Há três novas réplicas de obras-primas expostas nas ruas
Três novas reproduções de obras-primas da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), entre elas "Leda e o Cisne", de Vieira Portuense, foram colocadas nas ruas de Lisboa no âmbito da exposição "ComingOut", revelou hoje a organização.
Fonte do gabinete de comunicação do MNAA disse à agência Lusa que os três novos quadros - réplicas sofisticadas das obras verdadeiras - já se encontram penduradas no exterior de edifícios da Travessa dos Teatros e da Rua das Taipas.
A exposição "ComingOut. E se o museu saísse à rua?" foi inaugurada há cerca de dois meses e meio com 31 quadros e perdeu entretanto 14, quase todos por furto.
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O museu decidiu acrescentar três novas obras à exposição e pendurou o "Tríptico da descida da cruz", de Pieter Coecke van Aelst, na Travessa dos Teatros, e duas obras de Vieira Portuense -- "Leda e o Cisne" e "Narciso na fonte" - na Rua das Taipas.
Ainda segundo o museu, o mais recente quadro desaparecido - "David e Betsabé", de Boucher - foi encontrado caído no chão na Rua da Rosa por um cidadão que o entregou à polícia intacto.
O MNAA foi buscá-lo na última quinta-feira à esquadra da PSP do Bairro Alto, a réplica foi guardada, e não voltará a ser exposta, acrescentou a mesma fonte à Lusa.
Há uma semana, o jornal online Observador noticiou que quatro quadros foram retirados do Chiado por dois jovens não identificados e surgiram expostos no exterior de edifícios na zona da Margem Sul.
O museu disse hoje à Lusa que as três obras agora colocadas não constituem uma substituição, mas um alargamento do conjunto inicial que foi exposto.
As restantes reproduções - todas também em escala real, com molduras em madeira e tabelas, tal qual são expostas num museu - não foram vandalizadas e vão continuar nas ruas do Chiado, Bairro Alto e Príncipe Real até 01 de janeiro de 2016.
Relativamente aos furtos, o museu considera que, "sem deixarem de ser atos condenáveis, parecem demonstrar um irrefreável 'amor à arte' ou, melhor, 'amor à reprodução', por parte de alguns cidadãos".
O MNAA recorda que as reproduções expostas não têm qualquer valor patrimonial ou comercial.
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"Inferno", reprodução de uma pintura do século XVI, criada por um mestre português desconhecido, que se encontrava na rua da Rosa, no Bairro Alto, foi a primeira réplica a ser furtada, 48 horas após a inauguração da mostra.
Duas semanas depois desapareceram os quadros "Ruínas de Roma Antiga", de Giovanni Paolo Pannini, e "Feira da Ladra na Praça da Alegria", de Nicolas Delerive, que se encontravam ao cimo da rua das Taipas, junto ao miradouro de São Pedro de Alcântara.
Quando foi furtada a primeira obra, contactado pela agência Lusa, o diretor do MNAA, António Filipe Pimentel, disse não ter ficado surpreendido.
"Esta situação era previsível e também aconteceu em Londres, onde foi lançada uma iniciativa semelhante", apontou Filipe Pimentel, acrescentando que "não deixa de ser curioso e até cómico que tenha desaparecido o quadro do 'Inferno', nas primeiras 48 horas da inauguração da mostra".
O MNAA considera que o caráter interativo da exposição proporciona este tipo de situações, mas espera que as pessoas estimem as obras expostas.
"ComingOut. E se o Museu saísse à rua?" segue o projeto desenvolvido em Londres, nos bairros de Convent Garden, Soho e Chinatown, pela National Gallery, denominado "The Grand Tour".
Com este projeto, o museu - que detém um dos mais importantes espólios de arte portuguesa -- tem por objetivo divulgar o património artístico e histórico do seu acervo ao público nacional e estrangeiro.
"ComingOut" foi preparado ao longo de vários meses e implicou o levantamento, por técnicos do MNAA e da Câmara Municipal de Lisboa, dos imóveis das ruas, e um pedido de autorização aos proprietários para a afixação durante três meses.
De acordo com o MNAA, a exposição não teve custos para o museu, porque resultou de uma parceria, com a reprodução das obras da HP Portugal, apoio da Ocyan e edição de um catálogo patrocinado pela Vodafone.