discussão" para garantir apoio: "Temos neste momento uma entidade interessada."
Inês, filha de Mário Laginha, amigo de Sassetti e colaborador próximo do músico, cresceu nessa amizade. "O Bernardo é-me muito próximo. Continuo a dar aulas às filhas dele. Consideramo-nos todos família e a casa tem muito essa sensação: estamos todos juntos com este objetivo."
Até aqui, e por falta de financiamento, a Casa Bernardo Sassetti tem estado "dependente de amigos e família. Uma coisa que teria sido importante no apoio da DGArtes é ter dinheiro para pagar a alguém para trabalhar. Todas as pessoas que estão a trabalhar neste momento dão o tempo que podem dar: reunimo-nos, arranjamo-nos, damos horas de almoço. Todas as pessoas têm feito isto por amor ao Bernardo".
Pedro Gonzalez, amigo de infância do músico e, adianta Laginha, um profundo conhecedor da sua obra, dirige a Casa Bernardo Sassetti, com Nuno Pratas e Pedro Sassetti Paes, um dos sete irmãos de Bernardo, que era o mais novo. Inês Laginha complementa-os com a ligação profunda à música.