Quase 10 anos depois de A Mulher sem Cabeça, Lucrecia Martel ressurge com esta hipnótica adaptação de uma obra fundamental da literatura argentina. Zama, do escritor Antonio Di Benedetto, é levado ao ecrã na materialidade (ou fantasmagoria?) de uma robusta viagem introspetiva, em cenário colonial do século XVIII.
No entanto, o que interessa à realizadora - nome maior do cinema latino, homenageada na última edição do Indie Lisboa - são os corpos e a maneira como refletem a própria interioridade das personagens, no caso, do protagonista Don Diego de Zama (Daniel Giménez Cacho).
Este é um oficial retido nas colónias americanas de Espanha, que aguarda o tão desejado regresso a casa. E a sua espera é o monumento que o filme ergue com extremo labor visual (muito devedor do génio do diretor de fotografia Rui Poças), dentro do coração das trevas.
Classificação **** (Muito bom)